ESPECIAL: BRT completa 50 anos no Brasil entre avanços e banalizações e, agora, ruma para eletrificação 552c1a
Publicado em: 2 de dezembro de 2024 6p1d6n

Primeiro sistema brasileiro surgiu em Curitiba no ano de 1974 em reorganização do crescimento da capital paranaense
ADAMO BAZANI
BRT, sigla para Bus Rapid Transit.
Uma nomenclatura “em inglês”, mas que teve o Brasil como um dos responsáveis por consolidar um modelo de transportes que privilegia os deslocamentos coletivos e ajuda a reorganizar as cidades por meio de eixos estruturantes (corredores/canaletas) que oferecem exclusividade aos ônibus resultando em maior velocidade, viagens mais rápidas e menos custos operacionais e poluição, já que separa as operações do trânsito comum.
O BRT no Brasil completou 50 anos em 2024.
De acordo com o BRTData, que acompanha a situação destes corredores pelo mundo, há 5,9 mil km de BRTs em 191 cidades, por onde am diariamente 39,5 milhões de pessoas.
Há dez anos, quando o Diário do Transporte fez uma reportagem sobre os 40 anos de BRT, de acordo com a mesma fonte, eram 31,3 milhões de ageiros por dia, com 4, 6 mil km em 181 cidades.
O crescimento foi de 28,2% em quilometragem, 5,5% em número de cidades e 26,2% em número de ageiros
Relembre:
/2014/09/22/brt-completa-40-anos-e-mostra-que-e-uma-das-solucoes-para-o-presente-e-futuro/
Baixos custos, fácil implantação:
Entre as vantagens de um BRT, estão baixo custo de implantação e operação, além de obras mais descomplicadas.
Os valores e a capacidade variam muito de acordo com cada projeto.
Mas em geral, estimativas da UITP (União Internacional de Transportes Públicos), com números de 2024, apontam que a implantação de um quilômetro de BRT para uma demanda média de 20 mil a 30 mil ageiros/hora sentido custa R$ 25 milhões.
Um quilômetro de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) custa em média R$ 80 milhões para 30 mil a 35 mil ageiros hora/sentido.
Já um monotrilho pode ter o quilômetro orçado entre R$ 100 milhões e R$ 300 milhões para uma demanda média de 25 mil a 30 mil ageiros/hora sentido
Já metrô pode chegar em R$ 1 bilhão o quilômetro, mas a demanda alcança, em média, 70 mil pessoas/hora sentido.
O primeiro sistema brasileiro de BRT foi em Curitiba, sendo inaugurado em 22 de setembro de 1974 quando o então prefeito Jaime Lerner, acompanhado de técnicos e estudiosos como Rafael Deli, Moreira Garcês, Lubomir Ficinski, Franchette Rischbieter, Nicolau Kluppel, entre outros, implantou o sistema de canaletas exclusivas para os ônibus expressos com embarque em nível.
A primeira linha contava com 20 ônibus no eixo Norte-Sul, entre Santa Cândida/Praça Rui Barbosa e Capão Raso/Praça 19 de Dezembro.
Apesar de Curitiba ajudar na consolidação do BRT no mundo, há relatos anteriores de outros sistemas semelhantes, como em 1973, em Otawa, no Canadá, que criou faixas exclusivas para os ônibus circularem. Bem antes, nos Estados Unidos, já se teve o registro de delimitações de espaços exclusivos para ônibus. Foi o East Side Trolley Tunnel em Providence, Rhode Island. O sistema foi convertido do uso de bondes para ônibus em 1948.
Um dos BRTs mais emblemáticos no mundo é o Transmilênio, em Bogotá, na Colômbia. Considerado o maior BRT em capacidade do mundo, com 40 mil ageiros por hora sentido, teve a construção iniciada em 1998, na gestão do prefeito Enrique Peñalosa Londoño. A inauguração foi em 18 de dezembro de 2000.
Apesar de o Transmilênio apresentar sinais de esgotamento e Bogotá necessitar de uma rede de trilhos de alta capacidade, não se pode mais pensar a capital colombiana sem o BRT, que está em necessária expansão. Assim como em Curitiba e em outras cidades onde foi implantado, o BRT em Bogotá reorganizou o crescimento e melhorou a convivência no espaço urbano.
Em 2019, o Diário do Transporte esteve no sistema à contive da fabricante Volvo.
Relembre:
Em 2024, o Diário do Transporte voltou a Bogotá a convite da fabricante BYD, já acompanhando a eletrificação do sistema de transportes colombianos que, por estratégia, não começou no BRT, mas nas linhas alimentadoras.
Relembre:
BANALIZAÇÃO, EVOLUÇÃO E ELETRIFICAÇÃO:
De lá pra cá, muita coisa, obviamente evoluiu, mas também se banalizou.
No afã de saírem “bem na fita”, gestores públicos entregam corredores simples, com baixo nível de exclusividade aos ônibus, ou mesmo faixas pintadas no solo, e chamam estes espaços de BRT.
Isso sem contar os corredores que possuem piso de asfalto comum que, em pouco tempo, não aguenta o peso dos ônibus e começam a afundar e criar buracos.
Isso acaba “queimando” a imagem de uma solução que não tem o objetivo de competir com trilhos, mas que melhora muito a mobilidade quando se integra a uma rede de transportes multimodal.
BRT para ser BRT devem ser atendidos alguns critérios mínimos, como: 4z1j1r
– Separação de fato do trânsito em todo o trajeto;
– Estações ao longo da extensão em vez de pontos e paradas;
– Terminais integrados a linhas de ônibus alimentadoras e a outros meios de transporte;
– Pré-embarque (pagamento da agem nas estações e não dentro do ônibus);
– ibilidade total com embarque em nível (piso das estações na mesma altura do assoalho do ônibus ou ônibus com piso baixo e calçamento com guias mais altas), além de inclusão para pessoas com deficiências visuais e mentais e com TEA (Transtorno do Espectro Autista);
– Informações abrangentes aos ageiros, como mapas de linhas, conexões, integrações, horários e previsão de tempo de espera, avisos sonoros de paradas;
– Pavimentação adequada para o peso e alto fluxo de ônibus, preferencialmente pavimento rígido (concreto);
Não é uma ilha:
BRT também não pode ser uma espécie de ilha.
Não adianta ter somente BRT em cidades que precisam de trilhos de alta capacidade, como metrô de fato e trens suburbanos. Também é incompleto um sistema que possui BRT de alta qualidade, mas com linhas alimentadoras ruins que não levam adequadamente as pessoas dos bairros mais afastados até os corredores e terminais.
O BRT é um elemento, mas não única estrutura de serviço de mobilidade.
Inovações e eletrificação:
Ao longo do tempo, o BRT recebeu inovações estruturais e tecnológicas, como informações em tempo real aos ageiros, acompanhamento das operações por centrais de controle, sistemas de segurança de trânsito e contra criminalidade e, um dos marcos históricos foi a criação dos ônibus biarticulados (mais abaixo veja toda a história dos biarticulados).
Agora, estes sistemas partem para a era da eletrificação.
Tanto é que a maioria dos BRTs em projetos de construção no Brasil e no mundo já preveem frotas parciais e integrais de ônibus elétricos.
No dia 28 de novembro de 2024, em seminário sobre os 50 anos de BRT no Brasil, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, em seu último ano da gestão, anunciou que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) liberou R$ 380 milhões para a compra de 54 ônibus elétricos. No mesmo evento, o vice-prefeito Eduardo Pimentel, que foi eleito para assumir a gestão a partir de 2025, prometeu que a eletrificação seria um dos pilares da nova concessão do sistema curitibano.
Relembre:
Outros sistemas incorporaram ônibus elétricos nos projetos de construção ou expansão de BRTs, como BRT-ABC (entre parte do ABC Paulista e a capital); Grande Belém; Salvador; Cuiabá a Várzea Grande, entre outros.
CAPITAL PAULISTA DEIXA A DESEJAR QUANTO A BRT:
Com mais de doze milhões de habitantes, sete milhões de ageiros por dia, 13 mil ônibus e 17 mil km de vias, a cidade de São Paulo, em 2024, no ano em que o BRT completou 50 anos, tinha apenas 8,2 km de BRT, o Expresso Tiradentes, entre a região Sudeste, foi inaugurado em 8 de março de 2007, ligando o Terminal Mercado ao Terminal Sacomã. Em 10 de março de 2009, o Expresso Tiradentes foi estendido até o Terminal Vila Prudente.
