História

Ônibus de dois andares com pintura histórica da Penha já tem primeiras rotas definidas – Veja vídeo e matéria histórica com um dos pioneiros da família fundadora 553x1k

Veículo recebe um dos padrões visuais mais tradicionais da empresa que completa 63 anos

ADAMO BAZANI

A empresa Nossa Senhora da Penha já definiu as primeiras rotas de um ônibus de dois andares de alto padrão que recebeu uma pintura especial em comemoração aos 63 anos de atuação nas rodovias brasileiras.

As primeiras viagens serão nos trechos Curitiba x Rio de Janeiro e Rio de Janeiro x Rio Grande, de acordo com o Grupo Comporte, em informação divulgada ao Diário do Transporte nesta quinta-feira, 14 de março de 2024.

O intuito é que o veículo posteriormente circule em todas as linhas.

O ônibus une tradição, com a pintura clássica história de meados de 1980 e 1990, e modernidade, com itens tecnológicos de conforto e segurança, além de atender aos padrões de redução de emissões de poluentes Euro 6, em vigor no Brasil desde janeiro de 2023, e que podem diminuir em 75%, em média, os gases que geram poluição, como explica o Grupo, por meio de nota.

O ônibus marcou época com sua pintura nas cores verde, vermelho e branco/pérola, principalmente com os Tecnobus Tribus e Superbus II. O veículo é da encarroçadora catarinense Busscar, modelo Vissta Buss DD, contendo 46 poltronas do serviço Classis (semileito) e 8 poltronas do serviço Astor Cama (leito cama).

Já a motorização é por conta da Mercedes-Benz com toda a Euro6, o O-500RSDD 2745/30 8×2, que é destinado para uso rodoviário de média e longa distância, com potência máxima de 449cv, suspensão pneumática a ar e toda a segurança oferecida pela nova linha de rodoviários Mercedes-Benz.

Todos os elementos externos do carro antigo foram mantidos, como nome da empresa, prefixo e a suspensão a ar.

HISTÓRIA:

A Penha foi criada em 1961 por Wilson José Piccoli, com a fusão das empresas Curitiba-Lajes, Minuano e Lajes Transportes.

A companhia que foi comprada em 1973 por Camilo Cola, fundador da Viação Itapemirim, desde 2007 pertence ao Grupo Comporte.

Em 2015, o Diário do Transporte, ainda chamado Blog Ponto de Ônibus, conversou com Dorival Piccoli, da família fundadora da Penha, que contou a história da companhia e de diversas empresas que atuaram no Sul do País.

Dorival morreu em setembro de 2019.

O Diário do Transporte reproduz na íntegra a matéria de 2015:

HISTÓRIA – Dorival Piccoli: “O ônibus é o grande amigo das pessoas” 323x1o

Publicado em: 23 de junho de 2015 6n6y2b

01

Dorival Piccoli

Dorival Piccoli começou a atuar diretamente no transporte de ageiros em 1947. Com 17 anos já dirigia. Hoje, aos 81 anos revela sua paixão pelo setor em cada detalhe de seu escritório em Curitiba, repleto de fotos históricas de ônibus. Foto 1: Acervo Família Piccoli e Foto 2: Adamo Bazani

Dorival Piccoli: “O ônibus é o grande amigo das pessoas”

De família pioneira que atuou em diversas empresas e na encarroçadora Eliziário, empresário destaca como os transportes interligaram sonhos e proporcionaram desenvolvimento no Sul do País

ADAMO BAZANI 

ônibus

Foi na Flexa de Prata, que ligava localidades diferentes do Sul do País, que Piccoli começou a trilhar o caminho do desenvolvimento pelos transportes coletivos. Foto: Acervo Família Piccoli. – Matéria: Adamo Bazani – Blog Ponto de Ônibus.

O escritório do empresário Dorival Piccoli na região central de Curitiba, no Paraná, já revela a paixão pelo transporte de vidas: as paredes são forradas por quadros com imagens históricas das empresas que a família atuou. E não foram poucas: Flexa de Ouro (com “x” mesmo”), Expresso Curitiba-Lages, União Catarinense, Expresso Lages-Porto Alegre, Empresa Nossa Senhora da Penha, Viação Dovaltur Ltda, Empresa Curitiba Cerro Azul, Viação do Sul, Expresso do Sul, Expresso Estrela Azul, Expresso São Bento Ltda, além de representação na fabricante de carrocerias Eliziário, que foi uma das mais importantes no desenvolvimento de novos conceitos para os veículos de transporte coletivo no Brasil. Hoje a família permanece no controle da Empresa Curitiba Cerro Azul.

