Retrofit com nova tecnologia de resfriamento de motores de ônibus reduz ruído da hélice e índice de emissões 523g2q

Ônibus da Viação Cidade Dutra, do Consórcio UNISUL, recebeu retrofit de novo sistema de resfriamento de motores Modine/SPAL. Sistema já é adotado com sucesso em vários países

Neste mês de dezembro sistema está sendo instalado em ônibus das Viações Cidade Dutra, Santa Brígida e Sambaíba que operam linhas da capital

ALEXANDRE PELEGI

Às vésperas do lançamento da minuta do edital de licitação dos transportes na cidade de São Paulo – o que deve ocorrer entre 21 e 22 de dezembro, como temos informado pelo Diário do Transporte –, a Câmara Municipal de SP se agitou este mês para sugerir medidas a serem adotadas pelas empresas de ônibus e a prefeitura da capital a partir dos novos contratos.

Além das questões relacionadas a tempo de contrato e redução das emissões, definindo-se um cronograma para que a frota de ônibus de São Paulo reduza progressivamente até zero o uso de combustível fóssil, outras questões começam a ser lembradas, dentre as quais a do ruído produzido pelos veículos atuais.

Um exemplo é a ação do vereador Caio Miranda que, nesta sexta-feira (15), como divulgamos no Diário do Transporte, protocolou ao secretário Sergio Avelleda um ofício com a sugestão de limitar a emissão de ruídos pelo ônibus municipais.

Utilizando-se de dados da OMS – Organização Mundial da Saúde, que recomendam como limite saudável 50 dB (A), o vereador quer que este índice seja o máximo de emissão emitido por cada ônibus dos transportes públicos municipais. Relembre:

/2017/12/15/para-licitacao-dos-transportes-em-sao-paulo-vereador-pede-limite-de-emissao-de-ruido-nos-onibus-e-prolongamento-de-linhas-de-trolebus/

Mas, o que os ônibus poderão fazer para reduzir a emissão de ruídos a um limite ável? O modelo ideal seria trocar toda a frota por veículos movidos pela silenciosa energia elétrica, que vão desde os tradicionais trólebus, até suas versões mais modernas. Esta é a meta ideal, mas até sua implantação definitiva haverá um tempo de reajuste e adaptações.

O mesmo vale para as emissões de poluentes. Para diminuir rapidamente a emissão, enquanto a meta de substituição da frota não se completa, a Comissão de Transportes e Energias Renováveis de São Paulo (CT-CCMSP) fez uma recomendação para o edital de concessão dos ônibus de São Paulo. Como será gradual a forma como deverá acontecer o processo de substituição dos veículos convencionais por veículos e tecnologias mais limpas, feita a partir de metas definidas, a CT-CCMSP sugeriu a adoção da tecnologia de filtros de material particulado (retrofit) em veículos a diesel existentes.

E no caso dos ruídos? Há formas de reduzi-lo nos veículos tradicionais?

Grandes soluções não impedem que pequenas medidas pontuais possam contribuir para que se alcance o objetivo final. Ou, em outras palavras, pequenas alterações nos motores podem produzir um enorme impacto. Basta considerar toda a energia consumida por todos os sistemas de resfriamento dos ônibus que rodam no planeta.

Isso se torna ainda mais importante quando consideramos países como o Brasil, onde os ônibus são o principal meio de transporte na maioria das cidades, em que operam a mais das vezes em condições climáticas extremas, o que nos leva a pensar que seria crucial a busca de um sistema ainda melhor.

No caso de um ônibus, sabemos que são veículos que trabalham duro, com motores rodando a altas temperaturas com vistas a um melhor desempenho. A manutenção do motor na temperatura ideal de funcionamento é fator essencial, ainda mais em operações comerciais.

Manter o motor funcionando na temperatura indicada tem objetivos muito claros: afora dissipar o calor, o sistema auxilia na redução do consumo de combustível e das emissões de poluentes.

