Eletromobilidade

PARA PENSAR: Ônibus elétrico; São Paulo é líder, mas não pode ser usado como parâmetro para o Brasil. Bom exemplo e frustração 665f3e

Ônibus Elétrico na Grande Vitória; Diário do Transporte fez a cobertura

PAC e política podem ajudar ônibus elétricos no Brasil, mas infraestrutura é “choque” de realidade

ADAMO BAZANI

O Diário do Transporte mostrou dados exclusivos da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) que revelam que os ônibus elétricos no Brasil deixam de ser uma tendência e am a ser realidade.

Somente em 2025, foram mais emplacamentos que somados os anos de 2022 e 2023 e em quatro meses, quase todos os licenciamentos de 2025.

Relembre:

/2025/06/01/oficial-abve-faz-raio-x-do-onibus-eletrico-no-brasil-que-ja-registrou-quase-700-emplacamentos-e-tem-ao-menos-25-modelos-disponiveis/

Mas, apesar de os números serem reais e otimistas, há ressalvas importantes.

Dos 642 ônibus citados no levantamento, 528 são da capital paulista (número atualizado pela SPTrans, gerenciadora do sistema de São Paulo), ou seja,  81% do volume.

São Paulo é um caso à parte e não pode ser usado como parâmetro para o Brasil e, mesmo assim,  a eletrificação até o momento frustrou. O maior sistema de ônibus da América Latina tem dinheiro para ônibus elétricos (o modelo de financiamento,  com o pagamento de toda a cadeia de fornecedores só quando o ônibus está nas ruas, gerou polêmica, com montadoras dizendo que entregaram os veículos e não receberam, mas falta de dinheiro não é o problema). Só em linhas de crédito,  são R$ 5,75 bilhões obtidos pela prefeitura junto a diversas instituições bancárias nacionais e internacionais.

Há uma legislação com metas obrigatórias de redução de poluentes, com o prefeito Ricardo Nunes que mostra disposição em cumprir.

As outras cidades e Estados não têm nada disso concretamente ainda.

Desde 17 de outubro de 2022, as empresas de transportes não podem mais comprar ônibus a diesel.

E aí começam os problemas.  A proibição veio antes da infraestrutura suficiente para atender o que a prefeitura havia previsto.

Com 528 ônibus a bateria rodando em maio de 2025, o número não atinge à meta de 2,6 mil coletivos elétricos estipulada em 2021 pela prefeitura para ser atingida até 31 de dezembro de 2024.

Muitos especialistas e o mercado perguntam: não seria melhor primeiro preparar a infraestrutura de recarga e distribuição de energia e depois proibir o diesel,  ou proibir parcialmente para tudo ser gradativo no tempo certo?

Há quase 100 ônibus elétricos ainda parados nas garagens sem poder rodar, a Mercedes-Benz levou um “calote” (ressalva para o termo calote) de R$ 300 milhões e o pior,  o ageiro sofre com o envelhecimento da frota diesel atual que, como não pode ser trocada,  teve a idade máxima ampliada de 10 anos para 13 anos.

É inegável que São Paulo é um bom exemplo SIM para o País: criou legislações,  foi atrás e viabilizou recursos e tem vontade política.  Mas poderia fazer tudo de forma mais técnica, menos política e gradativamente com mais pés no chão.

A ABVE vê em políticas públicas que começam a se desenhar em outras cidades e estados, e no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Seleções, do Governo Federal, que vai financiar 2,5 mil ônibus elétricos no Brasil,  como fatos reais positivos para a eletrificação.  E é verdade mesmo.

Porém, apesar de mais da metade dos R$ 10,6 bilhões do PAC para renovação de frota ser para ônibus elétricos, a verdade: 2,5 mil coletivos e esse volumão de dinheiro não são nada para se falar em política nacional de eletrificação ou “descarbonização”. Falta no Brasil tudo que falta em São Paulo e também falta o dinheiro

Mas a infraestrutura,  a falta de capacitação técnica de distribuidoras e até operadores de transportes são problemas que se não foram ainda resolvidos na endinheirada e capacitada São Paulo, são mazelas maiores em outras cidades.

Só entrar numa garagem…Os bairros no entorno são “cheios de gatos nos postes e redes velhas” e o pessoal da empresa não sabe nem como é ligar um ônibus elétrico e nem como apagar incêndio caso uma facção criminosa mande atear fogo.

