EXCLUSIVO: Nova Itapemirim-Suzantur adota tecnologia usada na aviação em CCO com funcionalidades que ajudam na prevenção de acidentes – VÍDEO E ENTREVISTA 504s29
Publicado em: 24 de abril de 2025 3dd61

Em tempo real, central monitora ônibus do país inteiro e pode intervir na hora em casos como sinais de cansaço do motorista, ameaças à segurança pública, acidentes e necessidade de troca de veículos antes que parem na estrada
ADAMO BAZANI
Colaborou Yuri Sena
Da garagem localizada na região do bairro do Limão, na zona Norte da cidade de São Paulo, a Nova Itapemirim-Suzantur consegue saber em tempo real tudo o que acontece com os ônibus, motoristas, ageiros e até nas estradas e nas rodoviárias, mesmo que, literalmente, a milhares de quilômetros de distância.
E não somente isso: é possível intervir para evitar ou resolver em questão de minutos e, às vezes de segundos, diversos problemas, prevenindo acidentes e ocorrências de segurança pública, por exemplo.
Detectores de fadiga mostram na hora e com imagens, sinais de cansaço do motorista.
Pelo sistema integrado de tecnologia, é possível também saber em tempo real a forma como o motorista está dirigindo, velocidade, frenagens e os primeiros alertas de eventuais defeitos mecânicos, indicando a necessidade de troca de ônibus, reduzindo assim as possibilidades de paradas na estrada por causa de quebra.
As câmeras mostram e já informam no momento exato também se o motorista do ônibus da Itapemirim está tomando distância segura dos veículos à frente.
O Diário do Transporte esteve no local e pode constatar que não é exagero. Tudo isso graças a dois pilares: tecnologia aliada a metodologia de trabalho.
Tecnologia, inclusive, que usa um programa de computador chamado SIGLA, criado para a aviação e que foi customizado para operações de ônibus rodoviários.
Este programa atua antes mesmo da viagem. Por algoritmos (conjuntos de números, dados e procedimentos), é possível distribuir melhor a frota de acordo com a demanda. Também são criados canais de comunicação entre os controladores e quem está nas estradas.
O CCO (Centro de Controle Operacional) da Nova Itapemirim-Suzantur monitora, intervém e centraliza em tempo real tudo o que acontece na malha das mais de 100 linhas. de Porto Alegre a Belém.
Câmeras em diversos pontos de cada ônibus; GPS com dados sendo transmitidos em altíssima velocidade via satélite, telões de alta definição, programas avançados de computador e uma equipe bem treinada. Tudo isso forma o sistema de gestão e controle da apelidada “amarelinha” pela cor dos veículos.
O gerente operacional da Nova Itapemirim-Suzantur, Marcos Almeida, explicou que um dos segredos para que toda esta tecnologia realmente seja aproveitada ao máximo é a centralização. Algo relativamente novo no setor de ônibus de longa distância.
“Havendo uma centralização da gestão e do controle, é possível adotar procedimentos padrões e unificados em todo o País, atendo a critérios técnicos e profissionalizados. Ninguém perde tempo procurando quem vai resolver ou cada um decidindo do jeito que acha ou que quer. O ageiro ganha com tudo isso pela rapidez nas respostas. Seja onde for que ocorrer o problema, o funcionário deve entrar em contato com a central de São Paulo, onde temos a solução certa, que foi testada previamente, a ser tomada” – explicou ao Diário do Transporte que acompanhou uma manhã de operação em 19 de abril de 2025, dia estratégico: um sábado de feriado prolongado que emendou quatro dias entre Sexta-feira Santa (18), Sábado de Aleluia (19), Domingo de Páscoa (20) e Tiradentes (segunda-feira, 21 de abril de 2025). A movimentação foi gigante. Neste feriadão, como mostrou o Diário do Transporte, a Nova Itapemirim ofereceu quase 40 mil assentos para os ageiros, dos quais, 6,7 mil extras. Foram cerca de 800 viagens, quase 150 extras.
