Prefeitos de 24 cidades da região Metropolitana de SP vão processar Aneel para evitar renovação com ENEL e ônibus elétricos devem estar na pauta 1hnw

Decisão foi em reunião nesta segunda-feira (24). Prefeitura da capital paulista atribuiu à distribuidora principal motivo para atraso em renovação da frota do transporte coletivo

ADAMO BAZANI

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) vai levar um processo judicial em conjunto de prefeitos das 24 cidades da Região Metropolitana de São Paulo que são atendidas pela ENEL.

O anúncio foi feito em reunião nesta segunda-feira, 24 de março de 2025, do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana (CDRMSP). Os 24 prefeitos ou representantes participaram do encontro e, com a ação judicial, querem evitar a renovação do contrato de concessão com a distribuidora de energia por mais 30 anos.

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou um termo aditivo que permite a renovação dos contratos de concessão do serviço de distribuição de energia por mais 30 anos. O contrato da ENEL em São Paulo, que se encerraria em 2028, poderá ser estendido com a nova norma.

“A Agência Nacional de Energia Elétrica está procurando fazer uma manobra desonesta de antecipar o contrato que vence em 2028, de uma empresa que não respeita as pessoas, que toda hora dá problema para os 24 municípios que eles atendem aqui no Estado de São Paulo”, disse, em nota, o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes.

Além de problemas em relação às interrupções, demora para restabelecer o fornecimento de energia, serviços de poda de árvores em atraso e impactos nos serviços em geral nos municípios da Região Metropolitana, os entraves para a ampliação da frota de ônibus elétricos na cidade de São Paulo também devem ser relatados na ação judicial.

Como revelou o Diário do Transporte, existem ao menos 80 ônibus elétricos zero quilômetro parados, sem poder operar porque, segundo a prefeitura da capital paulista e as viações, a ENEL não adapta as redes de distribuição de energia dos bairros e não faz as ligações necessárias para as garagens.

A reportagem esteve em garagens de diferentes regiões da capital e verificou que estão com a infraestrutura interna instalada: carregadores de baterias, transformadores e cabines de isolamento.

Mas nada funciona porque não há ligação.

Relembre:

/2025/03/17/quando-as-empresas-de-onibus-falam-videos-e-entrevistas/

Além de estruturas paradas, as empresas de transportes estão sendo obrigadas a fazer grandes deslocamentos com os ônibus elétricos vazios para carregar as baterias em outras companhias da cidade que já conseguiram alguma infraestrutura nas garagens. Isso, segundo as companhias, na prática, aumenta os custos operacionais do sistema da capital paulista, reduz a autonomia das baterias e, consequentemente, a disponibilidade dos coletivos aos ageiros, isso porque, parte da energia armazenada nas baterias foi gasta nestes deslocamentos que ocorrem porque as garagens próprias ainda não receberam a ligação.

Relembre:

/2025/03/23/exclusivo-transuniao-e-obrigada-a-carregar-onibus-eletricos-em-garagem-de-outra-empresa-express-por-falta-de-infraestrutura-da-enel/

Especialistas apontam que a maior parte dos bairros da cidade de São Paulo conta com redes de baixa tensão de distribuição. Mas para frotas de cerca de 50 ônibus convencionais elétricos ou 30 articulados com bateria são necessárias redes de média tensão e, acima disso, até mesmo de alta tensão.

Ao Diário do Transporte, a ENEL disse, por diversas notas, que está cumprindo os cronogramas de adaptação e que se reúne praticamente todas as semanas com as empresas de ônibus e com a SPTrans (São Paulo Transporte), da prefeitura, que gerencia a frota.

A cidade de São Paulo tinha uma meta para, no período entre 2021 e 2024, colocar em operação em torno de 2,6 mil ônibus elétricos, o equivalente a 20% de toda a frota de coletivos municipais. Mas, até 31 de dezembro de 2024, eram apenas 301 ônibus com baterias, e 201 trólebus, que já existem há décadas. Ou seja, apenas 11,5% de coletivos com baterias ou 18,5% se forem considerados os trólebus. Atualmente, no fim de março de 2025, são cerca de 320 coletivos com baterias apenas.

A avanço abaixo do esperado da eletrificação também comprometeu outra meta da prefeitura de São Paulo sobre ônibus no Plano 2021/2024: toda a frota municipal com ar-condicionado, wi-fi e tomadas USB para recarga de celulares. A meta 49 era _“Garantir que 100% dos ônibus estejam equipados com o à internet sem fio, tomadas USB para recarga de dispositivos móveis e ar-condicionado”_ e teve apenas 83% alcançados. De 13 mil ônibus, cerca de 10 mil têm estes itens. O fato de a eletrificação da frota não avançar também tem relação com esta meta. Isso porque, desde 17 de outubro de 2022, as empresas não podem mais comprar ônibus a diesel 0 km. Como não há estrutura para os elétricos, a SPTrans (São Paulo Transporte) permitiu com que a idade máxima dos coletivos em circulação asse de 10 anos para 13 anos e os modelos mais velhos não possuem estes itens.

Veja os planos (frustrados) de metas para transportes na cidade de São Paulo neste link:

/2025/03/22/transportes-por-onibus-na-cidade-de-sao-paulo-foi-um-dos-itens-com-menos-metas-atingidas-no-plano-de-2021-a-2024/

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários 72495v

  1. Edson disse:

    Enel é um lixo de empresa,rede precária,fica caindo constantemente, oscilando e trazendo prejuízos.
    Já perdi alimentos e dois eletrônicos por conta das quedas de energia que acontecem constantemente,os reparos são demorados e a empresa nunca avisa quando vão acontecer,você sai para trabalhar e quando chega em casa não tem energia e certas vezes pelo tempo sem energia,se perde alimentos e até eletrônicos

  2. Sergio Abel Pereira dos Santos disse:

    O maior erro da prefeitura foi partir para a eletrificação forçada sem ter toda a infraestrutura pronta primeiro (mas toda mesmo). A população paga a conta da incompetência dessa “jestão”, como se já não bastasse a dor de cabeça que a ENEL causa.

  3. SILVIO FERREIRA disse:

    Não adianta mover ações, contra esta empresa. Ela tem influência no alto escalão e financia partidos políticos.

  4. Arthur C Clarke disse:

    Concessionárias de energia no Brasil viraram um caso de polícia, são empresas corruptas e de má-fé com o consumidor. A Aneel é apenas a gestora do esquema de corrupção do sistema elétrico brasileiro.

Deixe uma respostaCancelar resposta 2p5c4z

Descubra mais sobre Diário do Transporte 5w136p

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter o ao arquivo completo.

Continue reading