ENTREVISTAS: Especialistas em transportes criticam proposta de Doria de extinguir EMTU 655h3n

Veículos Leves da Baixada Santista, Ao lado dos ônibus, é um dos sistemas gerenciados pela EMTU

Justificativa do governo do Estado é cortar gastos. Alesp vai analisar

ADAMO BAZANI

A proposta do governador de São Paulo João Doria de extinção da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos para cortar custos do Estado não agradou especialistas em mobilidade, urbanismo e engenharia.

O fim da EMTU está em um pacote de extinção de 11 empresas estatais e autarquias apresentado em um projeto de lei por Doria à Alesp – Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. A justificativa do governo é que este pacote total poderia gerar uma economia anual de R$ 8,8 bilhões e o corte de 5,6 mil empregos públicos. Pelo projeto, as atribuições da EMTU seriam readas para a Artesp, agência hoje responsável pelas rodovias e ligações por ônibus intermunicipais não metropolitanos.

O Diário do Transporte ouviu três especialistas sobre o assunto e todos criticaram o projeto.

O consultor independente em transportes, Peter Alouche, que participou do início do Metrô de São Paulo, chegou a classificar a medida como “absurda” e disse que pode haver uma precarização dos serviços dos sistemas gerenciados hoje pela EMTU, porque, em sua visão, a Artesp não possui experiência em gestão de transportes metropolitanos.

“É obvio [que pode prejudicar a qualidade dos serviços para os ageiros]. A Artesp é uma agência reguladora. Agência reguladora não pode gerenciar o transporte, tem de fiscalizar, tem de regulamentar. Agência não pode operar, não pode gerenciar” – disse Peter ao classificar também a proposta como perigosa já que poderia também, em sua opinião, abrir margem para futuramente se extinguir Metrô e a TM. O especialista ainda diz que se for para enxugar estruturas, uma alternativa poderia ser vincular a EMTU a outra empresa com experiência em transportes metropolitanos, como o próprio Metrô, mas não a Artesp.

O arquiteto, urbanista e consultor de trânsito e transporte, Flamínio Fichmann, disse que, além de trazer mais problemas do ponto de vista de mobilidade, a extinção da EMTU não beneficiaria em nada os cofres públicos. Isso porque, a EMTU é mantida pelas taxas de fiscalização e gerenciamento do transporte por ônibus, não trazendo gastos aos cofres do Estado.

“A EMTU é uma empresa autossuficiente. As empresas de ônibus pagam várias taxas, como de fiscalização, vistoria de frota e outros serviços, que colocam a EMTU com custo zero para a população. A EMTU não custa nada para o Estado. A estrutura é enxuta. Os espaços para toda a sua equipe de gestão, pouco mais de 200 funcionários, estão em São Bernardo do Campo, que funciona junto com a istração do corredor Metropolitano operado pela Metra [que paga aluguel] e outra parte está num pequeno escritório na região central. Não tem ostentação, não tem um custo elevado” – descreveu Fichmann, que ainda disse que a Artesp não tem experiência em outra atribuição atual da EMTU, que é a gestão da expansão dos sistemas de corredores e BRTs (Bus Rapid Transit) que devem integrar parte da rede dos transportes metropolitanos.

O diretor do departamento de mobilidade e logística do IE – Instituto de Engenharia de São Paulo, Ivan Whately, disse que a intenção de extinguir a EMTU vai na contramão de um estudo feito por mais de 40 engenheiros da entidade que aponta para a necessidade da criação de uma Autoridade ou Governança Metropolitana do Transporte Metropolitano, que defende uma gestão unificada de trilhos e ônibus em todas as cidades de regiões metropolitanas, inclusive com integrações tarifárias totais e conexões físicas entre os sistemas que formam uma rede de atendimento metropolitano. Com as funções da EMTU na Artesp e em paralelo TM e EMTU sob a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, o que não funciona em conjunto hoje vai se separar ainda mais com a medida.

