História

VÍDEO: Ônibus elétrico híbrido histórico de São Paulo já está “salvo” e restauração começa, mas trabalho ainda depende de mais apoio, diz Associação 73455h

Rifa de miniaturas ajudou na aquisição de alguns materiais. Veículo é fruto de projeto de desenvolvimento de transporte menos poluente na cidade de São Paulo

ADAMO BAZANI

Colaboraram Yuri Sena e Marcos Galesi

Começou o restauro de um exemplar único da história da busca por transportes menos poluentes na cidade de São Paulo, mas ainda é necessário muito apoio para a continuação dos trabalhos, segundo a Associação Museu do Transporte, responsável pelo projeto.

Neste sábado, 08 de março de 2025, o colaborador Marcos Galesi, enviou ao Diário do Transporte imagens da condição atual do veículo raro.

Trata-se de um trólebus comprado pela CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos), antiga empresa pública da capital paulista, no final dos anos 1970 com carroceria Ciferal. Na metade dos anos 1990, recebeu carroceria Marcopolo em revitalização da frota de trólebus. Já no início dos anos 2000, foi convertido em ônibus híbrido e chegou até a rodar pela empresa Himalaia Transportes, na zona Leste da cidade de São Paulo.

Como mostrou o Diário do Transporte, o ônibus foi retirado do pátio onde estava com risco de ser desmanchado em São Luiz do Paraitinga, no interior de São Paulo, no dia 03 de janeiro de 2025. O transporte foi custeado pela empresa Eletra Industrial. O veículo só teve um destino seguro porque a Viação Talismã, de Rio Grande da Serra, na região do ABC Paulista, cedeu parte de sua garagem. Uma rifa de miniaturas promovida pela Associação Museu do Transporte conseguiu, segundo a entidade, arrecadar R$ 3.720,00, com a venda de 248 bilhetes.

Segundo presidente do Museu, Paulo Sérgio Vieira, uma ajuda muito importante, mas ainda, não suficiente diante do tamanho do desafio.

“São necessárias muitas peças, mão de obra especializada e isso tem um custo elevado. Além de dinheiro, doações de materiais são interessantes. Agradeço novamente muito quem participou da rifa e empresas como Eletra e Talismã, sem as quais, o ônibus não teria sido salvo” – explicou.

A rifa sorteou 14 miniaturas de ônibus e trens e teve como premiados os seguintes participantes, de acordo com a colocação do valor e raridade da maquete sorteada: 1- José Antônio do Nascimento, 2- Thomas Henrique de Moraes, 3- Moacir da Silva Sousa, 4- Leonardo Monteiro dos Santos, 5- Marcos Paulo Barbosa, 6- Luiz Fernando Mendes Garcia, 7- Luís Sérgio Ferreira Júnior, 8- Cícero Carvalho Nogueira, 9- Paulo Henrique Campache, 10- Fabio Florêncio da Silva, 11- Flamínio Fichmann, 12- Luís Hermano Caldeira Splading, 13- Cláudio Roberto Moreira, 14- Jorge Françozo de Moraes.

COMO AJUDAR: Associação Museu do Transporte Ferroviário e Coletivo

CNPJ 54.436.736/0001-36

Presidente Paulo Sérgio Vieira

Site: https://museudotransporte.com.br/

E-mail: [email protected]

HISTÓRICO DO ÔNIBUS: 6x5uz

No final de 1978, a Ciferal (Comércio e Indústria de Ferro e Alumínio), em pleno auge de seu crescimento, venceu uma concorrência pública para o fornecimento de 200 trólebus à Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC). O consórcio de empresas envolvidas, além da Ciferal, incluía a Scania e a Tectronic, garantindo assim a viabilização do projeto, seguindo as especificações técnicas elaboradas pela engenharia da CMTC para a produção de novos trólebus nacionais.

Esse projeto fazia parte do plano da prefeitura de São Paulo que pretendia adquirir mais de 1200 veículos para expandir sua rede de transporte. Após nove meses de contrato, a Ciferal entregou o primeiro trólebus, que foi testado nas ruas da capital paulista.

A numeração dos Ciferal Amazonas iniciava em 7101 e seguiam até 7200, sendo os veículos de 7101 a 7100 equipados com um sistema de controle de tração por contatores controlados eletronicamente, enquanto as demais unidades eram com sistema chopper.

