EXCLUSIVO: Mesmo sendo literalmente vizinha de rede da ENEL, Movebuss não tem ligação para carregadores de ônibus elétricos, apesar de ter pedido em fevereiro de 2024 – ENTREVISTA 6s5d4n
Publicado em: 14 de março de 2025 2i1c15

Mais de 80 ônibus elétricos somente nesta primeira fase não podem rodar pela empresa que possui 82 veículos com mais de 10 anos e que já deveriam estar aposentados, mas ainda rodam e quebram mais
ADAMO BAZANI
Colaboraram Arthur Ferrari e Luiz Romagnoli
ASSISTA:
Antes que os “técnicos de plantão na internet” se rebelem. Ninguém está falando que somente a distância da rede interfira, mas não há como negar que é emblemática a situação…um muro separando da rede, mas desde fevereiro de 2024 não é feita a ligação.
Ser literalmente vizinha de uma rede de distribuição da ENEL não ajudou em nada uma garagem de ônibus a ter sua infraestrutura conectada para conseguir colocar em operação 82 ônibus elétricos e 17 carregadores na zona Leste de São Paulo.
A companhia é a Movebuss, localizada na Vila Alpina, e que atende bairros do limite com Mauá, São Mateus, Vila Moares, Sacomã, Heliópolis, entre outros.
E o pior, além de ser vizinha da rede de alta tensão da ENEL, a empresa diz que fez o pedido de ligação pela primeira vez em fevereiro de 2024, portanto, há mais de um ano.
“A ENEL cancela toda hora, Todos os prazos que foram sendo acordados ao longo do processo foram sendo descumpridos”. – disse o presidente da Movebuss, Antônio Alves de Oliveira, em entrevista ao Diário do Transporte.
“Somente com os carregadores, tivemos de pagar R$ 6,5 milhões para instalar, mas está tudo parado. Já os ônibus, que não podem chegar, vão custar mais de R$ 200 milhões” – contou.
São 315 mil ageiros por dia em 35 linhas que andam em 82 ônibus que operam na faixa de idade máxima estendida pela SPTrans (São Paulo Transporte), que gerencia os transportes da cidade, entre 10 anos e 13 anos.
São veículos que apresentam menos conforto para o cidadão que paga R$ 6,5 bilhões de subsídios ao sistema de transportes em por meio da arrecadação da prefeitura, além de R$ 5 a agem. Estes ônibus mais antigos não possuem ar-condicionado, fazem mais barulho, sacolejam mais, trepidam mais.
Estes coletivos também estão mais sujeitos a quebras por serem velhos e de uso intenso e severo, como é uma operação de ônibus urbanos, ainda mais em periferias, como é a área de atuação da Movebuss,
Atualmente, a frota da empresa para as operações das linhas é de 489 ônibus.
O Diário do Transporte procurou a ENEL na quinta-feira, 13 de março de 2025, antes da publicação da reportagem, somente no sábado, 15 de março de 2025, depois de quatro insistências, que a distribuidora de energia se manifestou.
A Enel São Paulo informa que o projeto da Movebuss está em análise, resposta que deve ser dada ao operador até abril.
A companhia reforça que estão sendo feitos todos os esforços para cumprimento dos contratos de obras. A Enel esclarece que, em 2024, entregou obras de infraestrutura para abastecimento de energia para seis operadoras de ônibus, numa demanda total de quase 9 MW. Nos dois primeiros meses de 2025, a distribuidora concluiu obras para outras 8 operadoras, somando cerca de 17 MW, quase o dobro da demanda de energia entregue no ano ado. Para este ano, a Enel está trabalhando para entregar um total de 45.7 MW de energia para operadores de ônibus.
A empresa tem realizado reuniões semanais com os operadores, sempre com o acompanhamento da SPTrans. É analisada cada uma das possíveis soluções, que podem variar de acordo com aspectos técnicos, econômicos e a definição dos operadores
A Movebuss é mais um caso de garagem que tem infraestrutura parada, diversos ônibus com mais de 10 anos rodando e que não pode colocar em circulação os veículos elétricos porque alega que a ENEL não faz a ligação.