 “O que eu vejo nesse projeto do Doria está totalmente oposto ao que estamos pregando. Essa mudança está na contramão da história. No resto do mundo, as regiões metropolitanas são sempre gerenciadas por autoridade metropolitana ou governança metropolitana, uma entidade que coordena o aglomerado, para que, por exemplo, você saia de São Bernardo do Campo, onde tem linhas da EMTU e consiga integrar com a mesma tarifa e bilhete com a SPTrans, TM, Metrô, CCR. Tem de haver uma autoridade metropolitana que faça esta coordenação e que respeite o desejo do ageiro” – disse.

A Artep deixou de ser vinculada à Secretaria de Transportes e Logística e desde 2017 integra a Secretaria de Governo, comandada pelo vice-governador Rodrigo Garcia.

A Secretaria de Governo é hoje considerada uma das de maior influência política da gestão Doria, o que poderia, em parte, explicar o movimento.

Quem controlar a EMTU, terá sob seu guarda-chuva um universo que reúne grandes empresários de transportes e uma movimentação tarifária expressiva.

Para se ter uma ideia, todos os dias, 1,8 milhão de ageiros se deslocam usando os 4.521 ônibus gerenciados pela EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos somente nos 39 municípios da Grande São Paulo (números de antes de pandemia da Covid-19.

A EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos gerencia os sistemas de ônibus que ligam diferentes cidades de cinco regiões metropolitanas no Estado: São Paulo; Vale do Paraíba e Litoral Norte; Baixada Santista; Sorocaba e Campinas. Fazem parte deste gerenciamento também o VLT – Veículo Leve sobre Trilhos que liga Santos a São Vicente, no litoral Paulista; e o Corredor Metropolitano ABD, de ônibus e trólebus entre a região do ABC Paulista e a capital.

Pelo projeto, as atribuições da EMTU seriam absorvidas pela Artesp – Agência que regula os transportes no Estado de São Paulo, o que hoje inclui estradas estaduais e os ônibus intermunicipais fora de regiões metropolitanas.

Criada oficialmente pela lei 1.492, de 13 de dezembro de 1977, que estabeleceu o Sistema Metropolitano de Transportes Urbanos, a EMTU deveria ser uma espécie de “agência metropolitana de transportes”, que integraria sistemas de ônibus com trilhos, uma gestão única.

Relembre:

/2019/06/23/historia-a-emtu-pensada-para-gerir-onibus-e-trilhos-de-forma-integrada/

OUÇA ABAIXO AS ENTREVISTAS NA ÍNTEGRA

– Consultor independente em transportes, Peter Alouche

– Urbanista e consultor de trânsito e transporte, Flamínio Fichmann

– Diretor do departamento de mobilidade e logística do IE – Instituto de Engenharia de São Paulo, Ivan Whately

Veja as empresas e autarquias que devem desaparecer:

Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo S. A. (EMTU/SP);

Fundação Parque Zoológico de São Paulo;

Fundação para o Remédio Popular “Chopin Tavares de Lima” (FURP);

Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP);

Instituto Florestal;

Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo (CDHU);

Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo S. A. (EMTU/SP);

Superintendência de Controle de Endemias (SUCEN);

Instituto de Medicina Social e de Criminologia (IMESC);

Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (DAESP);

Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo “José Gomes da Silva” (ITESP);

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários 72495v

  1. Roberto Dias disse:

    De fato, embora a EMTU tenha uma péssima qualidade de serviço, (especialmente no que diz respeito à informação ao usuário, e à fiscalização dos operadores,) estando muito aquém do desejado, extinguí-la não é o caminho. Pelo contrário, ela precisa é de mais investimentos e de mais funcionários para a área de fiscalização e para a área de planejamento. Usuários deste sistema são penalizados pelas empresas operadoras, que além de não oferecem integrações, ainda suprimem muitas linhas nos finais de semana e feriados. Sou de Osasco e vejo isto acontecer por aqui.