Nos anos 1990, muitos dos trólebus adquiridos neste contrato estavam em estado precário, especialmente em termos de estrutura. Após a privatização da CMTC, a partir de 1995 iniciou-se um grande plano de recuperação dos veículos que já não tinham condições de operar. As carrocerias antigas foram removidas, o sistema elétrico foi reformado, e parte dos componentes dos chassis foi reaproveitada em novos chassis, mais resistentes, construídos pela Tuttotransporti. A primeira unidade de trólebus reformado foi encarroçado pela Mafersa, mas, após a falência da empresa, os demais veículos foram destinados à Marcopolo, onde receberam carroceria Torino GV (Geração 5).

Entre 2001 e 2004, parte do sistema de trólebus de São Paulo foi desativada, onde vários veículos que foram reconstruídos acabaram encostados em pátios, sem uso. No entanto, visando o reaproveitamento dessa frota inativa, seis trólebus Marcopolo foram separados pela engenharia da SPTrans (São Paulo Transportes) em 2001 para serem adaptados à tecnologia híbrida, sendo a Eletra Industrial a empresa escolhida para realizar esse projeto. As alavancas de captação de energia por rede aérea foram removidas, e a parte traseira dos veículos foi modificada para abrigar um motor a diesel, que funcionaria como gerador de energia para alimentar um sistema de baterias de chumbo, e consequentemente o motor de tração.

Embora a tecnologia parecesse promissora e houvesse interesse da SPTrans em converter toda a frota operacional de trólebus, as operações comerciais demonstraram que as baterias disponíveis na época não tinham tecnologia para recargas rápidas. Isso exigia uma rotação maior do motor diesel, que não foi projetado para esse perfil operacional, inviabilizando o projeto.

Das cinco unidades híbridas convertidas pela Eletra, todas foram desativadas e destinadas à leilão alguns anos depois. No entanto, um exemplar foi resguardado pela SPTrans com a intenção de ser parte do museu e outra unidade, prefixo 7702, destinada para o desenvolvimento do projeto “Desenvolvimento de um sistema de propulsão para veículos elétricos de transporte de ageiros sem uso de rede aérea para recarga” através de recursos financiados pelo Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação “PDI” regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, em parceria entre as empresas Elektro Redes S.A – “Neoenergia Elektro” e Sygma.

O veículo em suas condições originais era um ônibus híbrido com perfil operacional a diesel e baterias e foi reconfigurado através de modificações mecânicas para receber o novo sistema de propulsão elétrica com os ultracapacitores, objeto da pesquisa do projeto de PDI.  Essa tecnologia permitia a recarga de energia em 20 segundos, sendo possível carregá-lo em duas estruturas instaladas na cidade através de um pantógrafo posicionado no teto. O ônibus tinha uma autonomia de rodagem de aproximadamente 1 quilômetro. Esse protótipo foi utilizado temporariamente na demonstração da tecnologia desenvolvida na cidade de São Luiz do Paraitinga, Estado de São Paulo (SP), durante o estudo aplicado à implantação do conceito de cidades inteligentes, contemplando soluções na parte de inserção de veículos elétricos.

Após a finalização do projeto,  o ônibus ficou estacionado no pátio da prefeitura do Município de São Luiz do Paraitinga. Em 2024 a Associação Museu do Transporte rastreou o veículo, através de informações dos membros do Movimento Respira São Paulo e entrou em contato com as empresas desenvolvedoras do projeto, Neoenergia Elektro e Sygma, questionando sobre o interesse das partes para doação do ônibus à Associação, devido a relevância histórica desse patrimônio para a sociedade e desenvolvimento de tecnologias nacionais.

Compreendendo a importância do patrimônio e a preservação histórica do ônibus, e em consonância com o Manual de Procedimentos do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento, regulado pela ANEEL, as partes envolvidas no projeto, acordaram a doação do ônibus para Associação Museu de Transporte.

E para essa nova fase do ônibus 7702, contamos com patrocínio da Eletra Industrial, que patrocinou o transporte do veículo, e a Viação Talismã, que gentilmente disponibiliza o espaço para guarda temporária do mesmo.  

LINHA DO TEMPO – CDL-7702

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes 1e1t59

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Comentários

Comentários 72495v

  1. CARLOS C S BORGES disse:

    Parabéns a ttodas ssas pessoas que se interessam pela preservação da história da tecnologia e da memória de nossas cidades!

  2. Marco Antonio Perez Da Silva disse:

    Trabalhei na CMTC DÉCADA DE 80 garagem são Miguel..MATERIA LINDA..MARCO POÁ SP

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