O sistema sofreu diversas interdições de trechos ao longo do tempo por problemas relacionados à infraestrutura e conservação e um estudo a pedido da prefeitura chegou a apontar riscos à segurança aos ageiros, mas depois a gerenciadora dos ônibus da cidade (SPTrans – São Paulo Transporte) “suavizou” o termo, como mostrou o Diário do Transporte.
Relembre:
HISTÓRIA DOS ÔNIBUS BIARTICULADOS:
- O primeiro biarticulado do Brasil foi para Curitiba, lançado em 1991. Era um Volvo B58E, com carroceria Ciferal, de 25 metros de comprimento.
- Em 1995, era testado o primeiro biarticulado da cidade de São Paulo. O modelo foi um Torino LS.
– Relembre história: /2016/08/21/historia-torino-nome-forte-que-vence-as-decadas/
- Segundo a SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora do sistema de ônibus da cidade de São Paulo, em resposta ao Diário do Transporte, a maior frota em operação ao mesmo tempo de biarticulados foi com 122 veículos que permaneceram cadastrados até o período de julho de 2008 à novembro de 2008. O modelo ganhou tanto destaque que, numa reportagem da Revista Isto É – Dinheiro, de 01º de dezembro de 2009, intitulada “O papa das catracas”, em alusão ao empresário José Ruas Vaz, que já teve a maior frota em circulação na capital paulista, foi ressaltada a compra de 100 unidades do biarticulado.“Responsável por metade da frota de ônibus paulistana, Ruas diz que continuará investindo em novos veículos, buscando cada vez expandir seus negócios. “Enquanto eles insistem com os ‘cacarecos’, eu compro tudo novinho”, diz. Mantendo a tradição, Ruas acaba de pagar cerca de R$ 120 milhões por 100 unidades do modelo biarticulado da Volvo – todos os veículos serão encarroçados pela própria empresa de Ruas, a Caio Induscar. – dizia trecho da reportagem à época.Relembre:/2020/08/23/especial-em-extincao-na-cidade-de-sao-paulo-biarticulados-somam-97-unidades-na-frota-da-capital/
- No ano de 2000, um trólebus especialmente encarroçado pela Marcopolo, com design totalmente diferente dos demais, chegou a circular sobre o Rio Tamanduateí na Avenida do Estado, por um período de quatro meses. O modelo, que começou a ser desenvolvido em 1997, era para o “Fura-Fila” um sistema de trólebus com guias laterais que circularia em elevados. Hoje, incompleto em relação ao projeto original, o sistema não é de trólebus e nem tem guias laterais, sendo um corredor de ônibus BRT denominado Expresso Tiradentes. A continuação da linha deve ser de monotrilho, mas o projeto de trens leves com pneus sofre atrasos de mais de cinco anos, está 83% mais caro e só tem duas estações em operação num trecho de apenas 2,3 km . Relembre a história: /2017/03/12/historia-10-anos-de-expresso-tiradentes/
- Em 2009, foi realizada uma das maiores compras únicas de biarticulados do mundo. O empresário José Ruas Vaz, da cidade de São Paulo, adquiriu 100 unidades do modelo biarticulado da Volvo por R$ 120 milhões (valor da época).
- A ideia de ônibus biarticulado surgiu em Gunnar Marden (Suécia), no ano de 1947, quando a Scania-Vabis testou um protótipo de ônibus para puxar três trailers.
- Em 1981, a Mercedes-Benz lançou o O305GG, um trólebus bidirecional (como no metrô, há cabine de condutor nos dois extremos), com guias laterais. Relembre neste link: /2017/06/18/historia-um-onibus-de-duas-caras/
- Em 1982, o primeiro ônibus biarticulado com características convencionais era lançado pela MAN. O modelo MAN Sgg280H tinha 24 metros. Eram 73 assentos e o motor ficava na parte traseira e era horizontal.
- Em 1983, a fabricante Jieke Ka Lu Sha lançou o primeiro biarticulado com motor dianteiro do mundo, que se tem conhecimento. O modelo de 22,5 metros operou por dois anos na cidade de Shenyang, mas não deu certo porque era de difícil manobra.
- O primeiro ônibus de motor vertical (parecido com o brasileiro B9SALF ou B360S) que se tem registro foi lançado em 1986. Era o modelo GX237, depois batizado de Megabus. O veículo foi feito numa parceria entre a chinesa Heuliez e a sa Renault. O motor Mack de 6 cilindros, 11 litros e 280 cv vertical era na traseira. Depois de três anos de testes, o modelo começou a operar comercialmente na cidade de Bordeaux, na França. Em 1989, foram encomendadas dez unidades para linhas regulares. A cidade ou a deter, na época, a maior frota de biarticulados do mundo e a Renault era a maior fabricante.
- No ano de 1988, a húngara Ikarus lança um biarticulado que ditaria as regras do mercado, apesar de, curiosamente ter sido um fracasso. Com 22,5 metros de comprimento, o ônibus tinha uma mecânica extremamente simples, o que serviu de base para as outras fabricantes adotarem soluções semelhantes e baratearem a aquisição e a manutenção dos seus modelos. O veículo foi um dos primeiros a ditar tendência também de motores de biarticulados, na posição horizontal entre os primeiro e segundo eixo. O fracasso se deu porque o motor usado era subdimensionado para o porte do veículo. Com motor fraco demais, o modelo Ikarus 293 foi vendido usado em 1992 para Teerã, no Irã. Mas em terras iranianas, o fraco motor Ràba/MAN foi trocado por um MAN turbo cooler mais potente. Em 1990, o Ikarus 293 chegou a ser produzido também em Cuba, com o nome Giron 293.
- A belga Van Hool lançou em 1995, o modelo Agg300 de 25 metros, considerado o primeiro biarticulado com piso baixo total, igual aos usados em São Paulo. O motor era DAF turbo de 290cv, que ficava na posição vertical entre o primeiro e segundo eixos. Inicialmente, o modelo não fez sucesso e foi vendido para Luanda, na Angola.
- Em agosto 2012, em Dresden, na Alemanha, é apresentado um ônibus biarticulado de 30 metros elétrico híbrido, o AutoTram Extra Grand. O projeto foi uma parceria da Goeppel Bus GmbH com o Instituto Fraunhofer. A tração vem por dois motores elétricos Wittur de 160kW (214cv) em conjunto com um motor Iveco 5 diesel Euro5 de 9 litros (295 cv) e com energia secundária de um pacote gerador de 235kW (315cv) , desenvolvido com motor diesel Mercedes-Benz de 4 litros. Com peso bruto de 44,7 toneladas, o biarticulado híbrido conta com baterias de íon e supercondensadores de descarga rápida.
- Em junho de 2015, foi apresentado nas Filipinas um “quadriarticulado” . É um ônibus de 40 metros de comprimento, capacidade para mais de 300 ageiros, com quatro articulações e cinco “carros”. Chamado de Hybrid Road Train, espécie de trem da estrada, o projeto foi desenvolvido pelo DOST – Departament of Science e Technology’s das Filipinas. Relembre e veja vídeo ando este link: /2016/01/22/onibus-de-40-metros-de-comprimento-pode-ser-alternativa-para-sistemas-de-maior-capacidade/
- Em 01º de novembro de 2016, a Volvo anuncia no Brasil o lançamento de um biarticulado de 30 metros de comprimento e capacidade para 300 ageiros. Com o nome comercial de Gran Artic 300, foi pensado inicialmente para os BRTs do Rio de Janeiro e tem a mesma mecânica do ônibus de 28 metros, mas a capacidade técnica aumentou de 40,5 toneladas para 45,3 toneladas. O Diário do Transporte foi o primeiro órgão feito por jornalistas a divulgar a novidade. Relembre: /2016/11/01/volvo-divulga-imagem-de-biarticulado-com-30-metros-e-confirma-lancamento/
- Quebrando mitos, as configurações trólebus e biarticulado se uniram e demonstraram ser o transporte do futuro, mais uma vez. Em 2017, na 24ª edição da Busworld Europe, a maior e mais importante exposição e conferência mundial da indústria do ônibus, em outubro de 2017, na cidade de Kortrijk, na Bélgica, a Van Hool apresentou seu novo trólebus biarticulado de 24 metros para o sistema de Linz, na Áustria. Relembre: /2017/10/30/corredor-trolebus-piso-baixo-e-conectividade-sao-tendencias-para-melhorar-transportes-nas-cidades-dizem-especialistas-internacionais/
- Em setembro de 2019 foi apresentado o modelo conceito Digital-rail Rapid Transit, um ônibus biarticulado totalmente elétrico feito pela multinacional chinesa dos setores ferroviário e de tecnologia CRRC Corporation Limited. O modelo da apresentação tinha 30,5 metros no total, pode transportar 302 ageiros e tem velocidade máxima de 70km / h – Relembre: /2020/09/14/crrc-lanca-onibus-biarticulado-eletrico-de-305-metros/
- O primeiro ônibus biarticulado elétrico com baterias no Brasil foi apresentado em 28 de maio de 2024, pela prefeitura de Curitiba. O veículo de 28 metros de comprimento e capacidade para 250 pessoas recebeu a denominação comercial BZRT (Bus Zero Emissions Rapid Transit). Esta primeira unidade recebeu carroceria Marcopolo modelo Attivi. O veículo pode ter oito baterias, com 720 kWh de capacidade total, o que confere autonomia de até 250 quilômetros. O tempo de recarga total varia entre 2h e 4h, dependendo do tipo e potência da estação de carregamento. O modelo tem ar condicionado e é equipado com dois motores elétricos de 200kW cada, totalizando 400kW, o equivalente a 540cv.