De acordo com o prefeito Ricardo Nunes, são 80 ônibus elétricos parados sem poder circular por causa da situação. As empresas dizem que considerando o número de veículos também prontos nas fábricas ou que já deram entrada nas linhas de produção, são cerca de 200 unidades.
A cidade tem 430 ônibus elétricos rodando, bem abaixo dos 2,6 mil prometidos em 2021 nas metas da Prefeitura para o fim de dezembro de 2024.
Desde 17 de outubro de 2022, as viações não podem mais comprar modelos a óleo diesel. Como a eletrificação não avança, a SPTrans, ampliou o limite de idade dos ônibus atuais a diesel de 10 anos para 13 anos.
FROTA VELHA 2w2760
O Diário do Transporte mostrou que São Paulo tem 2.711 ônibus com idades entre 10 anos e 13 anos operando. A ampliação da idade máxima da frota da cidade, de 10 anos para até 13 anos, foi uma medida emergencial da SPTrans para suprir a falta de infraestrutura que impede mais elétricos e, ao mesmo tempo, manter a proibição dos novos veículos a diesel.
/2025/01/23/cidade-de-sao-paulo-possui-2-711-onibus-com-dez-anos-ou-mais-em-circulacao/
O Diário do Transporte tem mostrado que muitas garagens estão prontas dos muros para dentro e que algumas delas possuem dezenas de ônibus elétricos parados porque solicitaram ligações e adaptações das redes de distribuição, mas a ENEL não fez ainda. É o caso da empresa Mobibrasil, da zona sul, que tem 33 ônibus parados em uma das garagens, apesar de ter pedido a ligação em julho de 2024. A A2 Transportes, outra empresa da zona Sul, pediu a ligação para a ENEL em fevereiro de 2024, e não foi atendida ainda. A viação diz que não consegue concluir as compras e já têm mais de 130 ônibus a diesel com mais de 10 anos rodando, sendo que deveriam ter sido trocados. A Transunião, na zona Leste, tem mais da metade da frota com mais de 10 anos em uma das garagens porque ENEL não conclui ligação para ônibus elétricos. Oficina vive lotada, disse o diretor operacional da empresa, Edgard Paiva da Rocha. Demanda total é de cerca de quase 300 mil ageiros por dia. São dois pátios com 33 carregadores instalados desde agosto de 2024 que custaram R$ 14 milhões, mas estão sem serventia porque a energia necessária não chega às garagens.
JORNALISMO QUE DÁ RESULTADO: 644569
ENEL INICIANDO LIGAÇÃO NA GARAGEM DA MOBIBRASIL EM 15 DE MARÇO DE 2025. EXATAMENTE UMA SEMANA DEPOIS DE O DIÁRIO DO TRANSPORTE TER IDO AO LOCAL EM 08 DE MARÇO DE 2025
– ENTREVISTAS EM VÍDEO 6t5q6v
Há viações que já estão com equipamentos carregadores e transformadores internos já instalados nas garagens, mas não podem renovar frota porque o financiamento depende de aval que só ocorre se a rede de energia estiver adequada.
Mais uma vez, o Diário do Transporte entrou em contato com a ENEL.
METAS DA CIDADE:
As metas da prefeitura de São Paulo de 2,6 mil ônibus elétricos entre todas as empresas da cidade rodando até o fim de 2024 não foram alcançadas, principalmente pela falta de infraestrutura de recarga e distribuição de energia da ENEL para dar conta da demanda. Em toda a cidade, são atualmente, em fevereiro de 2025, menos de 500 unidades não poluentes a bateria e 201 trólebus, que precisam estar conectados à fiação aérea para rodarem.
