BYD projeta carregamento de ônibus elétrico independente da rede r4v16

Publicado em: 8 de abril de 2025 1j4re

Gigante chinesa quer colocar no mercado brasileiro soluções que dependam cada vez menos da infraestrutura pública de abastecimento de energia

FÁTIMA MESQUITA – ESPECIAL PARA O DIÁRIO DO TRANSPORTE 

Se no começo os dedos apontavam para o preço do ônibus elétrico como o grande entrave para a substituição dos veículos a diesel, hoje a maior barreira parece estar nas dificuldades que algumas concessionárias de eletricidade têm para garantir energia para as garagens. O problema é especialmente sentido na capital paulista onde muitos operadores têm frotas gigantescas que exigem muito megawatts de potência para abastecer seus ônibus. Mas se depender da BYD, esse é um problema que está prestes a sumir do mapa.

A gigante chinesa tem muitas ideias já na prancheta e uma delas é colocar no mercado brasileiro soluções que dependam cada vez menos da rede elétrica, como explica Marcello Schneider, Diretor de Veículos Comerciais da BYD Brasil: “Temos pensado muito em um ciclo completo com carregadores de alta velocidade e alta capacidade, com as baterias já dentro dele. Esses equipamentos podem ser abastecidos de maneira convencional ou via fotovoltaico e, no momento do carregamento dos ônibus, ele independe da rede. Porque usa a energia armazenada nesse banco de baterias. Um outro estudo que estamos fazendo – e que a WEG também está fazendo – é uma espécie de caminhão com um contêiner de baterias atrás. Esse caminhão pode parar na garagem e abastecer os ônibus, também sem depender da rede local. Enfim, há muitos caminhos e esse é um setor que não para, tem sempre novidade chegando”.

A bagagem da BYD

O Diretor de Veículos Comerciais Marcello Schneider lembra ainda que a BYD já ultraou a marca de um milhão de colaboradores no mundo todo e que mantém, em média, mais de 10% do seu time voltado para apesquisa e desenvolvimento de inovações: “Isto quer dizer mais de 110 mil pessoas dedicadas a evoluções constantes”.

Soma-se a essa equipe de pesquisadores a bagagem que a empresa acumulou por ter hoje uma frota global que chega a quase 100 mil ônibus elétricos em atividade. A maioria desses veículos roda na China, mas a BYD também tem uma presença sólida no transporte coletivo de outros países da Ásia, na África, na América Latina, na Europa e nos Estados Unidos, onde a marca conta com uma fábrica em Los Angeles.

A mesma experiência de sucesso em contextos díspares se consolida também quando o assunto é a estrutura elétrica nas garagens. “Fiz no ano ado uma visita a um operador no subúrbio de Londres, no meio de um bairro antigo. É uma garagem centenária, toda de tijolinho, e já 100% adaptada para a eletromobilidade com carregadores de alta potência que colocam dezenas de ônibus convencionais e double-decks – muitos deles da BYD – pra rodar na cidade. Aí, a gente tem também uma das principais garagens de Bogotá, na Colômbia, que fica no meio de uma favela, e carrega sem problema quase 400 ônibus elétricos ali. O que isso diz pra gente é que tem jeito. Então, a gente vai continuar investindo aqui no Brasil para que o elétrico dê muito certo”, destacaMarcello Schneider.

Fátima Mesquita, jornalista e escritora, especial para o Diário do Transporte