HISTÓRIA GERAL DO BRT: 6i5h3s
BRT, siga para Bus Rapid Transit.
Uma nomenclatura “em inglês”, mas que teve o Brasil como um dos responsáveis por consolidar um modelo de transportes que privilegia os deslocamentos coletivos e ajuda a reorganizar as cidades por meio de eixos estruturantes (corredores/canaletas) que oferecem exclusividade aos ônibus resultando em maior velocidade, viagens mais rápidas e menos custos operacionais e poluição, já que separa as operações do trânsito comum.
O BRT no Brasil completou 50 anos em 2024.
De acordo com o BRTData, que acompanha a situação destes corredores pelo mundo, há 5,9 mil km de BRTs em 191 cidades, por onde am diariamente 39,5 milhões de pessoas.
Há dez anos, quando o Diário do Transporte fez uma reportagem sobre os 40 anos de BRT, de acordo com a mesma fonte, eram 31,3 milhões de ageiros por dia, com 4, 6 mil km em 181 cidades.
O crescimento foi de 28,2% em quilometragem, 5,5% em número de cidades e 26,2% em número de ageiros
Relembre:
/2014/09/22/brt-completa-40-anos-e-mostra-que-e-uma-das-solucoes-para-o-presente-e-futuro/
Baixos custos, fácil implantação:
Entre as vantagens de um BRT, estão baixo custo de implantação e operação, além de obras mais descomplicadas.
Os valores e a capacidade variam muito de acordo com cada projeto.
Mas em geral, estimativas da UITP (União Internacional de Transportes Públicos), com números de 2024, apontam que a implantação de um quilômetro de BRT para uma demanda média de 20 mil a 30 mil ageiros/hora sentido custa R$ 25 milhões.
Um quilômetro de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) custa em média R$ 80 milhões para 30 mil a 35 mil ageiros hora/sentido.
Já um monotrilho pode ter o quilômetro orçado entre R$ 100 milhões e R$ 300 milhões para uma demanda média de 25 mil a 30 mil ageiros/hora sentido
Já metrô pode chegar em R$ 1 bilhão o quilômetro, mas a demanda alcança, em média, 70 mil pessoas/hora sentido.
O primeiro sistema brasileiro de BRT foi em Curitiba, sendo inaugurado em 22 de setembro de 1974 quando o então prefeito Jaime Lerner, acompanhado de técnicos e estudiosos como Rafael Deli, Moreira Garcês, Lubomir Ficinski, Franchette Rischbieter, Nicolau Kluppel, entre outros, implantou o sistema de canaletas exclusivas para os ônibus expressos com embarque em nível.
A primeira linha contava com 20 ônibus no eixo Norte-Sul, entre Santa Cândida/Praça Rui Barbosa e Capão Raso/Praça 19 de Dezembro.
Apesar de Curitiba ajudar na consolidação do BRT no mundo, há relatos anteriores de outros sistemas semelhantes, como em 1973, em Otawa, no Canadá, que criou faixas exclusivas para os ônibus circularem. Bem antes, nos Estados Unidos, já se teve o registro de delimitações de espaços exclusivos para ônibus. Foi o East Side Trolley Tunnel em Providence, Rhode Island. O sistema foi convertido do uso de bondes para ônibus em 1948.
Um dos BRTs mais emblemáticos no mundo é o Transmilênio, em Bogotá, na Colômbia. Considerado o maior BRT em capacidade do mundo, com 40 mil ageiros por hora sentido, teve a construção iniciada em 1998, na gestão do prefeito Enrique Peñalosa Londoño. A inauguração foi em 18 de dezembro de 2000.
Apesar de o Transmilênio apresentar sinais de esgotamento e Bogotá necessitar de uma rede de trilhos de alta capacidade, não se pode mais pensar a capital colombiana sem o BRT, que está em necessária expansão. Assim como em Curitiba e em outras cidades onde foi implantado, o BRT em Bogotá reorganizou o crescimento e melhorou a convivência no espaço urbano.
Em 2019, o Diário do Transporte esteve no sistema à contive da fabricante Volvo.
Relembre:
Em 2024, o Diário do Transporte voltou a Bogotá a convite da fabricante BYD, já acompanhando a eletrificação do sistema de transportes colombianos que, por estratégia, não começou no BRT, mas nas linhas alimentadoras.
Relembre:
BANALIZAÇÃO, EVOLUÇÃO E ELETRIFICAÇÃO:
De lá pra cá, muita coisa, obviamente evoluiu, mas também se banalizou.
No afã de saírem “bem na fita”, gestores públicos entregam corredores simples, com baixo nível de exclusividade aos ônibus, ou mesmo faixas pintadas no solo, e chamam estes espaços de BRT.
Isso sem contar os corredores que possuem piso de asfalto comum que, em pouco tempo, não aguenta o peso dos ônibus e começam a afundar e criar buracos.
Isso acaba “queimando” a imagem de uma solução que não tem o objetivo de competir com trilhos, mas que melhora muito a mobilidade quando se integra a uma rede de transportes multimodal.
BRT para ser BRT devem ser atendidos alguns critérios mínimos, como:
– Separação de fato do trânsito em todo o trajeto;
– Estações ao longo da extensão em vez de pontos e paradas;
– Terminais integrados a linhas de ônibus alimentadoras e outros meios de transporte;
– Pré-embarque (pagamento da agem nas estações e não dentro do ônibus);
– ibilidade total com embarque em nível (piso das estações na mesma altura do assoalho do ônibus ou ônibus com piso baixo e calçamento com guias mais altas), além de inclusão para pessoas com deficiências visuais e mentais e com TEA (Transtorno do Espectro Autista);
– Informações abrangentes aos ageiros, como mapas de linhas, conexões, integrações, horários e previsão de tempo de espera, avisos sonoros de paradas;
– Pavimentação adequada para o peso e alto fluxo de ônibus, preferencialmente pavimento rígido (concreto);
Não é uma ilha:
BRT também não pode ser uma espécie de ilha.
Não adianta ter somente BRT em cidades que precisam de trilhos de alta capacidade, como metrô de fato e trens suburbanos. Também é incompleto um sistema que possui BRT de alta qualidade, mas com linhas alimentadoras ruins que não levam adequadamente as pessoas dos bairros mais afastados até os corredores e terminais.
O BRT é um elemento, mas não única estrutura de serviço de mobilidade.
Inovações e eletrificação:
Ao longo do tempo, o BRT recebeu inovações estruturais e tecnológicas, como informações em tempo real aos ageiros, acompanhamento das operações por centrais de controle, sistemas de segurança de trânsito e contra criminalidade e, um dos marcos históricos foi a criação dos ônibus biarticulados (mais abaixo veja toda a história dos biarticulados).
Agora, estes sistemas partem para a era da eletrificação.
Tanto é que a maioria dos BRTs em projetos de construção no Brasil e no mundo já preveem frotas parciais e integrais de ônibus elétricos.
No dia 28 de novembro de 2024, em seminário sobre os 50 anos de BRT no Brasil, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, em seu último ano da gestão, anunciou que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) liberou R$ 380 milhões para a compra de 54 ônibus elétricos. No mesmo evento, o vice-prefeito Eduardo Pimentel, que foi eleito para assumir a gestão a partir de 2025, prometeu que a eletrificação seria um dos pilares da nova concessão do sistema curitibano.
