Evento em São Paulo debate Sistema Único de Pagamento para Metrô, Ônibus e Até Patinetes 4g1q6j

Sistema de bilhetagem de Lisboa será um dos cases do evento

Instituto de Engenharia reúne atores-chave e casos internacionais para discutir o futuro da bilhetagem e integração na Região Metropolitana de São Paulo

ALEXANDRE PELEGI

A Região Metropolitana de São Paulo está no centro de um importante debate sobre o futuro da sua mobilidade urbana. Nos dias 12 e 13 de maio, o Instituto de Engenharia sediará um evento estratégico focado na modernização do transporte público, com o objetivo de discutir a implementação de um único método de pagamento para diversos modais, incluindo metrô, ônibus, trens e até patinetes elétricos. A iniciativa busca a interoperabilidadedo sistema de transportes.

Ivan Whately, Vice-presidente do Instituto de Engenharia, ressaltou a relevância do encontro, afirmando que “Este é um debate fundamental para o futuro da mobilidade em São Paulo” e que a integração dos sistemas de pagamento pode significar “mais praticidade para os usuários e maior eficiência para todo o sistema de transporte”.

O evento contará com a participação de autoridades nacionais e internacionais e apresentará cases de sucesso de outros locais, como México e Portugal.

Palestrantes confirmados incluem Rodrigo Diaz (ex-SEMOVI/México), Dr. Rui Lopo (Transportes Metropolitanos de Lisboa) e Janete Laginhas (SPTrans), que compartilharão experiências práticas sobre soluções integradas.

Este momento é considerado particularmente estratégico por ser a primeira vez que todos os atores-chave do setor estarão reunidos, incluindo representantes do governo (como a SPTrans), concessionárias (como a CCR Metrô Bahia), desenvolvedores de tecnologia e entidades setoriais.

A programação do evento, que acontecerá no Instituto de Engenharia (Av. Dr. Dante Pazzanese, 120), inclui:

Primeiro dia (12/05 – 13h30 às 18h):

Palestra sobre o maior sistema de bilhetagem do Brasil (SPTrans).

Discussão sobre a quebra de paradigmas nos sistemas de cobrança, com cases do México.

Mesa redonda sobre interoperabilidade na governança metropolitana, com ABDIB, ANTP e IE.

 

Segundo dia (13/05 – 8h30 às 13h):

Apresentação do modelo de bilhetagem integrada em Lisboa (TML).

Debate sobre integração entre modais, com CCR Metrô Bahia.

com integradores tecnológicos (Prodata, Transdata & Planeta).

As inscrições para o evento, que ocorrerá nos dias 12 e 13 de maio de 2025, estão abertas ao público interessado. O público-alvo abrange gestores públicos, especialistas em transporte, urbanistas, acadêmicos e empresas de tecnologia.

Serviço:

Data: 12 e 13 de maio de 2025

Local: Instituto de Engenharia (São Paulo/SP), Av. Dr. Dante Pazzanese, 120

Inscrições: https://www.institutodeengenharia.org.br/site/events/smart-ticketing-a-chave-da-governanca/

Público-alvo: Gestores públicos, especialistas em transporte, urbanistas, acadêmicos e empresas de tecnologia

CASE DA REGIÃO METROPOLITANA DE LISBOA

A convite da TML – Transportes Metropolitanos de Lisboa, empresa pública que gere o transporte público na área metropolitana da capital, em dezembro de 2023 fomos conhecer ao vivo a experiência que os portugueses vêm realizando para um tema que ainda é um tabu para nós brasileiros, em particular a Grande São Paulo: instituir uma autoridade que gerencia a mobilidade das pessoas de toda a região, independente do município em que residem e do meio de transporte que utilizam.

O Carris Metropolitana, empresa pública que nasceu como iniciativa dos 18 municípios da Grande Lisboa, através da TML conseguiu fundir a operação do transporte público rodoviário de toda a região numa só imagem e serviço.

Para cumprir esse objetivo, foi necessário um elevado grau de complexidade tecnológica e operacional. Mas o resultado nós pudemos conferir: seja barco, ônibus, bonde, trem ou metrô, o que o morador da região metropolitana de Lisboa enxerga é um sistema que tem a mesma identidade visual, usa o mesmo bilhete, e pratica a mesma tarifa.