Nascido em 09 de dezembro de 1933, Dorival Piccoli tem no sangue a herança da paixão pelos transportes. O pai, Modesto Piccoli, nascido em 8 de julho de 1881, transportava mercadorias pelo Sul do país em lombos de animais. Modesto Piccoli participou do movimento para emancipar Farroupilha, no Rio Grande do Sul. Uma rua da cidade recebe seu nome.

ônibus

A Expresso Curitiba – Lages, em 1958, da família Piccoli, começou a ganhar importância com o crescimento das duas cidades. Foto: Acervo Família Piccoli. – Matéria: Adamo Bazani – Blog Ponto de Ônibus.

A família de Dorival era grande e desde cedo já via nos transportes a oportunidade de crescimento. Ao todo, Modesto teve doze filhos: Istácio Piccoli, Maria Piccoli, Cidina Piccoli, Inês Piccoli, Martim Piccoli, Ida Piccoli, Wilson Piccoli, Ivone Piccoli, Ilse Piccoli, Saul Piccoli, Dorival Piccoli (nosso entrevistado) e Ipenor Piccoli.

Dorival pode ser considerado uma memória viva dos transportes e seus olhos brilham ao contar as histórias do crescimento do Sul do país “pelo trafegar” dos ônibus.

“O ônibus é o grande amigo das pessoas. Ao longo da história sempre esteve presente levando as pessoas para onde elas queriam independentemente das dificuldades para isso” – disse Dorival Piccoli em entrevista ao jornalista Adamo Bazani, no Blog Ponto de Ônibus.

E dificuldades realmente não faltavam. Estradas de terra, atoleiros, córregos, veículos rústicos exigiam muita disposição e fé para prosseguir nos caminhos.

Mas tudo isso ajudou a impulsionar o desenvolvimento das cidades da região que cresciam de maneira diferente. A população de alguns municípios menos providos de recursos precisava se deslocar para as cidades com mais oportunidades de emprego e renda.

No entanto, ao fazer as ligações, os ônibus não só levavam as pessoas para os locais com mais recursos como também traziam desenvolvimento para as regiões onde originavam as linhas. Os transportes eram atrativos para mais moradores e exigiam uma melhor infraestrutura, muitas vezes implantada pelos próprios donos dos ônibus que alargavam vias e até mesmo tapavam os buracos por onde os veículos tinham de ar.

05

06

07

08

09

ônibus

A Empresa Curitiba – Cerro Azul está até hoje com a família. Dorival assumiu a companhia em 1961. Com o desenvolvimento das cidades, aumento da demanda e aperfeiçoamento da indústria, os ônibus também se tornavam mais moderno. Mesmo assim, os caminhos ainda não eram fáceis de ser percorridos. Fotos: Acervo Família Piccoli. – Matéria: Adamo Bazani – Blog Ponto de Ônibus.

O primeiro contato de Dorival Piccoli com o mundo dos ônibus foi na empresa da família chamada Flexa de Ouro, em 1947 (era escrito com “x” mesmo e não com “ch”). Os veículos com carrocerias de madeira ligavam inicialmente as cidades de Getúlio Vargas e o Fundo, ambas no Rio Grande do Sul. Depois atuando na Região de Santa Catarina na lateral dos ônibus era pintada a relação dos locais servidos: Varjão, Faxinal dos Guedes, Xanxerê, Xaxim, Chapecó.

Com 17 anos de idade, Dorival já começou a dirigir ônibus.

No ano seguinte, em 1948, o pai Modesto morreu com 67 anos de idade, aumentando ainda mais a responsabilidade dos sucessores.

Nesta época, o mundo se recuperava ainda da Segunda Guerra (1939 – 1945) e a luta em todos os países era para crescer.

E os transportes acompanhavam e auxiliavam nesta luta. A batalha das estradas era diferente: mais digna, mas muito desgastante.

O país ainda estava em processo de urbanização e fazer trajetos que hoje demoram duas ou três horas para serem percorridos de ônibus poderia levar dias.

“Várias vezes ficávamos de 3 a 5 dias nas estradas, principalmente quando tinha cheia. Dependíamos de balsa para cruzar as cidades, mas quando rios subiam de nível, como Timbó (em Santa Catarina), era impossível ar. Era uma aventura que deu certo pela persistência” – comenta.