Relembre:
Outros sistemas incorporaram ônibus elétricos nos projetos de construção ou expansão de BRTs, como BRT-ABC (entre parte do ABC Paulista e a capital); Grande Belém; Salvador; Cuiabá a Várzea Grande, entre outros.
CAPITAL PAULISTA DEIXA A DESEJAR QUANTO A BRT:
Com mais de doze milhões de habitantes, sete milhões de ageiros por dia, 13 mil ônibus e 17 mil km de vias, a cidade de São Paulo, em 2024, no ano em que o BRT completou 50 anos, tinha apenas 8,2 km de BRT, o Expresso Tiradentes, entre a região Sudeste, foi inaugurado em 8 de março de 2007, ligando o Terminal Mercado ao Terminal Sacomã. Em 10 de março de 2009, o Expresso Tiradentes foi estendido até o Terminal Vila Prudente.
O sistema sofreu diversas interdições de trechos ao longo do tempo por problemas relacionados à infraestrutura e conservação e um estudo a pedido da prefeitura chegou a apontar riscos à segurança aos ageiros, mas depois a gerenciadora dos ônibus da cidade (SPTrans – São Paulo Transporte) “suavizou” o termo, como mostrou o Diário do Transporte.
Relembre:
HISTÓRIA DOS ÔNIBUS BIARTICULADOS:
- O primeiro biarticulado do Brasil foi para Curitiba, lançado em 1991. Era um Volvo B58E, com carroceria Ciferal, de 25 metros de comprimento.
- Em 1995, era testado o primeiro biarticulado da cidade de São Paulo. O modelo foi um Torino LS.
– Relembre história: /2016/08/21/historia-torino-nome-forte-que-vence-as-decadas/
- Segundo a SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora do sistema de ônibus da cidade de São Paulo, em resposta ao Diário do Transporte, a maior frota em operação ao mesmo tempo de biarticulados foi com 122 veículos que permaneceram cadastrados até o período de julho de 2008 à novembro de 2008. O modelo ganhou tanto destaque que, numa reportagem da Revista Isto É – Dinheiro, de 01º de dezembro de 2009, intitulada “O papa das catracas”, em alusão ao empresário José Ruas Vaz, que já teve a maior frota em circulação na capital paulista, foi ressaltada a compra de 100 unidades do biarticulado.“Responsável por metade da frota de ônibus paulistana, Ruas diz que continuará investindo em novos veículos, buscando cada vez expandir seus negócios. “Enquanto eles insistem com os ‘cacarecos’, eu compro tudo novinho”, diz. Mantendo a tradição, Ruas acaba de pagar cerca de R$ 120 milhões por 100 unidades do modelo biarticulado da Volvo – todos os veículos serão encarroçados pela própria empresa de Ruas, a Caio Induscar. – dizia trecho da reportagem à época.Relembre:/2020/08/23/especial-em-extincao-na-cidade-de-sao-paulo-biarticulados-somam-97-unidades-na-frota-da-capital/
- No ano de 2000, um trólebus especialmente encarroçado pela Marcopolo, com design totalmente diferente dos demais, chegou a circular sobre o Rio Tamanduateí na Avenida do Estado, por um período de quatro meses. O modelo, que começou a ser desenvolvido em 1997, era para o “Fura-Fila” um sistema de trólebus com guias laterais que circularia em elevados. Hoje, incompleto em relação ao projeto original, o sistema não é de trólebus e nem tem guias laterais, sendo um corredor de ônibus BRT denominado Expresso Tiradentes. A continuação da linha deve ser de monotrilho, mas o projeto de trens leves com pneus sofre atrasos de mais de cinco anos, está 83% mais caro e só tem duas estações em operação num trecho de apenas 2,3 km . Relembre a história: /2017/03/12/historia-10-anos-de-expresso-tiradentes/
- Em 2009, foi realizada uma das maiores compras únicas de biarticulados do mundo. O empresário José Ruas Vaz, da cidade de São Paulo, adquiriu 100 unidades do modelo biarticulado da Volvo por R$ 120 milhões (valor da época).
- A ideia de ônibus biarticulado surgiu em Gunnar Marden (Suécia), no ano de 1947, quando a Scania-Vabis testou um protótipo de ônibus para puxar três trailers.
- Em 1981, a Mercedes-Benz lançou o O305GG, um trólebus bidirecional (como no metrô, há cabine de condutor nos dois extremos), com guias laterais. Relembre neste link: /2017/06/18/historia-um-onibus-de-duas-caras/
- Em 1982, o primeiro ônibus biarticulado com características convencionais era lançado pela MAN. O modelo MAN Sgg280H tinha 24 metros. Eram 73 assentos e o motor ficava na parte traseira e era horizontal.
- Em 1983, a fabricante Jieke Ka Lu Sha lançou o primeiro biarticulado com motor dianteiro do mundo, que se tem conhecimento. O modelo de 22,5 metros operou por dois anos na cidade de Shenyang, mas não deu certo porque era de difícil manobra.
- O primeiro ônibus de motor vertical (parecido com o brasileiro B9SALF ou B360S) que se tem registro foi lançado em 1986. Era o modelo GX237, depois batizado de Megabus. O veículo foi feito numa parceria entre a chinesa Heuliez e a sa Renault. O motor Mack de 6 cilindros, 11 litros e 280 cv vertical era na traseira. Depois de três anos de testes, o modelo começou a operar comercialmente na cidade de Bordeaux, na França. Em 1989, foram encomendadas dez unidades para linhas regulares. A cidade ou a deter, na época, a maior frota de biarticulados do mundo e a Renault era a maior fabricante.
- No ano de 1988, a húngara Ikarus lança um biarticulado que ditaria as regras do mercado, apesar de, curiosamente ter sido um fracasso. Com 22,5 metros de comprimento, o ônibus tinha uma mecânica extremamente simples, o que serviu de base para as outras fabricantes adotarem soluções semelhantes e baratearem a aquisição e a manutenção dos seus modelos. O veículo foi um dos primeiros a ditar tendência também de motores de biarticulados, na posição horizontal entre os primeiro e segundo eixo. O fracasso se deu porque o motor usado era subdimensionado para o porte do veículo. Com motor fraco demais, o modelo Ikarus 293 foi vendido usado em 1992 para Teerã, no Irã. Mas em terras iranianas, o fraco motor Ràba/MAN foi trocado por um MAN turbo cooler mais potente. Em 1990, o Ikarus 293 chegou a ser produzido também em Cuba, com o nome Giron 293.
- A belga Van Hool lançou em 1995, o modelo Agg300 de 25 metros, considerado o primeiro biarticulado com piso baixo total, igual aos usados em São Paulo. O motor era DAF turbo de 290cv, que ficava na posição vertical entre o primeiro e segundo eixos. Inicialmente, o modelo não fez sucesso e foi vendido para Luanda, na Angola.
- Em agosto 2012, em Dresden, na Alemanha, é apresentado um ônibus biarticulado de 30 metros elétrico híbrido, o AutoTram Extra Grand. O projeto foi uma parceria da Goeppel Bus GmbH com o Instituto Fraunhofer. A tração vem por dois motores elétricos Wittur de 160kW (214cv) em conjunto com um motor Iveco 5 diesel Euro5 de 9 litros (295 cv) e com energia secundária de um pacote gerador de 235kW (315cv) , desenvolvido com motor diesel Mercedes-Benz de 4 litros. Com peso bruto de 44,7 toneladas, o biarticulado híbrido conta com baterias de íon e supercondensadores de descarga rápida.