SIMPLIFICANDO A TARIFA, UNIFICANDO A BILHETAGEM

Como forasteiros, portanto sem conhecer os limites que separam as cidades que compõem a grande mancha urbana da Grande Lisboa, pudemos sentir de fato esse conceito de sistema único, onde não se distingue o meio de transporte utilizado, nem o valor a ser pago a cada mudança, para se cumprir uma viagem do começo ao fim.

Ao simplificar o sistema tarifário confuso que chegou ao absurdo de gerar mais de sete mil combinações de preços diferentes para viagens entre cidades da região, a TML produziu uma mobilidade muito mais barata, com pequenas variações e de fácil entendimento para o viajante. Foi isso que vimos e sentimos.

Portanto, além da Carris Metropolitana, que disciplinou o sistema de transporte rodoviário e organizou a operação realizando uma nova licitação, a TML unificou o sistema de bilhetagem, o que até então era um serviço de iniciativa do operador.

Para Sônia Alegre, a bilhetagem nas mãos dos operadores impedia que a autoridade pública tivesse conhecimento e controle dos dados, algo impensável quando a preocupação é planejar o sistema de transporte. Ao estatizar a atividade, o Estado ganhou poder para assumir exigências de serviços e de fiscalizar a atuação das empresas contratadas para transportar as pessoas, ando a ter uma visão abrangente e realista da estrutura de custos e receitas.

Tudo isso parece sonho para quem precisa se locomover na Grande São Paulo, onde a diversidade de cartões, as diferentes tarifas, e as múltiplas autoridades constituídas na gestão dos transportes funcionam quase como um obstáculo à mobilidade.

A experiência portuguesa partiu do princípio que melhorar o sistema ava antes de tudo por disciplinar e simplificar seu funcionamento, começando pelo reconhecimento do óbvio: antes de morador em uma cidade, quem usa transporte é acima de tudo um cidadão da metrópole. Seja na Grande Lisboa, seja na Grande São Paulo ou Grande Recife, empregos e residências estão cada vez menos na mesma cidade, apesar de muitas vezes estarem próximos. Isso vale para escolas, lazer, hospitais e sistemas de saúde…

Ao invés de ficar refém de diferentes senhores, o viajante metropolitano precisa ter à sua disposição um sistema que o respeite e atenda. Afinal, é da mobilidade das pessoas que a economia vive e depende.

Pois na Grande Lisboa a geografia foi posta de lado, no instante em que os municípios optaram por atender à necessidade de todos os moradores.

Assim surgiu o sistema Navegante, como explica a campanha institucional, “um ecossistema de mobilidade
interoperável aberto e flexível”.

Na visita que a reportagem fez à TML, sempre acompanhada por Sonia Alegre, fomos levados a jornadas de transporte por ruas, trilhos, a atravessar o Tejo, histórico rio que corta a cidade de Lisboa, de onde partiram as naus e as caravelas dos grandes descobrimentos.

Munido apenas pelo Cartão Navegante, pudemos entender o significado da frase que sintetiza o programa:
1 cartão, 1 e = todos os operadores, todos os municípios.

O Cartão Navegante concretiza para o viajante o “e livre” que o permite se mover de um ponto a outro da metrópole, seja de Mafra a Lisboa, de Oeiras a Cascais, por uma tarifa bem mais em conta que anteriormente. Como explica Filipa Studer, do departamento da TML, o Navegante começou por ser um produto ao serviço das pessoas, e hoje é um serviço criado a pensar nas pessoas, nas cidades e na sua mobilidade.

Nos ônibus da Carris Metropolitana, operados por quatro diferentes empresas que venceram a licitação, um logo na entrada do coletivo, ao lado dos validadores, explica de forma sucinta a simplicidade do sistema tarifário.

Apenas cinco modalidades atendem a todas as necessidades de locomoção, seja viagens apenas dentro de um único município (e navegante municipal), seja por mais de um (e navegante metropolitano).

Há preços para viagens ocasionais e para viagens frequentes, com direito a viajar sem limites de meios ou quantidades por 30 dias.