Nesta época, em 1953, a família Piccoli atuava na empresa União Catarinense, que ligava Chapecó, em Santa Catarina, a Curitiba, no Paraná.

As cidades continuavam a crescer assim como as linhas.

A ligação entre Chapecó e Curitiba tinha sido prolongada. Assim, em 1958, nascia duas empresas da família Piccoli denominadas de acordo com os itinerários: Expresso Lages-Curitiba e Expresso Lages-Porto Alegre.

O sonho e a necessidade de viajar da população ganhavam mais espaço e as distâncias a serem ligadas ficavam maiores. Em 1960, conta Dorival, foi criada a empresa Expresso do Sul (não é a mesma que pertence hoje ao Grupo da Viação Cometa). A Expresso do Sul fazia a ligação direta entre Curitiba e Porto Alegre. Nesta época, ainda ficou operando a Expresso Curitiba-Lages.

Logo em seguida, a Expresso do Sul seria vendida para uma empresa transportadora de gás chamada Bosca Tur, que continuou a linha por um tempo.

ônibus

Dovaltur foi uma empresa criada em 1960, ligando Porto Alegre ao Rio de Janeiro. O nome da companhia de ônibus se tratava da junção das primeiras sílabas dos dois sócios: Dorival Piccoli e Valmor Schmidt. Foto: Acervo Família Piccoli. – Matéria: Adamo Bazani – Blog Ponto de Ônibus.

A COMPRA DE UMA GIGANTE:

No início dos anos de 1960, surgiu então para Dorival uma oportunidade de negócio: a compra da Empresa Nossa Senhora da Penha, uma das maiores do país que posteriormente foi adquirida por Camilo Cola, da Viação Itapemirim, e hoje pertence ao grupo de Constantino Oliveira, fundador da Gol Linhas Aéreas.

“A Penha era de Albertino Castro que morreu num acidente aéreo. Os herdeiros não quiseram continuar no ramo de transportes, então assumimos a empresa que era uma referência. A Penha fazia linhas muito importantes como Porto Alegre / São Paulo e Porto Alegre / Rio de Janeiro.” – relembra Dorival Piccoli.

Com a aquisição da Penha, pelo fato de coincidirem os itinerários, não havia mais razão de a Expresso Curitiba – Lages continuar operando.

“A Penha tinha uma reputação muito boa no mercado. Os ônibus eram novos, as viagens mais rápidas. Quando ela se destacou com os requintados ônibus Eliziário era nossa família que cuidava da empresa” – conta Dorival. Entre 1973 e 1974, depois de muita negociação, Camilo Cola, da Itapemirim adquiriu a Penha. Em 2007, a empresa a para o controle da família de Constantino Oliveira.

Quase na mesma época da aquisição de Penha, em 1960, era criada a empresa Viação Dovaltur Ltda, com a linha Porto Alegre – Rio de Janeiro. O nome da companhia é a junção das primeiras sílabas dos sócios: Dorival Piccoli, que tinha 50% da empresa, e Valmor Schmidt, com a outra metade.

Enquanto istrava a Penha, Dorival assumia outras empresas de ônibus que serviam para interligar áreas de características econômicas diferentes no Sul do País.

Em 1961, foi a vez da Empresa Curitiba Cerro Azul. Até hoje com a família Piccoli, atende ligações consideradas fundamentais para o crescimento integrado de parte do Sul do País.

Entre estas ligações estão:

Curitiba (PR) / Cerro Azul (PR)

Curitiba (PR) / Adrianópolis (PR)

Curitiba (PR) / Dr. Ulysses (PR)

Curitiba (PR) / Apiaí (SP)

Entre 1963 e 1989, Dorival também esteve a frente da empresa de ônibus metropolitanos Viação do Sul, ligando as cidades de Rio Branco do Sul e Curitiba. No ano de 1965, também ou a integrar a Expresso Estrela Azul.

UMA DAS MELHORES CARROCERIAS DO PAÍS:

Enquanto istrava as empresas de ônibus, Dorival Piccoli atuava em outros segmentos relacionados ao transporte de ageiros, como na indústria.