- Em junho de 2015, foi apresentado nas Filipinas um “quadriarticulado” . É um ônibus de 40 metros de comprimento, capacidade para mais de 300 ageiros, com quatro articulações e cinco “carros”. Chamado de Hybrid Road Train, espécie de trem da estrada, o projeto foi desenvolvido pelo DOST – Departament of Science e Technology’s das Filipinas. Relembre e veja vídeo ando este link: /2016/01/22/onibus-de-40-metros-de-comprimento-pode-ser-alternativa-para-sistemas-de-maior-capacidade/
- Em 01º de novembro de 2016, a Volvo anuncia no Brasil o lançamento de um biarticulado de 30 metros de comprimento e capacidade para 300 ageiros. Com o nome comercial de Gran Artic 300, foi pensado inicialmente para os BRTs do Rio de Janeiro e tem a mesma mecânica do ônibus de 28 metros, mas a capacidade técnica aumentou de 40,5 toneladas para 45,3 toneladas. O Diário do Transporte foi o primeiro órgão feito por jornalistas a divulgar a novidade. Relembre: /2016/11/01/volvo-divulga-imagem-de-biarticulado-com-30-metros-e-confirma-lancamento/
- Quebrando mitos, as configurações trólebus e biarticulado se uniram e demonstraram ser o transporte do futuro, mais uma vez. Em 2017, na 24ª edição da Busworld Europe, a maior e mais importante exposição e conferência mundial da indústria do ônibus, em outubro de 2017, na cidade de Kortrijk, na Bélgica, a Van Hool apresentou seu novo trólebus biarticulado de 24 metros para o sistema de Linz, na Áustria. Relembre: /2017/10/30/corredor-trolebus-piso-baixo-e-conectividade-sao-tendencias-para-melhorar-transportes-nas-cidades-dizem-especialistas-internacionais/
- Em setembro de 2019 foi apresentado o modelo conceito Digital-rail Rapid Transit, um ônibus biarticulado totalmente elétrico feito pela multinacional chinesa dos setores ferroviário e de tecnologia CRRC Corporation Limited. O modelo da apresentação tinha 30,5 metros no total, pode transportar 302 ageiros e tem velocidade máxima de 70km / h – Relembre: /2020/09/14/crrc-lanca-onibus-biarticulado-eletrico-de-305-metros/
- O primeiro ônibus biarticulado elétrico com baterias no Brasil foi apresentado em 28 de maio de 2024, pela prefeitura de Curitiba. O veículo de 28 metros de comprimento e capacidade para 250 pessoas recebeu a denominação comercial BZRT (Bus Zero Emissions Rapid Transit). Esta primeira unidade recebeu carroceria Marcopolo modelo Attivi. O veículo pode ter oito baterias, com 720 kWh de capacidade total, o que confere autonomia de até 250 quilômetros. O tempo de recarga total varia entre 2h e 4h, dependendo do tipo e potência da estação de carregamento. O modelo tem ar condicionado e é equipado com dois motores elétricos de 200kW cada, totalizando 400kW, o equivalente a 540cv.
HISTÓRIA DO EXPRESSO TIRADENTES: 6u216o
Muitos ainda o chamam de “Fura Fila”. Isso porque o Expresso Tiradentes, até o momento o único BRT (Bus Rapid Transit) de fato da cidade de São Paulo, nasceu após a frustração do projeto Fura Fila apresentado em 1995, pelo então prefeito Paulo Maluf.
O Fura-Fila deveria ligar a região central e a Vila Prudente até Cidade Tiradentes, um dos extremos da Zona Leste de São Paulo.
O sistema completou 10 anos em 08 de março de 2017, sendo, portanto, inaugurado em 08 de março de 2007.

Veículo Leve Sobre Pneus. Um modelo de trólebus biarticulado, com guias laterais, e embarque ível, foi projetado especialmente para o sistema
O projeto se tratava de um verdadeiro VLP -Veículo leve sobre Pneus e contaria com trólebus biarticulados com guias laterais, o que auxiliaria a condução e deixaria o sistema mais rápido.
No entanto, a obra foi alvo de diversos escândalos.
As intervenções começaram em 1998. A promessa do novo sistema de transporte garantiu a eleição do candidato de Paulo Maluf, Celso Pitta, para a prefeitura de São Paulo.
Abaixo veja o vídeo com a propaganda elaborada por Duda Mendonça para a campanha de Pitta prometendo o Fura Fila. Material foi divulgado nas TVs:
A primeira linha entre Sacomã e o Parque D.Pedro II seria o início de outras várias do mesmo sistema pela cidade.
No ano de 2000, um ônibus especialmente encarroçado pela Marcopolo ,com design totalmente diferente dos demais, chegou a circular sobre o Rio Tamanduateí na Avenida do Estado, por um período de quatro meses.

do VLP da Marcopolo
No entanto, as obras não iam para frente.
Em 2002, o projeto foi rebatizado pela então prefeita Marta Suplicy, de Paulistão.
As demais linhas foram descartadas e foram mantidas apenas a linha 1 entre Sacomã e Parque Dom Pedro II e a linha 2 entre Parque Dom Pedro II e Vila Prudente/São Mateus.
Trólebus “comuns” com o padrão visual do VLP
Os trólebus também foram descartados e a intenção era usar ônibus híbridos ou mesmo a diesel.
As obras foram iniciadas com a construção do Terminal Sacomã e da via elevada.
No entanto, no final de 2003, já tendo sido gastos R$ 600 milhões pelas gestões Pitta e Marta, as obras foram paralisadas por falta de verbas.
Foi discutida até mesmo a possibilidade de demolição da estrutura, no entanto, a istração do então prefeito José Serra, que se afastou do cargo para concorrer às eleições para Governador, deixando no lugar o vice Gilberto Kassab, apontou para viabilidade de continuação da obra.
Então somente, em 8 de março de 2007, 10 anos depois do início das obras, o primeiro trecho do Expresso Tiradentes, com 8,5 km de extensão, foi entregue à população.
A data da inauguração poderia ter sido no dia 9 de março porque o então presidente dos Estados Unidos, George W Bush, estava em visita à cidade e poderia haver conflitos de agenda.
No entanto, a istração optou por abrir o corredor na data anteriormente divulgada, 8 de março.
Outra curiosidade também é que durante a inauguração, as autoridades enfrentaram um protesto contra tarifa, na época que iria para R$ 2,30.
Na ocasião, o governador José Serra, durante a inauguração, sugeriu que o nome do sistema se mudasse para Expresso Ipiranga/Tiradentes que acabou não sendo adotado, como mostra uma matéria do G1, realizada no dia da inauguração, e assinada por Luciana Bonadio
O governador de São Paulo, José Serra, sugeriu na manhã desta quinta-feira (8), durante a inauguração do Expresso Tiradentes, antigo Fura-Fila, mais uma mudança de nome para o serviço. Seria a terceira vez que o projeto, que levou dez anos para ficar pronto, ganharia um novo nome.
Antes disso, além de Fura-Fila, a linha foi chamada também de Paulistão. “Tenho uma sugestão para o prefeito Gilberto Kassab: o nome desta obra poderia mudar para Expresso Ipiranga/Tiradentes”, disse Serra durante o evento.
O tucano justificou sua sugestão dizendo que seria uma homenagem ao bairro da Zona Sul, que é um dos atendidos pelo novo corredor de ônibus. Serra disse ter uma ligação afetiva com o bairro, onde já viveu. O governador também lembrou que em 2008 deve ser inaugurada a Estação de Metrô Ipiranga, parte das obras de Expansão da Linha 3 (Verde). O prefeito Gilberto Kassab ficou de pensar na proposta de seu aliado.
Serra aproveitou o evento para pedir ajuda do governo federal na expansão do metrô. “É fundamental a participação federal no metrô do Ipiranga até a Vila Prudente. Eu já fiz esta demanda e gostaria de pedir a cooperação do ministro (das Cidades, Marcio Fortes) para que esta demanda fosse atendida”, disse ao representante do governo federal, presente à solenidade. Fortes prometeu analisar o projeto.
Protesto
Enquanto ponderava qual seria o melhor nome para o Expresso Tiradentes, Serra enfrentou um protesto direcionado a Kassab contra a tarifa de R$ 2,30. Assim como nos demais ônibus da cidade, a taxa para o Expresso Tiradentes será de R$ 2,30.
Durante seu discurso, dois jovens com mensagens escritas em um pedaço de papelão gritavam palavras de ordem contra o prefeito. O tucano não chegou a interromper sua fala. “Foi uma pessoa no meio de duas ou três mil. Se todo protesto fosse assim, estaria ótimo”, declarou o governador durante coletiva de imprensa.
Ao fim do evento, Kassab também minimizou o episódio e defendeu que as manifestações são naturais em uma democracia. Desde que aumentou o preço dos ônibus o prefeito tem enfrentado protestos contra o preço das agens.

Corredor chegou a ter um veículo elétrico híbrido curioso, com dois eixos à frente e um atrás. Houve problemas operacionais com o modelo
O secretário de transportes da cidade à época era Frederico Bussinger economista e engenheiro já com longa experiência no setor de transportes tendo atuado no Metrô, TM e SPTrans.