O Diário do Transporte apoia a mobilidade menos poluente, mas até para o bem da eletrificação dos ônibus,  vale a pena pensar

PAC SELEÇÕES

O segmento de ônibus elétricos tende a ganhar escala nos próximos anos, isso porque o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Seleções, por meio da modalidade “Renovação de Frota”, está promovendo a modernização do transporte público em diversos municípios brasileiros.

Com um investimento total previsto de R$ 10,6 bilhões, o programa visa a aquisição de 2.529 ônibus elétricos, 2.782 ônibus Euro 6 e 39 veículos sobre trilhos, contribuindo para a eficiência energética e a redução das emissões de CO₂ nas cidades.

A iniciativa contempla 61 municípios e 7 estados, priorizando a melhoria da qualidade de vida urbana e o fortalecimento da indústria nacional.

Os recursos serão utilizados para substituir veículos antigos por modelos mais modernos e sustentáveis, alinhando-se às metas de descarbonização e à promoção de uma mobilidade urbana mais eficiente.

Dentre os municípios beneficiados, destacam-se cidades como: Campinas, com 265 ônibus elétricos; Uberlândia, com 216; Porto Alegre, com 100; e e Salvador, com 94.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

 

Comentários

Comentários 72495v

  1. Ligeiro disse:

    “É inegável que São Paulo é um bom exemplo SIM para o País: criou legislações, foi atrás e viabilizou recursos e tem vontade política. Mas poderia fazer tudo de forma mais técnica, menos política e gradativamente com mais pés no chão.”

    Tem um erro nesse argumento (NA MINHA OPINIÃO, MAS ARGUMENTO NÃO SE ERRA E NEM SE CORRIGE, SE EXP~E E RESPEITA). Primeiro que tudo é política – inclusive negociações. E segundo que profissionais técnicos DEVEM sempre, justamente com a segurança de seus dados, usarem as informações técnicas para respaldar decisões políticas.

    Então não é que é “menos política”, mas sim que “os dados técnicos SEMPRE devem estar atrelados às decisões políticas”. Se há um erro na infraestrutura e na oferta de condições, o erro é tanto da liderança política que deveria confiar nos dados para poder fazer as decisões políticas, quanto dos técnicos que deveriam sempre expor quando há problemas na ausência de uma decisão onde não houve respaldo técnico.

    Lembrando que há países que recentemente trocaram suas lideranças por seres neoliberalcuzinhos que estão perdendo com suas decisões que não são baseadas em dados técnicos e no respeito aos mesmos. E se dizem “técnicos”, mas usam suas atitudes mais para segregar a própria população do que dar conforto aos mesmos.

  2. Santiago disse:

    Assino embaixo a matéria!
    Mesmo tendo recursos financeiros e melhor o à tecnologias e à melhorias de infraestrutura, São Paulo está conseguindo dar o exemplo de COMO NÃO SE FAZER a descarbonização da frota.
    A sanha política de se querer imprimir uma “marca de gestão”, proibindo-se a compra de ônibus diesel menos poluentes enquanto compra-se levas de ônibus elétricos que ficarão parados por falta de infraestrutura, está gerando um caótico sucateamento da frota que será altamente prejudicial aos ageiros e à toda a cidade.
    Resta a esperança de que um mínimo de bom senso surja lá em 2028, com uma desejável nova gestão que se disponha corrigir os atuais e equivocados rumos. O problema é a situação em que se encontrará a frota e todo o sistema daqui a três anos…

  3. Dom Robby disse:

    Se SP tivesse interesse teria negociado garagens secundária ou migração das garagens para os entornos onde já existem linha de transmissão sub aproveitada. Podendo até entrar com negociando do terreno pra ter um uso compartilhado e tarifado pra várias empresas. Uma ligação curta até a ENEL conseguiria fazer..

    Mas sem incentivo de pequenas gerações de energia solar, sem incentivo para veículos elétricos de frota, eio, etc

    Até governo do estado foi tendencioso oferendo redução de IPVA onde só Toyota se enquadra..

  4. Paulo Victor disse:

    Esses ônibus tem a bateria no teto. Por isso são muito lerdos na hora de fazer curvas e dobrar esquinas.
    Igualzinho aos antigos trolebus, desafiando a paciência de quem vai atrás.

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