Ele foi representante da fabricante de carrocerias Eliziário, fundada em 1946, por Eliziário Goulart, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

“Certamente era uma das melhores carrocerias de ônibus do Brasil. O capricho no acabamento, os materiais, os modelos inovadores com serviço leito e frigobar eram diferenciais naquela época. Fui revendedor nos anos sessenta (anos de 1960) da Eliziário e era garantia de bons negócios. Na época eram fabricadas mais ou menos 20 carrocerias por mês Metade era para o Sul do País. Mas também foram vendidos ônibus até para o Nordeste”  – conta Dorival Piccoli.

Quando empresas que ligavam diferentes estados e em longos roteiros compraram uma carroceria era uma espécie de propaganda para frotistas de locais mais distantes que se interessavam pelos modelos e procuravam a fábrica.

Dorival Piccoli, além de empresário de ônibus, era representante da fábrica de carrocerias Eliziário. Indústria do Rio Grande do Sul era conhecida por fazer veículos com elevado nível de acabamento. Alguns modelos foram considerados pioneiros para a indústria no País, com poltronas tipo leito e até frigobar nos anos de 1960. Fotos: Acervo Família Piccoli. – Matéria: Adamo Bazani – Blog Ponto de Ônibus.

Dorival Piccoli, além de empresário de ônibus, era representante da fábrica de carrocerias Eliziário. Indústria do Rio Grande do Sul era conhecida por fazer veículos com elevado nível de acabamento. Alguns modelos foram considerados pioneiros para a indústria no País, com poltronas tipo leito e até frigobar nos anos de 1960. Fotos: Acervo Família Piccoli. – Matéria: Adamo Bazani – Blog Ponto de Ônibus.

13

14

ônibus

Dorival Piccoli, além de empresário de ônibus, era representante da fábrica de carrocerias Eliziário. Indústria do Rio Grande do Sul era conhecida por fazer veículos com elevado nível de acabamento. Alguns modelos foram considerados pioneiros para a indústria no País, com poltronas tipo leito e até frigobar nos anos de 1960. Fotos: Acervo Família Piccoli. – Matéria: Adamo Bazani – Blog Ponto de Ônibus.

“Trabalhar com o senhor Eliziário era muito bom. Homem firme, justo e inovador. A Penha teve uma frota de Eliziário que ficou conhecida em todo País. Quando em 1965, chegaram os ônibus Eliziário Scania novos na Penha foi uma festa na garagem, com direito a cerimônia de entrega” – relembra.

Os ônibus tinham poltronas tipo leito e bar que oferecia lanches, sucos e refrigerantes.

A Eliziário foi comprada entre 1969 e 1970 pela então “Carrocerias Nicola” que logo se tornaria Marcopolo.

Untitled-1

Untitled-15

adamo

O design interno dos ônibus já era preocupação da indústria. Modelos tinham de ar conforto real, mas também um ar de sofisticação

CADA EMPRESA, CADA CARACTERÍSTICA ECONÔMICA REGIONAL:

A importância do segmento de transportes no conjunto da sociedade é tão grande, que a história de cada empresa revela as características da região onde prestaram serviços.

Estas empresas levavam os trabalhadores até as atividades principais de cada cidade. Era para atender a estas necessidades de deslocamentos que as companhias de ônibus se fortaleciam.

A Empresa Curitiba Cerro Azul ajudou na consolidação da agroindústria, em especial da citricultura.

A partir de 1940, a cidade de Cerro Azul começou a ganhar novo fôlego após a construção de uma estrada ligando Cerro Azul a então rodovia “São Paulo – Curitiba”.

Também funcionou por um determinado período uma indústria ligada ao processamento de chumbo.

A última empresa que Dorival Piccoli disse ter adquirido foi a Expresso São Bento, que contribuiu no desenvolvimento das atividades ligadas à indústria moveleira em São Bento do Sul, em Santa Catarina, e ao setor têxtil de Jaraguá do Sul, também município catarinense.

A Expresso São Bento começou a ser comprada por Dorival em 1971, quando assumiu uma parte da companhia que tem uma história muito relacionada com a integração entre municípios do Sul do País.

EXPRESSO SÃO BENTO: DESBRAVADORA DO SUL DO PAÍS

Empresa foi a segunda no Brasil a conseguir registro oficial para o transporte de ageiros

ônibus

Foi desbravando os caminhos entre Paraná e Santa Catarina, enfrentando estradas de terra, atoleiros e até córregos que a Expresso São Bento contribuiu com o crescimento regional no Sul do País. Foto: Acervo Família Piccoli. – Matéria: Adamo Bazani – Blog Ponto de Ônibus.

