OPINIÃO do EDITOR: Mototáxi. Que tal debater uma nova legislação em vez de fazer guerra de narrativas? 4s2i3s

Na letra fria da lei, tanto quem é a favor, como quem é contra, tem razão.  Mas na prática, há realidades diferentes para cada tipo de cidade que o papel da legislação não contempla

ADAMO BAZANI

Com a capital paulista sendo a maior protagonista de um debate que deve ser em nível nacional o importante debate sobre os serviços de mototáxis, seja por aplicativo ou por empresas menores, está se perdendo num jogo de narrativas.

Na letra fria da lei, tanto quem é a favor, como quem é contra, tem razão.  Mas na prática, há realidades diferentes para cada tipo da cidade que o papel da legislação não contempla.

Este tipo de serviço traz uma série de aspectos envolvidos: a livre iniciativa, uma alternativa de geração de renda para pessoas que possuem poucos recursos, interesses financeiros de grandes corporações por trás de empresas por aplicativos, aumento de acidentes e mortes no trânsito, o prejudicial esvaziamento do transporte coletivo (um dos pilares para a solução da mobilidade), entre outros.

O Brasil tem um problema crônico na legislação, que são as leis estarem um pouco destoantes da realidade mais prática da vida dos cidadãos. Se for analisar sob o ponto de vista da lei federal, o que está escrito mesmo no papel, criaria-se uma polêmica muito grande mesmo sobre poder ou não ter a moto para o aplicativo, sobre as prefeituras poderem ou não proibirem ou simplesmente terem apenas de regular.

São fortes as argumentações dos dois lados.

O caminho seria mudar a legislação nacional e deixar mais específica a lei de mobilidade quanto a isso.

Por exemplo, estabelecendo os critérios, permitindo com que prefeituras, dentro de determinados parâmetros, possam proibir, restringir ou liberar.

Que parâmetros seriam esses?  O que daria a prefeitura o direito de proibição ou restrição?: Número de habitantes, número de acidentes e mortes por habitantes envolvendo motos e a oferta de transporte coletivo nessa determinada cidade também por quilômetro e número de habitantes.  O que acham de a gente começar a trazer esse debate, deixar a lei mais específica nacionalmente para isso?

Mas o debate tem de ir além de números e ser mais humanizado.

É o que defende o superintendente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), Luiz Carlos Nespoli, o Branco, em conversa com o Diário do Transporte

Nespoli diz que existe uma questão comportamental do condutor brasileiro que também precisa ser levada em conta antes de se pensar na regulamentação.

“A acidentalidade da motocicleta deriva em grande parte do comportamento do condutor no trânsito. O que se percebe é que a irregularidade é a tônica. Uma eventual lei que venha regulamentar o mototáxi por aplicativo, estabelecendo regras para prestação de transporte remunerado de ageiros, por si só, não terá eficácia na alteração nesse comportamento dos motociclistas no trânsito. Com a eventual regulamentação do mototáxi, se acrescentará mais uma pessoa a ser transportada pela motocicleta, o ageiro, e com muito mais frequência do que se observam caronas eventuais de parentes e amigos. Não é difícil imaginar o possível reflexo desse aumento de caronas no crescimento do número de vítimas em acidentes. O assunto é mais complexo do que se imagina e não são soluções simples, como só regulamentar e atuar na fiscalização, que irão resolver esse grave problema social que entope prontos socorros e hospitais e oneram sobremaneira os orçamentos públicos. É indispensável que a istração municipal invista na qualidade do transporte público. Persistindo, no entanto, a ideia da regulamentação do mototáxi, sem que que se compreenda a complexidade do problema, simplesmente se estará analisando uma questão que remente apenas a uma atividade comercial, mas responsabilizando o poder público pelas consequências dessa decisão”

Assim, deve haver uma previsão legal e que dê segurança jurídica a todas as partes envolvidas.

