Quando as empresas de ônibus falam … (VÍDEOS e ENTREVISTAS) 303lh

Repercussão da cobertura do Diário do Transporte sobre dificuldades no processo de eletrificação dos transportes da capital mostra que setor precisa se manifestar mais e deixar de viver na bolha

ADAMO BAZANI

OPINIÃO DO EDITOR

O Diário do Transporte trouxe em primeira mão na última semana imagens e relatos de empresas de ônibus na cidade de São Paulo que mostraram dezenas de coletivos movidos à eletricidade e diferentes garagens com infraestrutura pronta, mas que nada pode ser operado porque, segundo as viações, a distribuidora de energia ENEL não fez sua parte e não realizou as ligações e as adaptações necessárias na rede.

Em poucos dias, na verdade, horas, diversos colegas da imprensa geral repercutiram, alguns inclusive com nossas entradas ao vivo direto no ar, como na Rádio Bandeirantes e na Rádio Capital e citações como no Diário do Grande ABC (veja mais abaixo). Mesmo sem citação direta, outros órgãos de imprensa, como a TV Globo, o SBT, UOL e Folha de São Paulo também cobriram o assunto e tantos outros veículos de comunicação. *Apenas os tais blogs de ônibus, de busólogos e transportes, de ferrofãs e trilhos, etc se eximiram por, talvez, rivalidades por parte de blogueiros, mas estas páginas têm pouca relevância*.

VEJA MAIS ABAIXO ALGUNS DOS MATERIAIS DE IMPRENSA

Até mesmo o prefeito Ricardo Nunes comentou em entrevista o assunto e fez postagens em suas redes sociais oficiais. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) também se manifestou. Foram gerados procedimentos no Ministério Público, Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), da Câmara Municipal, entre outros.

Mas tudo isso só foi possível porque garagens abriram as portas para a reportagem do DIÁRIO DO TRANSPORTE e toparam falar, em especial o presidente da A2 Transportes, Paulo Farias; o gerente operacional da Mobibrasil, Manoel Pereira; o presidente da Transunião, Lourival de França Monário; o diretor operacional da Transunião, Edgard Paiva da Rocha; e o presidente da Movebuss, Antônio Alves de Oliveira.

Isso é prova de que o setor de transportes precisa parar de ficar reclamando dentro das bolha e se posicionar, mostrar o que ocorre no “intra-garagem” . Até então, pelas quebras de ônibus velhos e sucateamento dos serviços em decorrência do processo atrapalhado da eletrificação, as empresas só estavam tomando paulada da opinião pública, do cliente (ageiro), dos formadores de opinião. *Hoje em dia, apanhar quieto, é confissão de culpa, mesmo não sendo culpado*.

Muito muito mais que “mostrar o seu lado e se justificar”, ao falarem, as empresas de ônibus contribuíram para o interesse do cidadão (VEJA ABAIXO DOS VÍDEOS E FOTO, OS MOTIVOS).

Ao noticiar o tema, o Diário do Transporte ajudou num debate que mexe com o interesse do cidadão em geral. A eletrificação vai contar com desembolsos de dinheiro público. A prefeitura obteve sinal verde para obter junto a instituições como BNDES, Caixa Econômica Federal, entre outros, financiamentos na ordem de R$ 5,75 bilhões. Pelo modelo da capital paulista, as empresas de ônibus pagam o valor de um modelo a diesel e o poder público complementa o restante para completar o preço do elétrico, que é cerca de três vezes mais caro. Assim, em grosso modo, 1/3 sai da forma convencional de compra de ônibus e 2/3 são bancados pelo poder público. A questão é que, como não está havendo o funcionamento pleno destes ônibus, as empresas de transportes compram, não recebem e as fabricantes não são pagas. Mas uma hora a conta vai chegar. É financiamento público, empréstimo público que vai para o endividamento da prefeitura que uma hora vai pagar. Mas o dinheiro não é da prefeitura. São R$ 5,75 bilhões do povo.

Entretanto, a população já está pagando bem caro o fato de a eletrificação não ir para a frente. Está arcando com o alto preço de um serviço que está perdendo a qualidade pelo fato de a frota de ônibus em São Paulo estar envelhecendo.

A cidade tem 430 ônibus elétricos rodando, bem abaixo dos 2,6 mil prometidos em 2021 nas metas da Prefeitura para o fim de dezembro de 2024.

Desde 17 de outubro de 2022, as viações não podem mais comprar modelos a óleo diesel. Como a eletrificação não avança, a SPTrans, ampliou o limite de idade dos ônibus atuais a diesel de 10 anos para 13 anos.

São veículos que apresentam menos conforto para o cidadão que paga R$ 6,5 bilhões de subsídios ao sistema de transportes em por meio da arrecadação da prefeitura, além de R$ 5 a agem. Estes ônibus mais antigos não possuem ar-condicionado, fazem mais barulho, sacolejam mais, trepidam mais.

Estes coletivos também estão mais sujeitos a quebras por serem velhos e de uso intenso e severo, como é uma operação de ônibus urbanos, ainda mais em periferias.