  2. Alfredo disse:

    O desmonte total do estado segue em curso pelo PSDB, sempre com a desculpa da redução de custos, venderam estradas lucrativas como o sistema Anchieta Imigrantes e continuamos pagando altos impostos, IPVA no teto de 4% do valor do veículo, invasores tomam conta de terrenos embaixo de viaduto da Imigrantes e a Artesp não faz nada, Doria é o pior governador que o também ruim PSDB já escolheu, pobre São Paulo

  3. Robson disse:

    Não vejo lógica da Artesp que istra rodovias querer assumir sistemas modais e complexo como é feito pela EMTU. Vale lembrar que antes da EMTU a Artesp que ***fiscalizava*** é diga de agem, péssimo serviço prestado. Inclusive até hoje. Maioria são funcionários “emprestados” ” de outra autarquias, desconhecem as atribuições, poucos sabem sobre legislação e por fim era festa para clandestino agirem. Depois da EMTU assumi, muitos usuários viram a renovacao da frota, fiscalização pesada nos transportes clandestinos, valorização da baixada com VLT entre outros benefícios. E detalhe sem usa 1 centavo do Estado. É sem escritorio com fachada de mármore em ponto cotado em dólar o metro quadrado. Será mesmo que tem a ver com eficiência e custos, ou será………….

  4. Luis Nunez disse:

    Especialista em transporte, não tomam onibus. Eu ao contrário só vejo vantagens para o usuário, como por exemplo aumento da oferta de serviços. Como conversavamos em um grupo de discussão sobre transportes, sendo a ARTESP a gerenciadora, voce poderia criar um atendimento de alguma linha que sai do Vale do Ribeira, para atender Juquitiba até o terminal Tiete. Ou aumentar as opções de empresas entre Sorocaba e Itapetininga por exemplo que foi dado exclusividade a uma empresa EMTU apenas, diminuindo a oferta.

  5. Marcelo disse:

    O que é preciso ser feito de concreto é colocar as empresas para funcionar…A EMTU tem péssima prestação de serviço…isso precisa ser corrigido. Mais primeiro precisamos renovar os gestores públicos que elegemos para istrar nosso estado. O PSDB precisa ser banido do estado de São Paulo…necessitamos de renovação, paramos no tempo.

  6. Paulo Gil disse:

    Amigos, bom dia.

    A EMTOSA é muito lenta; vejam a área 5 do ABC, até agora nada.

    Em 1992 nem número de linha tinha nos buzões da Triângulo (SAUDE-SBC-SAÚDE); tive de enviar inúmeras cartas à época até conseguir.

    Melhorar não vai, porque o estado não tem “Jestão”; mas pra que duas se podemos ter uma fiscalizadora só?

    Independentemente da sigla, a única coisa que fazem é fiscalizar.

    Eu concordo, porque precisa de uma oxigenação sim.

    A EMTOSA já expirou a validade; principalmente agora que a fiscalizadora de Sampa está cortando as linhas da EMTOSA.

    Mudanças são sempre bem vindas, ela tiram até as traças da zona de conforto.

    SAÚDE A TODOS!

    Att,

    Paulo Gil

  7. Izaque disse:

    Bom dia.
    Prefiro que a emtu fique para continuar pode ser o fim se o fim vai atrapalhar agente o problema vocês doria terão contra de vocês na rua terá protesto mal bagunça se você deixar vai ser pior. Eu sou deficiência sempre vou no medico em São Paulo uso de ônibus eu não quero ter problemas por favor doria continuei emtu que tem boa qualidade. Não insista por favor. Continue pelo amor de Deus :(

  8. JOSE LUIZ VILLAR COEDO disse:

    Na verdade… deveriam haver essas tais GOVERNANÇAS nas Regiões Metropolitanas do Estado de São Paulo! E É ABSURDO GROTESCO QUE AINDA HOJE OS CARTÕES DA EMTU/RMSP NÃO SEJAM ACEITOS NAS LINHAS MUNICIPAIS E ATENDIMENTOS DA CAPITAL, SOB RESPONSABILIDADE DA SMT/SPTrans! MESMO COM GOVERNADOR E PREFEITO SENDO DO MESMO PARTIDO! IMPRESSIONANTE! SÓ POR CAUSA DAS DIFERENÇAS TARIFÁRIAS… AH PELO AMOR DE DEUS! Se não for a tal Governança, que a EMTU, TM E METRÔ formem uma nova Empresa Estatatal Estadual. A ARTESP ja tem muito o que fazer…! QUE TAL ENXUGAR AS MORDOMIAS E OS IMÓVEIS FUNCIONAIS EM LOCAIS CAROS?! ZONAS SUL, OESTE E CENTRAL DE SP/SP …QUE TAL?! ESSE PESSOAL DO PSDB É ASSIM! SO SABE CORTAR CUSTOS…PORÉM OS SEUS CUSTOS… JAMAIS! SÓ o que é ESSENCIAL pra nos …POBRES MORTAIS! FORA PSDB, PT E BOLSONARO! FORA TODOS!