Nada de proibir por proibir ou liberar por liberar.

Há vidas e mortes em jogo.

Serviços essenciais de ônibus, trens e metrô sendo renegados no debate.

Trânsito e poluição (atmosférica, sonora e visual) que só aumentam não estão sendo levados em consideração.

Existem na questão das mototáxis, interesses econômicos, desde o motoboy que quer levar seu sustento até grandes corporações como as que estão por trás da 99 e da Uber.

Assim, guerra de narrativas não ajuda em nada.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

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  1. Santiago disse:

    Concordo.
    Aliás o prefeito que declara guerra contra os mototáxis, é o mesmo prefeito que omite-se de fazer uma gestão séria no nosso transporte publico municipal, fingindo que a atual ineficiência do sistema não existe.

    Os ageiros estão exaustos com esperas intermináveis em pontos e em terminais de integração, e exaustos com a superlotação diária e desumana em ônibus escassos e mal projetados.
    Os ageiros gostariam de contar com um transporte público que funcionasse com um mínimo de eficiência e de decência, mas desistiram de ter esperanças nisso.
    Os ageiros buscam os aplicativos não por luxo. Mas sim por necessidade, gastando diariamente um dinheiro a mais que vai lhes fazer falta no fim do mês, para não atrasarem nos seus compromissos e também para conseguirem um tempo a mais com a família.

    Quanto ao perigo das motos, concordo que ele está mais em quem e como as conduzem.
    Lembro que há uns dez anos atrás a Polícia Militar intensificou pra valer as blitz encima de motos em situações irregulares, e o índice de acidentes graves à época literalmente despencou!

  2. Edilson disse:

    A melhor solução seria a adoção de microcarros (como os europeus) no serviço de transporte único de ageiros. Seriam um concorrente dos moto-ubers. Só proibir os moto-uber sem colocar uma solução viável só forçará a ilegalidade.

  3. ADRIANO PAULO FERREIRA SANTOS disse:

    Moto táxi se só vai aumentar o índice de acidente e mais mortes e vcs estão esquecendo quem está adorando essa guerra e a 99 e a Uber que são empresas estrangeiras. E ninguém quer se responsabilizar por nada fala que ela terá total responsabilidade e seguros que ela cai fora rapidinho. Aí acaba o debate.

  4. Mah disse:

    Transporte de ageiros por moto, Uber moto ou mototaxi, não é a solução.
    É sabido por todos que as taxas de frequência e gravidade dos acidentes com moto são elevadas. Sem contar a poluição sonora e ambiental causadas por este tipo de veículo, e falta de higiene na utilização dos capacetes. Se seguirmos este raciocínio vamos concordar que o riquixa e o tuc tuc também são alternativas.
    Resumindo: São Paulo não tem porque não queremos este retrocesso.

  5. Rafael disse:

    EU SOU MOTOBOY, FAÇO SERVIÇOS DE MOTO TAXISTA TAMBÉM,MAIS TÁ UMA BAGUNÇA, ANTIGAMENTE SÓ PODIA FAZER SERVIÇOS DE MOTOBOY,QUEM ESTIVESSE FEITOS CURSOS DE MOTO FRETE OU MOTOTAXISTA,AER NA HABILITAÇÃO MAIS PLACA VERMELHA.
    O ARTIGO 943 DO DENATRAN SÓ PODER FAZER SERVIÇOS DE MOTOTAXISTA OU MOTO FRETE QUEM ESTIVER COM ESSES CURSOS.VOCES ACHAM CERTO UMA PESSOA SEM EXPERIÊNCIA NENHUMA LEVAR UMA PESSOA NA GARUPA.
    VCS NÃO TEM NOÇÃO QUE ESSA MOLECADA FAZ NA PISTA.MUITO ESTÃO DROGADOS OU BÊBADOS
    TERIA QUE EXIGIR ALEM DOS CURSOS TESTE DE TOXICOLÓGICO.

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