Assim, em vez de continuar vendo a imprensa e os jornalistas como “inimigos”, por que as empresas de ônibus não são francas com a sociedade e não falam o que acham o que precisa ser dito.

JORNALISMO QUE DÁ RESULTADO: 644569

ENEL INICIANDO LIGAÇÃO NA GARAGEM DA MOBIBRASIL EM 15 DE MARÇO DE 2025. EXATAMENTE UMA SEMANA DEPOIS DE O DIÁRIO DO TRANSPORTE TER IDO AO LOCAL EM 08 DE MARÇO DE 2025

REPERCUSSÃO E REAÇÕES: 4f14a

As dificuldades da eletrificação da frota de ônibus em São Paulo por causa da falta de ligação nas garagens pela ENEL foram reveladas pelo Diário do Transporte, repercutidas por colegas de imprensa e gerou reações de diversas partes.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, disse na segunda-feira, 10 de março de 2025, que fez representações sobre o assunto na ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), no TCU (Tribunal de Contas da União), já que a concessão é federal.

Relembre:

Ônibus elétricos: Apuração jornalística do Diário do Transporte repercute na imprensa em geral e Nunes diz que são 80 veículos parados por causa da ENEL

A deputada estadual, Carla Morando, protocolou na terça-feira, 11 de março de 2025, pedidos de providências em diversos órgãos contra a ENEL por causa do atraso na implantação da infraestrutura necessária para ampliação e operação da frota de ônibus elétricos na capital paulista.

Entre os órgãos que receberam as documentações da parlamentar estão MPSP (Ministério Público de São Paulo), Procon, TCU (Tribunal de Contas da União), Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e MME (Ministério de Minas e Energia), uma vez que a concessão da ENEL é de responsabilidade federal.

Relembre:

Deputada protocola pedido de providências no MP, TCU, Procon, Aneel e Ministério de Minas e Energia contra ENEL por atraso na infraestrutura para ônibus elétricos em São Paulo

Como tem mostrado o Diário do Transporte, há mais de 80 ônibus elétricos zero km parados na cidade de São Paulo e carregadores nas garagens inoperantes porque a ENEL não faz a ligação e não prepara a rede de distribuição, segundo as empresas de transporte.

Segundo o vice-presidente da entidade que representa os fabricantes, causa preocupação a questão da eletrificação vai muito além do veículo e a situação em cidades como a capital paulista, que proíbe ônibus 0 km a diesel, mas não tem infraestrutura para os elétricos.

 

Anfavea comenta falta de infraestrutura para ônibus elétricos noticiada pelo Diário do Transporte e diz que realidade causa preocupação – VÍDEO

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários 72495v

  1. ANDERSON ALESSANDRO OLIVEIRA ARAUJO disse:

    Acho que o ditado “quem casa, quer casa” faz sentido nesse cenário… Explico: se a PMSP (o Ricardo “desconhecido” Nunes) pensou que seria positivo, no ponto de vista da questão de mudança climática, proibir a compra de ônibus a diesel e obrigar a compra de ônibus à bateria, errou colossalmente. Para carregar as baterias, é necessária energia elétrica, que deve ser dimensionada de acordo com a necessidade da empresa e do bairro onde ela está instalada… E a ENEL (sempre a ENEL) não tem demonstrado o preparo e planejamento necessário (até para fazer o básico eles não andam preparados)… O correto seria revogar esse decreto mas, a essa altura do campeonato, o estrago já está feito; quem comprou ônibus elétrico não vai ter mais dinheiro pra comprar ônibus diesel novo… e a PMSP vai dar de ombros e dizer “Se vira…”

  2. parabens por essa reportagem Adamo isso vai ajudar os clientes e ageiros chegarem mais cedo em casa e no tabalho

  3. Santiago disse:

    O prefeito-desastre decretou as coisas na canetada e sem qualquer estudo técnico, e sem tomar conhecimento algum das já sabidas limitações estruturais de energia elétrica em São Paulo.
    As empresas de ônibus seguiram o que ele decretou, e agora elas estão com as suas garagens lotadas de ônibus elétricos parados e com as suas oficinas lotadas de onibus diesel velhos e precisando de cada vez mais reparos. Sem ainda contar todos os gastos financeiros já empenhados.

    Hoje a situação operacional está inável para os empresários de ônibus, e finalmente eles resolveram abandonar o seu “pacto de silêncio” com a Predeitura para se manifestarem a respeito.
    E tal manifestação só foi possível, porque um respeitado veículo de imprensa do setor os procurou e lhes estendeu o microfone-da-verdade.
    Parabéns Adamo!!!

  4. Luiz Fernando Rodrigues disse:

    o poder da imprensa é gigantesco se no nosso país as emissoras de rádio e TV ajudasse mais com certeza vivereiamos um país melhor

  5. Aurelio Ferraz disse:

    Tenho a solução de geração off grid com capacidade de geração de 3,5 MWh, sem depender da concessionária, quem do poder público pode me orientar qual caminho devo tomar. Os investimentos são muito menores do que os propostos pela Enel X . Essa solução atende a demanda pois se faz necessário 300m de área na garagem para a implantação do equipamento.

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