NOVA TECNOLOGIA PARA RESFRIAMENTO DE MOTORES

Uma alternativa para resfriamento do motor de um ônibus a diesel, que além de manter a temperatura ideal de funcionamento possa produzir, de imediato, efeitos importantes como a redução de 5 a 8% no consumo de combustível e menor ruído para o ambiente externo, com baixo custo de manutenção, esta alternativa compõe não só o caminho intermediário para uma solução ambientalmente correta, como permite às empresas atenderem a metas definidas em prazos determinados e em condições econômicas razoáveis. Ou, indo direto ao ponto, são mudanças que não afetam de forma brusca o equilíbrio econômico-financeiro do sistema de transporte coletivo.

Uma alternativa ecológica para o sistema de resfriamento dos motores de ônibus já foi divulgada no Diário do Transporte em 31 de agosto desse ano, fruto da parceria de duas empresa globais: Modine e SPAL. Tal tecnologia substitui a o sistema convencional à base de ventiladores hidráulicos que têm um custo elevado. Relembre:

/2017/08/31/transpublico-novidade-no-mercado-brasileiro-retrofit-traz-nova-tecnologia-de-resfriamento-de-motores-de-onibus/

Conhecida como sistema “EEC” (Electric Engine Cooling – sistema de Resfriamento elétrico do motor, numa tradução literal), esta nova alternativa traz como diferencial a utilização de ventiladores elétricos que trabalham independentemente do motor, ao contrário do sistema tradicional.

Diferentemente dos tradicionais sistemas de resfriamento de ônibus, a solução da Modine/SPAL dispensa o uso da hélice do radiador, que normalmente é acionada diretamente pelo próprio motor do ônibus. A tecnologia representa uma carga de trabalho a menos. Menos trabalho para o motor, mais energia que pode ser utilizada para movimentar o veículo. Daí a sensação dos motoristas de que mais cavalos de potência estão disponíveis nas rodas.

SOBRE REDUÇÃO DE RUÍDO:

Mas estávamos falando de reduzir o ruído dos ônibus…

Em entrevista com Paulo Leme, diretor da SPAL Brasil, perguntamos em que medida a hélice do motor contribui para isso.

Segundo Paulo, “a contribuição do ruído é alta no sistema convencional, e a emissão chega próximo de 95dbA. A curva do ruído não é a somatória com outros ruídos, como por exemplo do motor. Ela é especifica da hélice”, ele explica.

Para se ter ideia dessa magnitude, uma norma trabalhista, que determina os limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente, define que para um nível de ruído de 95 dbA a máxima exposição diária permissível para uma pessoa é de duas horas.

No caso dos ventiladores serem elétricos, conta Paulo, constatou-se em testes de medição, num comparativo entre um sistema convencional e um elétrico, (realizado pela MODINE), que o conjunto de ventiladores elétricos gera um ruído de 74 dbA, ou seja 21 dbA mais silencioso.

A CETESB, que segue normas definidas pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, e atualmente auxilia na elaboração de uma norma específica para isso, deverá implementar um método de medição. Como o processo é lento para que a ABNT revise as normas técnicas atuais, é uma decisão da CETESB implementar a norma em paralelo à publicação oficial no conjunto de normas da ABNT.

Esta norma, caso adotada pela Cetesb, dirá respeito especificamente à medição do ruído causado pela hélice responsável pelo resfriamento do motor. O método abrange todas a tecnologias, não somente o EEC produzido pela Modine em parceria com a SPAL.

SISTEMA MODINE/SPAL REDUZ CONSUMO DE COMBUSTÍVEL E ÍNDICE DE EMISSÕES

Por exigir menos do motor e ter uma estrutura mais compacta e flexível, eliminando o peso tradicional do sistema de resfriamento convencional, a solução pode gerar uma economia em média de 5% nos gastos de combustível. É importante ressaltar que esse tipo de custo interfere no dia a dia de todos os agentes do setor. Por exemplo, o combustível representa em torno de 25% dos custos de prestação de serviços nas cidades.