Nas jornadas que fizemos pudemos utilizar todos os meios, e verificar, como viajantes, que estamos o tempo todo dentro de um mesmo sistema, com a identidade visual mantida nos veículos, nos uniformes dos operadores, nas lojas de atendimento, no cartão Navegante.

Barca em Cacilhas, de onde chegamos do Cais do Sodré

Fomos do Cais do Sodré a Cacilhas de barco, onde conhecemos uma das lojas de atendimento ao ageiro da Carris Metropolitana, onde se pode obter o cartão Navegante personalizado. A TML fez um cartão especial para a reportagem do Diário do Transporte, com o qual amos todos meios durante a estada em Lisboa.

Uma máquina nas Lojas de atendimento, totalmente automatizada, permite que o ageiro obtenha seu cartão, com foto e chip. Basta introduzir o cartão de identidade nacional, que os dados e a foto são recolhidos automaticamente para o sistema da Carris.

Assista ao vídeo e veja como funciona:

SUBSÍDIO

Para quem quer saber como as contas se equilibram, a resposta é clara: há subsídio, mas ele é resultado da participação de todos os acionistas do sistema, os 18 municípios. Cada cidade dá sua contribuição com base em sua população e condição econômica. O Estado português complementa o bolo, fazendo a conta fechar. Com essa decisão política, a tarifa baixou de forma sustentável ao criar um sistema atrativo, o que permitiu reverter a queda de ageiros, ampliada pela pandemia.

Do outro lado, a TML definiu exigências para que todo este sistema funcione, o que começou com a necessidade de ampliação do atendimento a todas as regiões, e uma melhoria imediata nos veículos da frota rodoviária, hoje com ônibus novos e com tecnologia moderna.

A eletrificação? Este tema trataremos em outro artigo, mas apenas adiantando que na Grande Lisboa a cautela foi essencial na exigência de novas tecnologias. A nova licitação determinou ônibus novos, mas definiu um limite mínimo de 5% da frota para tecnologias limpas, como GNV e elétricos.

IDENTIDADE VISUAL

Todo o sistema traz a cor amarela como identificação única.

No caso dos ônibus, cuja concessão foi realizada recentemente para as quatro áreas da Área Metropolitana de Lisboa, o nome do operador quase não é visível. O importante, disse Sonia Alegre, “é identificar o sistema, e não quem o sistema contrata para atender ao cidadão”.

Queremos que rodos saibam que somos os responsáveis pela operação. Todos os problemas cabe a nós resolver, e para isso criamos uma imagem única para os veículos, os uniformes, as lojas, os cartões”, diz Sonia.

Loja de atendimento em Cacilhas

Balcão de atendimento

O nome da empresa operadora não tem destaque 

Reunião com a equipe da TML: à esquerda, Bernardo Alves, do departamento de Estudos e Planejamento, e Filipa Studer, do departamento de Marketing da TML. À direita, Sonia Alegre, a da TML

Municípios que compõem a AML:

Alcochete, Almada, Barreiro, Amadora, Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Sintra, Sesimbra, Setúbal e Vila Franca de Xira.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários 72495v

  1. Santiago disse:

    Excelente debate! É um assunto há muito tempo pendente nas regiões metropolitanas brasileiras
    É exatamente isso o que devemos buscar!
    Que daí saiam boas ideia e iniciativas construtivas!

    A região metropolitana é uma única grande cidade, e assim ela deve ser pensada e gerida.
    As burocracias intermunicipais devem ser resolvidas e tratadas pelos gestores públicos, e não apenas jogadas nas costas dos habitantes para que estes se virem e paguem a conta.
    Não é justo que o cidadão seja penalizado com baldeações sem sentido e sobretarifadas, só porquê no seu caminho diário ele precisa cruzar uma ou mais divisas de municípios que integram a mesma área urbana. Ou pior, porque o seu caminho é atendido por diferentes concessionários privados, e o trajeto é fatiado apenas para que se garanta a separação das contabilidades financeiras de cada operador.

  2. Lucas Augusto Milanes disse:

    Já existe, se chama cartão de crédito, assim qq um pode usar sem ter q ver a má vontade dos vendedores nas bilheterias ou nas máquinas horríveis de auto atendimento.

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