Ele forneceu ao Diário do Transporte o discurso que fez à época. No pronunciamento de inauguração, Bussinger lembrou que a população chegou a desacreditar das obras.
Pronunciamento de FREDERICO BUSSINGER na cerimônia de inauguração do
EIXO-SUDESTE do EXPRESSO TIRADENTES
8/MAR/2007 – 11 horas
Exmo. Sr. Prefeito Gilberto Kassab
Exmo. Sr. Governador José Serra
Exmo. Sr. Ministro Márcio Fortes
Autoridades já anunciadas
Colegas, funcionários e trabalhadores que contribuíram para a realização deste
empreendimento.
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Pois é!
Não é que ele vai começar a funcionar? Que vai ar a transportar pessoas?
É como tivesse chegado o momento de dar o sopro da vida ao boneco de barro. Ou
melhor, ao esqueleto inacabado de concreto que, agora, foi concluído e equipado.
Se transformou!
Para aqueles que, há exatos dois anos, junto com o Prefeito Serra, o Vice Kassab, a
maioria do Secretariado e Subprefeitos da região participaram da primeira visita
precursora para conhecer no que consistia a proposta, o projeto, este ato, que ora
compartilhamos, parecia muito distante. Talvez até inatingível.
Mas não para aquela senhora da lojinha na praça que o Artuzinho (Subprefeito de
Cidade Tiradentes) acabara de gramar para nos recepcionar ao final da viagem:
Suas palavras talvez profetizassem este momento: “Ué! Um Prefeito por aqui? E ele
veio de ônibus?”.
Os vizinhos da obra, ao longo da Av. do Estado e Juntas Provisórias, e mesmo a
população da região do Ipiranga e Sacomã, já calejada por tantas promessas,
cronogramas e pseudo-inaugurações, com toda razão permanecia ressabiada. Mas,
aos poucos, a nova concepção e propostas começaram a suplantar as suspeitas e
resistências pela funcionalidade, beleza, e racionalidade do projeto.
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Havia, entretanto, um pequeno problema a ser resolvido: Não havia dinheiro! E a
perspectiva de um novo financiamento do BNDES esbarrava na capacidade de
endividamento da PMSP, pra lá de estourada, segundo as normas e parâmetros da
“Lei de Responsabilidade Fiscal”.
O enquadramento do projeto na carteira do PPI foi um achado, resultado da
sensibilidade e da criatividade do Ministério das Cidades, sob o comando do
Min. Márcio Fortes, e das áreas financeiras e de planejamento, tanto da Prefeitura
como do Governo Federal: Todos eles tornaram-se aliados entusiasmados do
projeto, viabilizando, em poucos meses, o primeiro acordo de R$ 450 milhões, com
compromissos de ambas as partes para 2006, 2007 e 2008.
Os recursos, sabia-se, eram insuficientes para a conclusão plena dos 5 trechos do
empreendimento; vale dizer, de todo o viário, terminais, estações e obras
associadas. Todavia, eles foram potencializados pela negociação com os 2
empreiteiros para redução dos preços unitários dos contratos existentes: Isso
permitiu fazerem-se mais obras com os recursos disponíveis.
Por outro lado, guiados pela diretriz estabelecida pelo Prefeito Serra, e ratificada
pelo Prefeito Kassab de “não mais interromper a obra até viabilizar-se a operação
Mercado-Sacomã, mesmo que algumas estações intermediárias ficassem para um
segundo momento”, as obras foram retomadas já no final de 2005 e, menos de 15
meses depois, cá estamos para inaugurá-las e iniciar a operação do Eixo-Sudeste.
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É claro que isso não teria sido possível sem o envolvimento e o trabalho diligente,
até agora, de dezenas de empresas projetistas, fornecedoras e gerenciadoras, cujo
papel reconhecemos através da Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez, principais
responsáveis pelas obras civis. De igual forma, sem um outro conjunto de parceiros,
com os quais muito contamos, doravante, para a operação do sistema; os quais
homenageamos através da ViaSul e do Consórcio Aliança-Cooperpeople,
concessionário e permissionário da Área-5, no qual se insere este Eixo.
Tampouco teria sido possível sem as soluções e respostas, sempre prontas, dos
técnicos e gestores dos Ministérios da Cidade, Planejamento e Fazenda, das
Secretarias do Planejamento e Finanças da PMSP, e da CEF. Mas, principalmente,
sem o engajamento e a competência do corpo técnico e gerencial da CET, das
Subprefeituras, da EMTU e da SPTRANS.
Alias, essa inauguração, neste 8 de março, é uma homenagem, uma justa
homenagem à Empresa, que hoje comemora seu 12º aniversário de fundação, e a
seus funcionários. É, também, um marco-símbolo dessa sua nova fase de vida,
agora com uma dupla missão: gerenciar serviços de transporte de ageiros, em
geral; e implantar, manter e operar a infra-estrutura dedicada ao transporte publico
coletivo.
………………………………………………..
O que hoje se inaugura, contudo, vai muito alem de um conjunto de obras!
Hoje, a história de corredores em São Paulo, já com mais de 3 décadas, dá mais um
o; entra numa nova etapa: Inaugura-se o primeiro corredor efetivamente
segregado e sem cruzamentos da Cidade e da RMSP; e um novo padrão de serviço
em sistemas sobre pneus é implantado. Dentre tantas características:
– Embarques e desembarques em nível, compatibilizando plataformas e
veículos para facilitar o o de idosos, obesos, crianças e PPDs aos
veículos; estas com espaços e assentos especiais, tanto para elas como
para seus acompanhantes, incluindo cães-guias;
– existência de faixas de segurança e de guiagem nas plataformas para
pessoas com deficiência de visão;
– supervisão e monitoramento por câmeras e GPS (sistema via satélite);
– sistema de emergência e socorro, articulado com o Corpo de Bombeiros,
estrategicamente distribuído ao longo do trecho;
– veículos de última geração, tanto em termos de segurança e conforto, como
enquadrados nas normas ambientais EURO-III.
– aqui, do Terminal Sacomã, que homenageia o Ver. OSWALDO GIANOTTI,
de quem a região lembra com saudades, sairão 10 linhas estruturais, sendo
8 diurnas e 2 noturnas. Elas levarão ageiros de mais de 50 linhas,
municipais e intermunicipais, que se integrarão no Terminal, aos quatro
cantos da Cidade
– um sistema “amigável” com o entorno urbano e com o meio ambiente:
ível, com bicicletário nas suas principais estações e terminais,
tratamento paisagístico, etc.
Certamente ninguém imagina que tudo isso se viabilizou apenas com discursos,
enunciado de idéias e de meras preocupações, com declarações platônicas de apoio
ou engajamento: Noites, madrugadas e finais de semana foram despendidos por
dezenas, centenas de pessoas. Inumeráveis reuniões ocorreram, algumas tensas e,
como está na moda, recheadas de “stress” e adrenalina. Quantas visitas técnicas e
de inspeção? Em vários momentos ficamos com o fôlego preso à espera de
decisões fora de nosso controle. Inclusive vivenciamos algumas situações e cenas
curiosas, como a do Procurador Geral do Município e um dos Diretores da
SPTRANS, no último dia útil do ano, às 4 horas da tarde, na Av. Paulista, à pé,
buscando local para copiar uma decisão da Justiça!
Mas não é essa a lembrança que ficará em nossas memórias; como não é da
diarréia, da dor de ouvido ou do choro na madrugada que se lembram os pais
quando o filho se torna jovem ou adulto.
Ao contrário: Guardaremos o sorriso e a satisfação das senhoras e senhores da 3º
idade, felizes nas viagens da “operação assistida”; o entusiasmo do honorário
“Prefeito da Ilha do Sapo” (aqui bem próxima), que já percebeu que o Expresso
Tiradentes está requalificando sua região (e até diz ele: “o sapo está virando
príncipe!”); o orgulho de famílias que trouxeram seus parentes para conhecer o novo
sistema e registrar com fotos esse momento. Guardaremos, com certeza,
lembranças de dezenas de reuniões nas quais fomos acolhidos com olhares de
esperança, e também a expectativa dos moradores e lideranças da região de Vila
Prudente, Sapopemba, São Mateus e Cidade Tiradentes, próximas etapas do
projeto e paradas do Expresso.
Essas serão nossas recordações! É isso que nos anima, que nos move!
………………………………………………..
