ESPECIAL: ANTT, CNT, Embraer e representantes políticos discutem “diesel verde” antes da eletrificação dos transportes na COP 29 – “Não basta só responsabilizar ônibus e caminhões” gq35
Publicado em: 15 de novembro de 2024 441g7

Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2024 teve “Tarde do Transporte” no Pavilhão Brasil. Entidade diz que os veículos pesados são importantes na redução das emissões, mas não haverá resultados satisfatórios se não houver controle sobre carros e motos.
ADAMO BAZANI
O chamado “diesel verde” foi tema nesta sexta-feira 15 de novembro de 2024, da “Tarde do Transporte” no Pavilhão Brasil da COP-29 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que ocorre em Baku, Azerbaijão, até o dia 22.
Entre os debatedores, o combustível foi apontado como um dos caminhos para uma transição energética nos transportes por ônibus, carros, caminhões e aéreos até uma eletrificação mais abrangente e até que o hidrogênio se torne viável tecnicamente e economicamente.
O “diesel verde” é um tipo de combustível produzido por meio de um processo de transformação de diferentes matérias-primas renováveis, como gorduras de origem vegetal e animal, cana-de-açúcar, etanol, resíduos e outras biomassas, poluindo menos que o diesel convencional.
Fizeram parte do debate o diretor da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Felipe Queiroz, que foi mediador;, o presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte) – Sistema Transporte, Vander Costa; o gerente de Relações Institucionais da Embraer, Daniel Bassani; a secretária de Proteção Ambiental do Governo da Califórnia, Yana Garcia ; e o senador brasileiro Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), que também é presidente da Frente Parlamentar de Recursos Naturais e Energia do Senado Federal.
O presidente da CNT – Sistema Transporte, Vander Costa, defendeu que antes da eletrificação, o diesel verde traria mais resultados em curto prazo por ser mais viável agora e que quando se fala em sustentabilidade na mobilidade, não se deve pensar apenas em fontes de energia, mas nas opções de meio de transporte mais indicadas para cada aplicação. Costa lembrou, por exemplo, das vantagens das ferrovias, em especial para cargas.
“O diesel verde tem o potencial de ser um aliado estratégico no curto prazo, enquanto trabalhamos para consolidar outras tecnologias, como a eletrificação e o hidrogênio verde Nessa tarde em que a gente vai dedicar aos transportes, devemos nos preocupar também com a multimodalidade, porque quando eu saio da estrada e vou para a ferrovia, eu estou reduzindo a emissão de gases de efeito estufa” – disse, de acordo com nota da CNT.
Já a secretária de Proteção Ambiental do Governo da Califórnia, Yana Garcia, citou o exemplo californiano de que a eletrificação dos transportes já é uma realidade possível, mas destacou a importância de combustíveis menos poluentes nos motores de carros, caminhões e ônibus a combustão.
“Na Califórnia, nossa meta é exigir que todas as vendas de novos veículos sejam elétricas até 2035, e, na verdade, alcançamos essa meta dois anos antes do previsto, do que nos orgulhamos muito. Essa meta de eletrificação é combinada com esforços para descarbonizar os combustíveis. A Califórnia possui um padrão de combustível de baixo carbono há uma década, que exige que todas as entidades reduzam a intensidade de carbono dos combustíveis” – exemplificou.
Para Yana Garcia, segundo a nota, existe a necessidade de adoção de abordagens equilibradas para promover tecnologias emergentes e práticas mais sustentáveis.
“Temos desafios técnicos e políticos envolvidos na substituição da dependência de combustíveis fósseis por alternativas renováveis”
No mesmo , segundo a CNT, o senador Veneziano Vital do Rêgo disse que o Brasil precisa de lei claras (arcabouço regulatório) para facilitar a adoção dos chamados combustíveis verdes. O senador também destacou a importância de estudos técnicos que garantam a viabilidade econômica dessa transição.
“Foi um o importantíssimo quando nós aprovamos no plenário a Lei do Combustível do Futuro, e nela a presença prevista do diesel verde. O próximo o é um dever compartilhado com o governo, para que nós construamos a regulamentação que em breve está chegando ao Congresso Nacional, e assim venhamos a dar o sequenciamento devido a esta que é, ao nosso ver, uma das legislações mais avançadas para o setor”, finalizou o Senador.
O diretor da Embraer, Daniel Bassani, falou sobre a produção do SAF Brasileiro, o Combustível de Aviação Sustentável.
“O diesel verde e o SAF seguem a mesma rota tecnológica e usam os mesmos insumos, são co-produtos. Esses combustíveis são uma solução para a descarbonização no setor aéreo, no curto e médio prazo, dentro e fora do país. A gente vê como uma grande oportunidade para o Brasil ser um dos grandes líderes globais de produção e distribuição no mundo todo. Somos o país do biocombustível”
NÃO BASTA SÓ RESPONSABILIZAR ÔNIBUS E CAMINHÕES
O presidente da CNT – Sistema Transporte, Vander Costa, disse que a confederação contratou uma empresa para medir todas as emissões dos transportes, inclusive pelos veículos leves que, individualmente, poluem menos que caminhões e ônibus, mas são em quantidade maior nas ruas, avenidas e rodovias. Além disso, se comparar as emissões geradas proporcionalmente por ageiro, os ônibus que transportam várias pessoas ao mesmo tempo são bem mais vantajosos do que os carros, inclusive os ainda movidos a diesel.
Costa disse que não adianta responsabilizar apenas os veículos pesados se não houver controle sobre carros e motos.
“Temos conversado com as agências, com os Ministérios de Transportes e de Portos, para poder contratar uma empresa para fazer um inventário do setor como um todo. A gente entende que, para reduzir, eu tenho que medir. E sem tirar a responsabilidade de trocarmos a matriz energética dos veículos pesados, de nada vai adiantar se eu não conseguir ter também um controle de motos e automóveis”, finalizou Vander Costa.
DO SISTEMA TRANSPORTE
Segundo a CNT, o concluiu “que os combustíveis sustentáveis são a alternativa estratégica para a descarbonização do transporte, mas que sua implementação requer colaboração entre os setores público e privado, inovação tecnológica e políticas consistentes”. Para isso, ainda de acordo com a entidade, “os entes envolvidos precisarão seguir trabalhando em prol da adoção de soluções que atendam necessidades locais e momentâneas, na base do diálogo e do entendimento”.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
E como vai ter menos impostos pra carros? No Brasil nem carro a gasolina o o aos mais pobres é fácil, muito menos carro elétrico que é pra classe alta apenas, então é utopia isso, até porque nem caminhoneiro tem dinheiro pra ter um caminhão elétrico.