Van Hool tem a falência decretada pela Justiça da Bélgica 15664r
Publicado em: 10 de abril de 2024 1h6t6g

Com 77 anos de atuação, uma das mais tradicionais fabricantes de ônibus da Europa, e conhecida pela qualidade dos produtos, tem desfecho melancólico
ADAMO BAZANI
O Tribunal Comercial de Mechelen, um tribunal na Bélgica que trata de litígios comerciais, decretou na segunda-feira, 08 de abril de 2024, a falência de uma das mais tradicionais fabricantes de ônibus, trólebus e semirreboques da Europa: a Van Hool, que tinha 77 anos de atuação.
Após um mal sucedido plano de recuperação judicial e problemas istrativos agravados pela disputa por herança entre a família fundadora, a Justiça entendeu que a empresa não tinha condições de se reerguer.
As dívidas, de acordo com o tribunal, beiram 400 milhões de euros, ou, em conversão de moedas, R$ 2,17 bilhões.
Para se ter uma ideia do valor das dívidas, o Grupo Itapemirim, das viações Itapemirim e Kaissara, quando tiveram a falência decretada em 21 de setembro de 2022, registrava débitos de R$ 2,2 bilhões.
O Brasil já assistiu a falência de tradicionais fabricantes de ônibus, como a Caio, comprada pelo grupo de operadores de ônibus de São Paulo ligados a família Ruas, no início dos anos 2000, e, em 2017, a Busscar, comprada pelo grupo que também havia adquirido a Caio.
A Comil teve risco de falência, mas se reergueu durante a recuperação judicial.
Como havia mostrado o Diário do Transporte, quatro grupos empresariais mostraram interesse na compra da Van Hool antes da falência, mas as atrativas não avançaram.
Porém, agora, depois da falência, marca, massa falida, maquinários e galpões podem ser adquiridos por meio de leilão ou acordos judiciais.
E estes grupos empresariais declararam à imprensa belga que ainda mantém interesse.
O Grupo VDL, que fabrica ônibus e tem sede na Holanda e a Schmitz Cargobull, de semirreboques, sediada na Alemanha apresentaram uma oferta conjunta para o OEM de ônibus.
Há também uma oferta do empresário belga Guido Dumarey, que conta com o apoio da American ABC, grupo de revendedores da Van Hool nos EUA, no qual a família Van Hool detém uma participação de 33%.
Caso a oferta da VDL/Cargobull fosse aceita, a VDL assumiria o controle da parte do negócio de ônibus, enquanto a Cargobull seria responsável pelos veículos industriais e semirreboques.
O futuro para alguns funcionários da Van Hool ainda é incerto.
A oferta VDL/Cargobull manteria entre 650 e 950 funcionários e haveria cerca de 1,6 mil demissões, a maioria na fábrica em Koningshooikt.
A Van Hool tinha operações na Bélgica e em Skopje, na Macedônia do Norte.
A empresa teria uma série de pedidos de veículos pendentes, incluindo um pedido de 20 unidades para a ExquiCity para Paris e parte de um pedido de 56 ônibus para uma nova linha em Paris.
Há também um pedido para a Qbuzz Holanda cobrindo 93 ônibus, incluindo 54 ônibus elétricos a bateria A15LE E.
Ainda não se sabe se estes pedidos vão ser atendidos.
Fundada em 1947, a Van Hool tinha operações na Bélgica e em Skopje, na Macedônia do Norte.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes