ANTT indeferiu pedidos da FlixBus sem justificativa técnica e desrespeitou decisão judicial, alega empresa 194eh

Provedora de soluções tecnológicas para o transporte rodoviário em mais de 40 países acusa agência federal de arbitrariedade ao bloquear entrada em novas rotas

ALEXANDRE PELEGI

Em uma denúncia encaminhada ao Diário do Transporte a FlixBus alega que a Superintendência de Transporte Rodoviário de ageiros da ANTT cometeu abuso regulatório, falta de transparência e de isonomia. Segundo a empresa, a ANTT indeferiu seus pedidos de autorização para operar 13 novas linhas interestaduais, que contemplariam 76 pares de mercados desatendidos, sem apresentar fundamento técnico. A FlixBus afirma que essa decisão desobedeceu a uma decisão do Juízo da 1ª Vara Federal do Distrito Federal e ocorreu mesmo após a empresa ter cumprido todas as solicitações, prazos e requisitos determinados pela própria agência, em um processo que, segundo a FlixBus, se arrasta desde o início de 2024. A empresa informa que recorrerá da decisão.

Leia a seguir o texto encaminhado pela FlixBus:

São Paulo, 27 de maio de 2025 – A FlixBus, provedora de soluções tecnológicas para o transporte rodoviário de ageiros em mais de 40 países, denuncia o abuso regulatório, a falta de transparência e de isonomia da Superintendência de Transporte Rodoviário de ageiros da ANTT, que, em descumprimento à decisão do Juízo da 1ª Vara Federal do Distrito Federal, indeferiu pedidos de autorização da FlixBus para operar 13 novas linhas interestaduais, contemplando 76 pares de mercados desatendidos, mesmo após a entrega de toda a documentação solicitada e o cumprimento de todos os prazos e requisitos determinados pela própria ANTT, em um processo que se arrasta desde o início de 2024.

A decisão consta da Nota Técnica SEI nº 4961/2025, por meio da qual a ANTT defendeu que a documentação fornecida não seria “suficiente para atender às regras vigentes à época dos requerimentos”, sem apresentar qualquer justificativa técnica. A FlixBus esclareceu que a ANTT já havia validado quase todos os documentos fornecidos pela empresa e, em ato divulgado em março, indicou que faltavam apenas três declarações de terminais, as quais foram apresentadas pela FlixBus em manifestação protocolada em abril.

“É inconcebível que uma agência reguladora não respeite o devido processo istrativo e ignore farta documentação apresentada em cumprimento das suas próprias resoluções para indeferir, arbitrariamente, o ingresso de novos concorrentes sem nenhum fundamento legítimo e em mercados que estão desabastecidos. As falhas gravíssimas da ANTT nos levam a concluir que o indeferimento decorre de uma resistência institucional ao ingresso de novos competidores”, afirma Edson Lopes, CEO da FlixBus no Brasil.

A negativa foi informada pela ANTT ao Juízo da 1ª Vara Federal do Distrito Federal na última segunda-feira, 26 de maio de 2025, após 12 meses de sucessivas prorrogações e revisões na análise dos requerimentos. Os mercados solicitados pela empresa não contam com atendimento por nenhuma transportadora — estando muitos deles sem serviço há anos. Mesmo afirmando ter urgência no abastecimento desses mercados, a ANTT indeferiu os pedidos sem apresentar critérios claros ou parecer técnico público, indicando apenas que “não foram cumpridos os requisitos”.

Cumprimos toda as exigências e, ainda assim, tivemos um indeferimento até o momento sem qualquer embasamento técnico ou jurídico. A falta de motivação fere princípios básicos da istração pública e evidencia uma postura preocupante da agência, que não tem mostrado nenhum respeito pelas decisões proferidas pelo Judiciário”, complementa Salime Saade, Head Jurídica da FlixBus.

A empresa estuda medidas judiciais e istrativas cabíveis para reverter a decisão e reafirma seu compromisso com a modernização e ampliação da oferta de transporte rodoviário no Brasil. Nos próximos dias, seguirá dialogando com autoridades competentes, reforçando sua disposição para contribuir com um setor mais ível, eficiente e transparente para todos.

Linha do tempo do pedido de autorizações:

(Fonte: FlixBus)

  • Maio e Novembro/2023 – Envio de pedido para linhas pela FlixBus de mercados não atendidos, conforme normativa.
  • Dezembro/2023 – o ao judiciário para que a agência analisasse o pedido efetuado.
  • Fevereiro/2024 – Determinação do juiz da 1ª Vara do SJDF para análise do pedido.
  • Maio/2024 – Convocação por parte da ANTT para que a Flixbus apresentasse a documentação necessária.
  • Setembro/2024 – Primeiras pendências apresentadas pela agência (as quais foram todas respondidas no prazo e com o conteúdo solicitado).
  • Janeiro e Fevereiro/2025 – Novas pendências apresentadas pela agência.
  • Abril/2025 – última pendência sanada pela Flixbus.
  • Maio/2025 – Juízo da 1ª SJDF julga improcedente impugnação ao cumprimento de sentença apresentado pela ANTT e reitera comando para que a agência realizasse e concluísse a análise.
  • Maio/2025 – ANTT indeferiu todos os pedidos de mercado, sem qualquer justificativa técnica

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários 72495v

  1. MARIO EDSON FRASSETTO disse:

    ANTT sendo ANTT incompetência??? Ou o que mais poderia ser.