Para a minha geração e da Vera, minha esposa, que tomou consciência do Mundo e
cresceu na “era-JK”, que ouviu no rádio o Brasil ser Campeão do Mundo pela
primeira vez, que se formou na época do “Brasil-Potência”, tudo era possível: O
Brasil tinha um fulgurante destino escrito nas estrelas. Era uma questão apenas de
tempo. Nós éramos, prévia e inexoravelmente, vitoriosos.
Mas para a geração dos meus dois filhos, Gabriel e Fernanda, jovens universitários,
como para a maior parte da adolescência e da juventude da minha Cidade e do meu
País, o mundo físico parece pronto; parece que já nasceu e sempre esteve aí. E
pior: Para essa geração (como já para muitos também da minha), parece que não dá
para se fazer nada! Que não tem, mesmo, jeito … sentimento preocupante quando
também aplicado à deterioração da nossa organização social.
Não! É, sim, possível!
A inauguração do Eixo-Sudeste do Expresso Tiradentes, neste momento, é um
testemunho vivo de que, sim, é possível.
É possível construir e transformar realidades através do trabalho e do esforço
coletivo
É possível soerguer esperanças desfalecidas.
Sim; é possível!
É possível dar vida a esqueletos inacabados.
É possível desenvolver-se e implantar-se projetos que coordenem trânsito e
transporte. De igual modo, é possível compatibilizar-se excelência em trânsito e
transporte com cuidados urbanísticos e ambientais.
Sim; é possível!
É possível estabelecer-se uma relação proba, sadia e construtiva entre o Poder
Público e a iniciativa privada.
É possível coordenar-se as três esferas de governo em torno de um projeto comum;
acima de eventuais divergências partidárias.
Sim, tudo isso é possível! O Expresso Tiradentes é uma prova concreta, um
exemplo irretorquível dessa possibilidade: Possível para o trânsito e o transporte;
possível para diversos outros setores da vida nacional!
………………………………………………..
Mas ele mostra, também, que o funcional e o belo não são incompatíveis: Aí está o
Expresso Tiradentes, leve e gracioso, com os traços do Arq. Ruy Ohtake,
serpenteando seu amarelo vivo ao longo do Rio Tamanduateí. Parece ilustrar os
ensinamentos do mestre Oscar Niemeyer: “O que me atrai é a curva livre e
sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país. No curso sinuoso
dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida.”
Por tudo isso, alem de ser um presente à população paulista e uma homenagem aos
trabalhadores da SPTRANS, que hoje aniversaria, o Expresso Tiradentes, por sua
delicadeza e beleza é, também, uma homenagem à mulher paulistana – neste seu
dia: 8 de março: Nosso parabéns, através desse presente … um presente concreto!

Imagem de parte do traçado do Expresso Tiradentes por Douglas Panhota, que escreveu o seguinte texto: Quando vi o Expresso Tiradentes do alto, fiquei irado. Pois aproximadamente as 13:00hs, o céu tinha algumas nuvens que encobriam parte do centro da cidade e o expresso contornando os prédios com seu percurso pintado de amarelo no meio de uma cidade cinza de pedra. –

Ônibus articulados e superarticulados em área de espera
As obras do segundo trecho, porém continuavam.
No dia 28 de abril de 2009, o prefeito Gilberto Kassab e o governador José Serra, anunciaram convênio para alterar o projeto inicial. O trecho até Cidade Tiradentes se transformaria na linha 15-Prata de monotrilho, prevista para ser inaugurada em 2012.
No entanto, ainda em 2017, apenas duas estações num trecho de 2,3 quilômetros estão em funcionamento e o pior, o monotrilho se sair, será menor que o previsto inicialmente.
A linha 15 Prata deveria ter 26,7 quilômetros de extensão, 18 estações entre Ipiranga e Hospital Cidade Tiradentes ao custo R$ 3,5 bilhões com previsão de entrega total em 2012. Em 2015, orçamento ficou 105% mais alto, com o valor de R$ 7,2 bilhões. O custo por quilômetro sairia em 2010 por R$ 209 milhões, em 2015 por R$ 260 milhões e, no primeiro semestre de 2016, subiu para R$ 354 milhões. A previsão de 9 estações agora é para 2018-2019. Está sem previsão de conclusão o trecho entre Hospital Cidade Tiradentes e Iguatemi e Vila Prudente-Ipiranga. O governo do estado prometia atendimento a uma demanda de 550 mil ageiros por dia.
OBRA DE ARTE ARQUITETÔNICA:

Planta e vista aérea do Terminal Mercado
Outra página da história do Expresso Tiradentes é o seu projeto arquitetônico que foi de responsabilidade de Ruy Ohtake.
A Prefeitura na concepção do projeto organizou um Concurso para as construções da via elevada, dos dois Terminais e das nove estações intermediárias Foram convidados os escritórios Carlos Bratke, Júlio Neves, João Toscano e Ruy Ohtake, que foi o vencedor do Concurso. O arquiteto teve a colaboração de Carlos Roberto Azevedo e Félix de Araújo.
Um texto escrito pelo próprio arquiteto Ruy Ohtake, em setembro de 2007, meses depois da inauguração, traz alguns detalhes da obra:
“Desenhamos uma manta metálica transparente para abrigar o terminal Mercado, configurando o espaço de uma “gare”, que acolhe os ageiros, sem que se perca a vista para a cidade. Uma obra com característica expressiva na região e que faz um bonito contraponto com o Mercado.
O Terminal Sacomã tem outra complexidade. No pavimento superior, além da chegada e saída de veículos do elevado, haverá uma intensa circulação de público. No térreo do terminal chegam 52 linhas de ônibus provenientes do ABC. O mezanino intermediário, com alguns serviços. Essa obra, pelo seu porte, poderá dar início a requalificação do bairro do Sacomã…. 2007, conclui-se a 1ª etapa do Expresso Tiradentes, o trecho Mercado (Centro da cidade) ao Sacomã. 8.5 km de extensão. A maior parte em via elevada. Tempo de percurso 14 minutos –
14 minutos, uma façanha. Com sol ou chuva. Com ou sem congestionamento, pois sendo via elevada, independe das condições de trânsito nas ruas. 14 minutos. O automóvel gasta mais de 40 minutos. Qualidade de transporte. Dignidade de serviço público.”
HISTÓRICO DE PROBLEMAS NO EXPRESSO TIRADENTES:
(ADAMO BAZANI)
O Expresso Tiradentes possui 9,7 km de vias, por onde circulam as linhas 5105/10 Term. Mercado – Term. Sacomã; 5109/10 Term. Mercado – Term. Vila Prudente; 5110/10 Term. Mercado – Term. São Mateus; 5110/21 São Mateus – Term. Mercado e 5110/23 Jd. Planalto – Term. Mercado. O corredor exclusivo é composto por sete estações: Pedro II, Ana Neri, Alberto Lion, Clube Atlético Ypiranga, Nsa. Sra. Aparecida, Grito e Dianópolis; e três terminais: Sacomã, Mercado e Vila Prudente.Alteração Expresso Tiradentes.
O sistema foi inaugurado em 08 de março de 2007, após 12 anos de atrasos e promessas. O Expresso Tiradentes foi apresentado como Fura-Fila em 1995, pelo então prefeito Paulo Maluf, sendo uma das bandeiras eleitorais do candidato de Maluf à prefeitura, Celso Pitta, que foi eleito. O Fura-Fila deveria ligar a região central e a Vila Prudente até Cidade Tiradentes, um dos extremos da Zona Leste de São Paulo. O projeto se tratava de um verdadeiro VLP -Veículo leve sobre Pneus e contaria com trólebus biarticulados com guias laterais, o que auxiliaria a condução e deixaria o sistema mais rápido. No entanto, a obra foi alvo de diversos escândalos. Em 2002, o projeto foi rebatizado pela então prefeita Marta Suplicy, de Paulistão. As demais linhas foram descartadas e foram mantidas apenas a linha 1 entre Sacomã e Parque Dom Pedro II e a linha 2 entre Parque Dom Pedro II e Vila Prudente/São Mateus.
Desde então, ocorreram problemas com a estrutura e principalmente pavimento.
Os mais recentes foram:
Entre 13 de julho e 31 de agosto de 2015, a pista do Expresso Tiradentes, antigo Fura Fila, que ficou fechada nas imediações da Estação Pedro II por causa de obras de reparo do pavimento.