Em 23 de janeiro de 2025, durante a entrega de um lote de 100 coletivos com baterias, o prefeito Ricardo Nunes disse que a cidade deve receber cerca de 600 ônibus totalmente elétricos com bateria ainda neste ano. Isso elevaria a frota para cerca de 1.200 unidades, contando com os trólebus, mas ainda assim seria bem inferior aos 2.600 coletivos anunciados para até o final de 2024. Na ocasião, Nunes disse, em resposta ao Diário do Transporte que esteve no evento, que é preferível ampliar a idade dos ônibus atuais em até três anos a itir a volta da compra de veículos a diesel, já que caso fossem comprados, poderiam operar por mais dez anos no sistema.
Relembre:
No fim de 2024, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou um projeto de lei, de autoria do ex-presidente da Casa, Milton Leite, que permitiria a volta da compra de 50% da frota a diesel Euro 6. Por causa da falta de infraestrutura para elétricos, a frota geral de ônibus da cidade tem envelhecido, uma vez que as viações estão proibidas de comprar modelos a diesel desde 17 de outubro de 2022. A SPTrans ampliou a idade máxima permitida dos ônibus de 10 anos para 13 anos.
O prefeito Ricardo Nunes aprovou apenas parcialmente o projeto de lei, vetando a possibilidade da volta de compra de modelos a diesel, mas sancionou outros pontos, como um que abre mais segurança para a busca de outras alternativas menos poluentes, como GNV (Gás Natural Veicular) e biometano (gás obtido pela decomposição de resíduos). As empresas de ônibus devem apresentar em 90 dias as necessidades de infraestrutura para a ENEL, no caso dos elétricos, ou para a COMGÁS, no caso do GNV. Estas distribuidoras têm 90 dias para concluir os projetos, mas não há prazo para execução e entrega das obras.
As metas intermediárias foram ajustadas, mas as finais, como zerar as emissões de CO2 até 2038 foram mantidas. Com isso, as alternativas que não sejam eletricidade ou hidrogênio são encaradas como para o momento de transição.
GÁS NATURAL PARA ÔNIBUS:
Empresas como a Sambaíba, na zona Norte, estudam aderir projetos de GNV para ônibus e, como mostrou o Diário do Transporte, preparou um modelo a diesel para ser convertido.
O prefeito Ricardo Nunes disse em 11 de fevereiro de 2025, que determinou estudos para verificar a viabilidade da implantação de ônibus a gás natural na cidade.
Os trabalhos estão sob responsabilidade do Secretário Executivo de Mudanças Climáticas, José Renato Nalini, e as discussões serão no âmbito do Comfrota (Comitê Gestor do Programa de Acompanhamento da Substituição de Frotas por Alternativas Mais Limpas).
O Comitê é vinculado à Seclima (Secretaria Executiva de Mudanças Climáticas).
Relembre:
LEI BARRADA POR AÇÃO DO PSOL:
A nova lei sobre descarbonização da frota, Lei Municipal nº 18.225, de 15 de janeiro de 2025, oriunda do projeto de Milton Leite de dezembro de 2024 e aprovada parcialmente por Nunes em janeiro de 2025, no entanto, teve seus efeitos temporariamente suspensos por determinação do desembargador Mário Devienne Ferraz do Órgão e Câmara Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, que atendeu parcialmente Ação Direta de Inconstitucionalidade movida pelo PSOL.
A lei não está anulada. A decisão, publicada em 10 de fevereiro de 2025, suspende a aplicação da lei até o julgamento final da ação.
Relembre:
Entre outras alegações, o partido alega que o Projeto de Lei 825/2024, de autoria do ex-presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, não apresentou estudo de impacto ambiental e que flexibiliza regras, reduzindo a obrigatoriedade da compra de modelos de ônibus menos poluentes.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Vergonhoso demais.
Sabe o que eu acho engraçado, a garagem MoveBuss crítica a Eletropaulo referente a energia, mas a mesma garagem não resolve um problema bem simples que é o barulho excessivo das ferramentas da oficina no período da noite desrespeitando a lei do Psiu e os moradores do condomínio Amazonas, que é vizinho da garagem. Já foram feitas varias reclamações na prefeitura e nada resolve.
Então fica aqui minha indignação, pois ela reclama de uma coisa e não resolve outra que é mais simples