  9. Eduardo disse:

    Como é possível ficar pior do que está? A EMTU não serve para nada, vide empresas que prestam serviço no ABC. Nenhuma fiscalização. Péssimo serviço. Se for economizar, concordo SIM em extinguir a EMTU!

  10. Johnatan disse:

    Está na hora de nos juntarmos e darmos um BASTA na gestão PSDB em SP.

    Nessas décadas de psdb, esse partido já foi muito danoso ao transporte dos paulistas.

    Quem aí se lembra da Fepasa? logo diremos “Quem se lembra do Metrô?” “Quem se lembra da TM?”

    Deveríamos também ir a público e publicar tudo que esse partido já destruiu de patrimônio metro-ferroviário no Estado. Dória é mais um que segue o plano de destruição no transporte. Revoltante!

  11. Johnatan disse:

    Aos que criticam à EMTU, na boa.. voltem a andar de mula!

  12. Jeniffer Kano disse:

    Ia emtu e corrupta se vende para as empresas de onibus velhos caindo os pedaços recebendo propina das empresas para fazer vista grossa uma porcaria a EMTU que suma do mapa

  13. Tiago disse:

    Não tem economia, como diz o texto

  14. Tiago disse:

    Involução é o nome. Eu noto uma melhora nos serviços na região de Sorocaba. Antes era Artesp, agora é EMTU.
    A EMTU é a especialista. Mas não estou dizendo que o trabalho é bom.

    O que eu apoio?
    Aumento da estrutura.
    É enxuta até d+, como mostra o texto.
    Não consegue de jeito nenhum fiscalizar. Não conseguiria ao menos delegar a uma terceira.
    E nada vai me convencer que com a Artesp isso mude.

    Agora…se com a Artesp a estrutura aumentar, eles poderiam conseguir. Mas não são especialistas.
    Se for aumentar a estrutura, então que aumente na EMTU.

    Mas essa não é a proposta do projeto do GESP.

    Vai unificar?

    Que unifique com a CMSP ou TM ou Une todas elas.
    Teria metade de diretores, metade dos chefes e poderia usar a economia para aumentar a qualidade do serviço e fiscalizações das operadoras. Aumentar o número de pessoas no operacional.

    Mas confesso que entendo não ser conveniente.

  15. Paulo Roberto disse:

    Sei que um cidadão muito conhecido principalmente no ABC que nem preciso citar o seu nome que vai adorar se isto acontecer

  16. Almeida Brasil disse:

    Eu tenho um ônibus; ele é ano 2003 , porém é muito conservado e revisado; no entanto devido a exigência da EMTU em estabelecer limite máximo de 15 anos , eu não posso tirar o selo de vistoria da EMTU por causa do ano; nesse caso a EMTU me obriga a trabalhar de forma clandestina. Na minha opinião; sou a favor de vistoria sim; porém , no caso específico de fretamento , eu acho errado a EMTU colocar limite de ano para atestar vistoria. Quem tem que escolher ano do ônibus, seria o contratante do ônibus; a única coisa que eu sou a favor é da vistoria para saber se está tudo certo com o ônibus. Se avião pode voar com mais de 45 anos ; porque o ônibus não pode rodar com mais de 15 anos?

Deixe uma resposta para Paulo GilCancelar resposta 5n2d1q

Descubra mais sobre Diário do Transporte 5w136p

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter o ao arquivo completo.

Continue reading