/2015/08/29/linhas-de-onibus-voltam-a-operar-em-pista-do-expresso-tiradentes/
Em fevereiro de 2018, entre a rua Dona Ana Néri e o Terminal Parque Dom Pedro II, a operação do Expresso Tiradentes teve de ser desviada por causa de um afundamento de pista.
/2018/02/06/trecho-do-expresso-tiradentes-afunda-e-prefeitura-interdita-300-metros/
Em junho do ano de 2022, foi aberta uma licitação para recuperar o Expresso Tiradentes. O edital apontava para a possibilidade de risco aos ageiros e várias falhas
Em 28 de janeiro de 2023, cinco linhas do Expresso Tiradentes (antigo Fura Fila) tiveram de ser desviadas por causa de um problema na pista no trecho entre o Terminal Mercado e a Estação Ana Neri, junto ao Rio Tamanduateí. Segundo a prefeitura de São Paulo em resposta ao Diário do Transporte em 30 de janeiro de 2023, no trecho, o Expresso Tiradentes sofreu uma alteração no nivelamento da pista e processo de movimentação da contenção junto à margem do Rio Tamanduateí. O Diário do Transporte também questionou sobre a licitação lançada pela SPTrans (São Paulo Transporte) em junho de 2022, para recuperação de estruturas do Expresso Tiradentes. Na ocasião, o edital dizia que os ageiros corriam risco. Depois da repercussão, a prefeitura voltou atrás e disse que os riscos eram uma hipótese caso as intervenções não fossem realizadas. Segundo a prefeitura, a empresa TPF Engenharia ganhou a concorrência para a elaboração de estudos, laudos e projeto executivo visando a recuperação das estruturas, contenções, fundações e do pavimento do Expresso Tiradentes, no trecho entre a Estação Pedro II e o Complexo Viário Evaristo Comolatti. Os projetos executivos ainda estavam sendo desenvolvidos na ocasião da resposta.
Entretanto, segundo o retorno da prefeitura ao Diário do Transporte, o trecho que apresentou problemas em 28 de janeiro de 2023, não está contemplado nestes estudos da TPF Engenharia.
Relembre reportagem em:
No dia 15 de fevereiro de 2023, a SPTrans aumentou o trecho de interdição pro achar um novo trecho de problema. Desta vez foi na pista do Expresso Tiradentes, próximo à estação Pedro II, sentido bairro.
Assim, as cinco linhas de ônibus do Expresso Tiradentes deixaram de atender aos ageiros também no interior da estação Pedro II e am a trafegar provisoriamente pela Avenida do Estado, entre a parada Pedro II e Ana Neri, tanto no sentido bairro quanto no sentido centro. Os ageiros que embarcam nos pontos provisórios devido a interdição de mais um trecho do Expresso Tiradentes por deslocamento de solo não estão pagando tarifa em duas linhas de ônibus que não possuem cobradores: 5105/10 Term. Mercado – Term. Sacomã e 5109/10 Term. Mercado – Term. Vila Prudente a partir desta quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023.
Relembre:
Em 16 de junho de 2022, a SPTrans (São Paulo Transporte), que gerencia o sistema de ônibus da cidade, lançou uma licitação para estudos de recuperação do Expresso Tiradentes e apontou riscos aos ageiros e danos estruturais. Depois de alguns dias, amenizou os termos do edital, e disse que o documento foi “redigido de forma equivocada” e que a contratação era para evitar risco futuro.
Relembre:
No dia 11 de junho de 2023, a SPTrans publicou o rompimento de forma “amigável” do contrato com a TFP Engenharia, que faria estes estudos.
Na ocasião, a SPTrans informou que a contratação foi feita para elaborar os projetos que antecederiam a obra de recuperação do piso do Expresso Tiradentes. Mas como houve o afundamento, uma intervenção teve de ser executada, em caráter emergencial, e, por isso, o contrato para a realização dos projetos foi rescindido.
Relembre:
Em 20 de dezembro de 2023, a Siurb (Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras), da prefeitura, deu uma previsão para a liberação do trecho, entre as estações Ana Nery e Mercado, que foi em fevereiro de 2023, por causa de um afundamento de pista: fevereiro de 2024. Em nota ao Diário do Transporte, a secretaria informou que a conclusão da obra não deveria demorar tanto assim, mas ocorreram dificuldades nas escavações do solo, que eram necessárias para a construção da nova parede de contenção entre o Rio Tamanduateí e a pista por onde am os ônibus. A Estação Pedro II foi interditada e os ageiros aram ser obrigados a embarcar numa parada improvisada na Avenida do Estado. o trecho, tiveram de sair do corredor e seguir pela via comum que foi demarcada.
Relembre:
Em 26 de abril de 2024, a SPTrans publicou a contratação de uma empresa de engenharia para o “levantamento das patologias das estruturas metálicas, inclusive as de cobertura, das estruturas de concreto e dos pisos de concreto do Corredor Expresso Tiradentes”.
O trabalho será realizado em toda a extensão do corredor, desde o Terminal Mercado até os Terminais Vila Prudente e Sacomã.
O termo patologia é definido como o ramo da medicina que descreve as alterações anatômicas e funcionais causadas pelas doenças no organismo.
Na engenharia é a mesma coisa: quando se fala em patologias das estruturas metálicas e de concreto, significa dizer as “doenças” que acometem esses elementos em uma construção, no caso o Expresso Tiradentes.
Relembre:
Após estar interditada desde fevereiro de 2023 por causa da necessidade de obras de contenção do Rio Tamanduateí, afundamento de pista do Expresso Tiradentes e erosão, com a necessidade, inclusive de recuperação de galerias, em 14 de dezembro de 2024, a estação Pedro II do sistema foi finalmente reaberta, como mostrou o Diário do Transporte.
Relembre:
/2024/12/12/expresso-tiradentes-volta-a-operacao-normal-na-estacao-pedro-ii-veja-historico/
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Adamo, boa tarde de Domingo! Acho que você se esqueceu de citar os nomes dos principais inventores do “Corredor de Ônibus”: o engenheiro Pedro Zaas e o arquiteto Flamínio Fishmmann, que trabalhavam na CET de SP. É uma pena que os destaques recaiam sobre Peñalosa (que se “apropriou” do projeto e mudou o seu nome para BRT) e Jaime Lerner (idem)! Também faltou dizer que, antes do biarticulado, a CMTC de SP testou, por três anos, um articulado Scania. Parabéns pelo restante da matéria.
Uma daquelas excelentes matérias pra se guardar no “arquivo de favoritos”!
Os BRTs são ótimas soluções para aquelas regiões aonde os corredores comuns não dão mais conta, porém com demada que ainda não justifique uma linha de Metrô – ou mesmo que justifique, se tal linha metroviaria ainda não e de um rascunho de projeto (até ela virar projeto, e depois realidade…).
Os BRTs (ou “brts”) que nascem saturados e ineficientes, gerando críticas injustas a essa modalidade, são aqueles implantados às pressas e de maneira “econômica” como meros vernizes eleitoreiros.
Nem mesmo os bondes/VLTs escapam de tal difamação, quando certos prefeitos anunciam projetos de “”VLPs – veículos ‘leves’ sobre Pneus” – que são nada mais do que corredores de ônibus, ou apenas linhas normais operando só com ônibus articulados (e desde quando ônibus é veículo leve???).
Quanto aos onibus empregados, é importante que sejam preferencialnente os biarticulados, e sempre com piso elevado – privilegiando a maior capacidade e o conforto interno.
Em sistemas BRT não faz sentido algum usar ônibus de piso-baixo (de menor capacidade, e conforto interno mais ), pois os embarques e desembarques Não acontecem nas calçadas dos logradouros.
No que se refere à eletrificação, o ideal é que neste caso se empregue o modo Trolebus – perfeito para sistemas BRT. O custo extra da rede aérea é rapidamente compensado pela grande demanda de ageiros e tambem pela facilidade da implantação e manutenção da estrutura, concentrada exclusivamente na canaleta/corredor do BRT.
Com relação ao veiculos trolebus, os modelos atuais contam com um pequenos banco de baterias que lhes permitem rodar desconectados da rede por vários quilometros, em caso de algum imprevisto com a infraestrutura. E por retirarem da rede apenas a energia consumida no momento da rodagem, sem precisar transportar toneladas extras de baterias recarregáveis, os Trolebus consomem bem menos eletricidade e com muito melhor rendimento do que os ônibus à bateria.
Que venham os BRTs, e no modo Trolebus!!!