A história do transporte de ageiros está intimamente relacionada com o desenvolvimento econômico das diferentes regiões do País e com o crescimento pessoal de milhões de cidadãos ao longo do tempo. Isso porque, o setor de transportes, especialmente por ônibus no caso do Brasil, foi o que conseguiu dar a resposta mais rápida às necessidades de deslocamento da população à medida que determinadas regiões se tornavam mais atrativas que as outras para moradia e trabalho. E, especificamente sobre os transportes por ônibus, o serviço de ligar pessoas à concretização do sonho de uma melhor qualidade de vida vinha muito antes da infraestrutura viária.

Não era rara a cena de os ônibus, ainda feitos de madeiras, enfrentarem estradas de terra, atoleiros e até fazer travessia de córregos. Tudo movido pelo sonho, pelo ideal.

Com a Expresso São Bento não foi diferente. A história da empresa faz parte das memórias de crescimento de parte da região Sul do País.

A começar pela tradição. A “ Expresso São Bento” foi fundada em 1948 por Lino Fortes Bouzan e Pasquale Palmieri, sendo a segunda empresa de ônibus no Brasil a conseguir registro do DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. A primeira empresa foi a Auto Viação Catarinense, também do Sul do País. Nesta época, era o DNER que concedia as permissões para operação de linhas rodoviárias interestaduais. Hoje esta atribuição é da ANTT –Agência Nacional de Transportes Terrestres.

17

ônibus

Foi desbravando os caminhos entre Paraná e Santa Catarina, enfrentando estradas de terra, atoleiros e até córregos que a Expresso São Bento contribuiu com o crescimento regional no Sul do País. Foto: Acervo Família Piccoli. – Matéria: Adamo Bazani – Blog Ponto de Ônibus.

Em 1948, a cidade de Curitiba, no Paraná, estava em plena expansão já assumindo ares de metrópole para os padrões da época. Os demais municípios da região Sul do País também cresciam, mas ainda sem a mesma oferta de serviços e oportunidades profissionais. A necessidade das cidades terem ligações era cada vez maior.

São Bento do Sul, em Santa Catarina, município criado em 30 de janeiro de 1884, foi marcado pela forte presença de imigrantes na ocasião da Áustria, Bavária, Prússia, Polônia, Saxônia, Tchecoslováquia. Logo que eles desembarcaram nas terras perceberam o potencial madeireiro da região.

Na época da fundação da Expresso São Bento, o parque industrial moveleiro para os padrões fabris da época começava a se expandir.

O fluxo até Curitiba então se tornava necessário no deslocamento de mão de obra entre os dois pontos e também de representantes comerciais destas fábricas.

Foi neste momento que a Expresso São Bento supriu a necessidade.

Mas ligar Paraná e Santa Catarina não era nada fácil. Se havia desenvolvimento em cada cidade, era no caminho entre elas que estavam as grandes dificuldades. Os ônibus da Expresso São Bento enfrentavam estradas de terra, atolavam e seus fundadores, que também dirigiam os veículos iam com ferramentas para abrir novos caminhos e retirar os ônibus do lamaçal. Levar correntes para colocar nos pneus e enfrentar a pista escorregadia era obrigatório.

Quando chovia e havia cheias era necessário parar de três a cinco dias no meio do percurso.

ônibus

Além de integrar pessoas, os ônibus desenvolviam um papel importante no transporte de encomenda. Os materiais eram levados no teto protegidos por lonas. Foto: Acervo Família Piccoli.

Foi assumindo um papel de desbravador que o setor de transportes contribuía não só para a ligação entre cidades, mas também para a criação de infraestrutura. Por onde os ônibus avam, algo tinha de ser feito pelo poder público, mesmo que tardiamente. Assim, a rota dos ônibus virou caminho de desenvolvimento.

Com a expansão regional, motivada pelo crescimento econômico e populacional, novas cidades começaram a ganhar importância. Exemplo é Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, que se destacou pela indústria têxtil.

20

ônibus

Uma curiosidade é que ainda não havia um sistema unificado de veículos comerciais até meados dos anos de 1950. Assim, os ônibus normalmente tinham duas placas: uma da cidade de origem e outra de destino. Fotos: Acervo Família Piccoli. – Matéria: Adamo Bazani – Blog Ponto de Ônibus.

E a Expresso São Bento mais uma vez acompanhou este desenvolvimento criando linhas para mais cidades ao longo de sua trajetória.