Relembre:
NÚMEROS:
O CCO da Nova Itapemirim-Suzantur mexe com um universo de milhares de ageiros por dia que usam os ônibus nas mais de 100 linhas que interligam estados diferentes numa malha operacional gigante que cobre desde o Rio Grande do Sul até o Pará.
Os números impressionam e toda a frota é monitorada:
Frota: 203 ônibus, sendo 170 em operação regular diária, 23 de reserva e 10 por dia reservados para manutenção programada;
Quilometragem Percorrida: 100 mil km por dia; 3 milhões de km por mês;
Malha: De Belém a Porto Alegre; mais de 100 linhas;
Viagens: Cerca de 130 viagens por dia, com mais partidas em picos dependendo da demanda;
Profissionais diretos do CCO: 17 no controle, se revezando em 24 horas por dia, sete dias por semana.
CULTURA:
Marcos Almeida disse que tem 30 anos de experiência no setor de ônibus rodoviários. Somente na Itapemirim, ou por três gestões em períodos diferentes. Atuou também em outros grandes conglomerados do segmento, como Viação Águia Branca e Grupo JCA, que reúne companhias como Viação Cometa, Catarinense, 1001, Expresso do Sul, Rápido Ribeirão Preto, entre outras.
O profissional explica que uma das vantagens da atual gestão da Nova Itapemirim é a expertise em ônibus urbanos, cuja característica é a centralização de controle e operação. Por isso, o CCO foi estabelecido de forma completa em três meses, partindo do zero. Um recorde para o setor.
A Nova Itapemirim-Suzantur é a terceira grande empresa rodoviária que Almeida implantou um CCO.
Segundo o gerente, pelo fato de as malhas operacionais de empresas rodoviárias serem muito extensas, cada filial e ponto tinha uma superestrutura e culturas próprias, com procedimentos e formas de atuação nada padronizados. Era como se fossem empresas diferentes e os ageiros sentiam o impaco, por exemplo, das condutas em viagens da ida (a partir de uma base operacional) e na volta (a partir de outra).
Em caso de alguma ocorrência, cada base tinha um procedimento.
Além disso, cada um agia de um jeito e para o bolso das empresas havia um agravante ainda: estruturas mal dimensionadas, com excesso de frota em algumas bases e falta em outras, ainda mais quando havia feriados locais, quando as demandas são diferentes de acordo com as regiões.
Marcos Almeida conta que, na Viação Cometa, por exemplo, quando ou a centralizar a gestão e operação, de 1110 ônibus, a frota foi enxugada para cerca de 850. Uma redução de aproximadamente 25% sem comprometer o atendimento. E, em épocas de alta demanda, com a permissão dos órgãos reguladores públicos, foi possível adotar a estratégia de locar ônibus de empresas de fretamento, que ficam com capacidade ociosa em diferentes épocas.
Na Águia Branca, por exemplo, com a centralização, Almeida disse que foi possível aproveitar melhor os ônibus com banheiro que só rodavam nas linhas noturnas e intermunicipais de maior distância no Espírito Santo, mas que ficavam ociosos na manhã e na tarde em uma das garagens. A empresa foi beneficiada por enxugar a frota sem reduzir oferta de serviços e sem precisar fazer demissões.
Os ageiros das linhas rodoviárias diurnas que andavam em ônibus mais simples, mesmo em trajetos curtos aram a contar com veículos com sanitários e se sentiram agraciados.
A centralização da gestão operacional começou a ganhar força por volta de 2007, mas ainda há hoje em dia muito da questão cultural antiga de grandes estruturas em bases operacionais e, em grupos empresariais mais tradicionais, a transição não foi finalizada, segundo o gerente.
Por isso, uma visão mais moderna e com a expertise do urbano da Suzantur para o rodoviário, para Almeida, foram fatores que facilitaram a implantação do CCO profissionalizado e mais eficiente.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Parabéns à Nova Itapemirim/Suzantur por mais este grande o, benéfico à todas as partes.
A tecnología está aí, basta o bom senso e a iniciativa para usufruí-la.
O investimento não é pouco, mas já rende os seus beneficios desde o começo e se paga no curto-médio prazo.