O ganho de potência foi calculado após vários testes pelos engenheiros da Modine. Fernando Rodrigues, Gerente sênior de engenharia da empresa, relata que os testes realizados demonstraram este ganho. “Medimos a potência disponível no motor de um Mercedes modelo O500U, Euro 3, com o sistema de arrefecimento tradicional. E depois repetimos o teste no mesmo modelo, mas com o sistema Efan Modine/SPAL. O ganho de potência apurado foi de 21 CV”.

Os engenheiros da Modine afirmam que nos testes realizados em bancada a economia é de mais de 5% de diesel, no mesmo modelo que rodou por mais de um ano na Viação Santa Brígida, desde outubro de 2016. O veículo utilizado para teste de rua foi o de carro número 1 1324, modelo O500-U, fabricado pela Mercedes-Benz, tecnologia Euro-3.

Menos consumo de combustível, melhora nos índices de emissões de poluentes.

Relembre a matéria sobre a Santa Brígida (que hoje roda com outro retrofit, em outro veículo da frota):

/2017/08/26/santa-brigida-testa-nova-tecnologia-de-resfriamento-de-motores-de-onibus/

RETROFITS SÃO INSTALADOS PARA TESTES DE CAMPO EM ÔNIBUS DE SÃO PAULO

Em função do sucesso inicial, e até mesmo pela necessidade premente das operadoras de ônibus de reduzir custos e ainda atender a exigências ambientais, cada vez mais presentes (uma situação sem volta), os testes de rua com o retrofit do EEC têm aumentado.

Nesta semana que ou (no dia 16 de dezembro) um retrofit do EEC produzido pela parceria Modine/SPAL foi instalado na Viação Cidade Dutra, do consórcio UNISUL. Veja as fotos abaixo:

 

A partir desta semana novos retrofits serão instalados em um ônibus da Viação Sambaíba e outro da Viação Santa Brígida.

EEC-SPAL_kits prontos sambaiba e sta brigida

retrofits do Electric Engine Cooling, prontos para instalação

Em 2018 outras novidades: a Modine já terá pronto o retrofit para ônibus articulados.

A partir dos novos contratos de concessão, as empresas de ônibus terão de buscar alternativas para não só melhorar o conforto de seus clientes, como também atender às exigências do edital, de redução de emissões, ruídos e, com tudo isso, manter um bom equilíbrio financeiro, que não impacte no custo da tarifa.

Durante o prazo de adequação do sistema às novas regras, alternativas como o EEC, assim como a da tecnologia de filtros de material particulado (retrofit) nos atuais veículos a diesel, serão alternativas rápidas e exequíveis.

Alexander Pelegi, jornalista especializado em transportes 

 

Comentários

Comentários 72495v

  1. SDTConsultoria em Transportes disse:

    Como as montadoras estão vendo este processo ? Por que isto já não incorpora os novos veículos ?

  2. em breve uma tendencia no segmento , tendo em vista que algumas montadoras mostraram interesse no produto quando fora exposto na fetranspúlico 2017

  3. William de Jesus disse:

    Adamo, Santa Brigida e Sambaiba não divulgaram quais serão os carros que elas vão por o Retrofit? Até agora só vi testarem essa tecnologia em carros padron da Mercedes. Queria ver se vão testar em articulados

    1. blogpontodeonibus disse:

      Posso tentar checar

  4. Paulo leme disse:

    Em janeiro sera testado no articulado. O kit para retrofit ja está pronto para ser instalado. (Paulo Leme)

  5. Jackson de sousa leite disse:

    tem que ver o custo pra se instalar em um veiculo já em operação há 3,4 anos os 0km já podem vir equipados de fabrica com esse novo sistema…

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