A linha entre Curitiba e Jaraguá do Sul foi permitida pelo DNER em 1964. Interessante é que na época, a empresa que quisesse operar qualquer linha tinha de depositar um valor como “caução” ao DNER, como se fosse, guardadas as devidas proporções, uma outorga onerosa. Era uma espécie de garantia que a linha seria cumprida e que a empresa teria uma segurança jurídica evitando que outro operador fizesse o trajeto sem autorização.

DNER

Permissão de linha para a Expresso São Bento unir as cidades Lages, em Santa Catarina, e Curitiba, no Paraná. DNER – Departamento de Estradas de Rodagem exigia um “caução” das empresas interessadas em operar os serviços como garantia. Foto: Acervo Família Piccoli. – Matéria: Adamo Bazani – Blog Ponto de Ônibus.

Com o ar do tempo, a São Bento já tinha diversas ligações entre urbana intermunicipal, rodoviárias intermunicipais e rodoviárias interestaduais:

Curitiba (PR) / São Bento do Sul (SC)

Curitiba (PR) / Jaraguá do Sul (SC)

São Bento do Sul (SC) / Jaraguá do Sul (SC)

Curitiba (PR) / Piên (PR)

Agudos do Sul (PR) / Fazenda Rio Grande (PR)

NOVAS GESTÕES:

ônibus

Com o ar do tempo, as jardineiras davam lugar para os ônibus mais modernos e confortáveis. Era o progresso e a exigência do ageiro. As rústicas carrocerias de madeira cediam espaço no mercado para bem acabadas carrocerias de metal e os bancos simples eram substituídos por poltronas estofadas com maior conforto. Foto: Acervo Família Piccoli. – Matéria: Adamo Bazani – Blog Ponto de Ônibus.

24

 

ônibus

Com o ar do tempo, as jardineiras davam lugar para os ônibus mais modernos e confortáveis. Era o progresso e a exigência do ageiro. As rústicas carrocerias de madeira cediam espaço no mercado para bem acabadas carrocerias de metal e os bancos simples eram substituídos por poltronas estofadas com maior conforto. Foto: Acervo Família Piccoli. – Matéria: Adamo Bazani – Blog Ponto de Ônibus.

Após o falecimento de Pasquale Palmieri, um dos fundadores da São Bento, os herdeiros decidem vender a metade que pertencia ao pai. Assim, em 1971 entra na sociedade Dorival Piccoli, empresário de família tradicional dos transportes no Sul do País com atuações em empresas como Nossa Senhora da Penha, Empresa Curitiba Cerro Azul, Viação do Sul e Expresso Estrela Azul, entre outras.

Dorival Piccoli era representante e sócio da fabricante de carrocerias de ônibus Eliziário, que tinha sido assumida pela Marcopolo, antiga carrocerias Nicola.

A entrada de Piccoli representou o início de uma gestão mais experiente e pela facilidade de contato com as encarroçadoras também marcou uma renovação de frota.

Quando o outro fundador da empresa, Lino Fortes, morreu, Dorival Piccoli arrematou mais uma parte ficando com 87% da companhia de ônibus.

A empresa assim adotou um programa constante de renovação de ônibus e qualificação da operação.

ACOMPANHE NESTE LINK ABAIXO VÍDEO DE ACERVO DA FAMÍLIA PICCOLI COM A CHEGADA DE ÔNIBUS ELIZIÁRIO SCANIA EM 1965 NA EMPRESA NOSSA SENHORA DA PENHA CEDIDO PARA ESTA REPORTAGEM ESPECIAL DO BLOG PONTO DE ÔNIBUS (DIÁRIO DO TRANSPORTE). O vídeo foi gravado sem áudio na época:

ou em:

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes.

 

Comentários

Comentários 72495v

  1. Claudemir Guilherme disse:

    Me diz uma coisa em relação aos funcionários terá algum reajuste,ou tirar igual estão fazendo no setor rio de janeiro, tirando direito de refeição

  2. Dorival Piccoli Junior disse:

    Bela reportagem sobre a Penha!
    Gostei muito.

  3. SILVIO ANESTOR FERREIRA disse:

    Esta pintura carrega muitas histórias e emoções de migrantes, retirantes”retornantes”.

Deixe uma resposta para SILVIO ANESTOR FERREIRACancelar resposta 5020u

Descubra mais sobre Diário do Transporte 5w136p

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter o ao arquivo completo.

Continue reading