  2. Licínio Vega disse:

    Resistência institucional (da ANTT) ao ingresso de novos competidores (ao mercado do transporte público interestadual e internacional de ageiros).

    Leia-se: ABRATI.
    Ainda mais com visita e frota postada na porta do Congresso Nacional.

    BOM DIA!

  3. Rodrigo Zika disse:

    Vergonha.

  4. Ligeiro disse:

    Ué, 76 “mercados desassistidos”. Quais? E quais seções há? Está é a dúvida.

    Porque desconfio assim: se tais mercados “desatendidos” tem mais de 2 seções em mercados atendidos, provavelmente a ANTT viu como risco de competição a mercado já saturado.

    Há uma diferença entre pegar linha entre Mogi das Cruzes, SP e São José, SC com seção em São José dos PInhais, PR; e um mercado que seja com esta linha e seções em São Paulo, Curitiba e Florianópolis. Até porque um dos artifícios das operadoras legais é fazer algo parecido (se notarem, tem linhas que partem de Guarulhos ou ABC e fazem seções em São Paulo para ir para outros destinos).

    De qualquer forma, torço que se resolva de uma forma justa. E via de fato, sim, existe um universo de “mercados desassistidos” pelo interior do país. Só é bom divulgar quais. E incentivar que use terminais nestes locais. É como já falei e acho estranho o pessoal do Diário não fazer uma campanha aprimorada sobre (preciso ver até como ajudar): mostrar os terminais em regiões metropolitanas que servem como alternativa aos terminais de capitais estaduais. Não que todas as RMs tenham (Florianópolis mesmo só tem Biguaçu de cidade vizinha com um pequeno ponto terminal rodoviário), mas São Paulo tem a já divulgada “Terminal Santo André”, São Bernardo tem aquele terminal no meio do nada e frio pracaraca no inverno (o Alvarenga); tem Osasco, Embu das Artes, Mogi/Estudantes; enfim… Logo logo começa as férias e acho que informar ajudará e muito. :)

  5. Júlia Vicente Pereira disse:

    E uma vergonha estarem proibindo um bom transporte para os ageiros viajamos com eles e recomendamos muito, bom atendimento agilidade e conforto onibus equipado para atender bem os clientes viajamos para o Rio Grande do sul as demais empresas que oferecem a mesma viagem não se importam com o cliente valor alto sem WiFi sem papel higienico no banheiro e falta de água uma vergonha nem coberta tinham claro que proíbem só pela concorrência pois sabem que clientes procuram mais conforto nas viagens .

  6. Marco Paulo Valeriano de Brito disse:

    QUAL A DIFICULDADE DA ANTT EM LIDAR COM A CONCORRÊNCIA?

    Moro em Duque de Caxias-RJ e tenho parentes a amigos no sul, no centro-oeste e nordeste do Brasil.
    Quando vejo a eficiência da Flixbus na Europa, onde compete com as ferrovias, com preços bem baixos e serviço competitivo, mesmo onde tem que parar seus ônibus nas ruas, por inexistência de rodoviárias e/ou impossibilidade de usá-las, fico pensando por que no Brasil não tem conseguido avançar e se consolidar, num país que sequer tem ferrovias e trens de ageiros interestaduais para competir e com um serviço rodoviário e aéreo caríssimo?
    Será que a resposta está nas dificuldades impostas pela ANTT para que novos operadores rodoviários entrem no mercado de transporte de ageiros?
    O que a ANTT tem contra a Flixbus e outros operadores rodoviários que estão querendo entrar na operação e ampliar a competição pelo serviço, o que refletirá na queda do preço das agens e ampliação da oferta de novas rotas para nós ageiros de ônibus intermunicipais e interestaduais?
    Sempre quando o a busca por agens de ônibus interestaduais aparecem os mesmos operadores oligopolizados, cobrando tarifas elevadas, días e horários s, e para alguns destinos sequer têm cobertura, o que não se consegue entender, por vezes ficando as agens rodoviárias com preços iguais ou superiores às aéreas.
    Alguém precisa dizer para a ANTT que regulação não é sinônimo de repressão da concorrência e que a função de agências reguladoras é proporcionar o equilíbrio entre a oferta e a demanda beneficiando o consumidor e democratizando o desenvolvimento sustentável do mercado regulado.

    Marco Paulo Valeriano de Brito

    Duque de Caxias RJ, 04 de Junho de 2025

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