Eletromobilidade

Ônibus a hidrogênio têm nova expansão na Alemanha: RVK faz quarta encomenda de modelos da Solaris para operar em Colônia – e no Brasil? 233p5r

Gradativamente, esta forma de obtenção de energia de tração para o transporte coletivo vai ganhando espaço na Europa, mas desafios de custos e infraestrutura ainda são grandes

ADAMO BAZANI

Os desafios para o hidrogênio como fonte de energia de tração para ônibus ainda são grandes no mundo todo, em especial em relação a custos, que são bem altos, e infraestrutura, que ainda demanda grandes obras e requer espaços significativos nas garagens.

Mas aos poucos o hidrogênio vai ganhando espaço no transporte coletivo sobre pneus.

Um exemplo é Colônia, na Alemanha, que terá ao todo, 84 ônibus deste tipo fabricados pela Solaris.

Deste total, 46 unidades já estão em operação.

No fim de março de 2024, a operadora local dos transportes, Regionalverkehr Köln GmbH (RVK) anunciou a quarta encomenda: o novo lote é de 20 ônibus a hidrogênio Solaris, sendo nove Urbino 12, de 12 metros, e 11 unidades do modelo Urbino 18, articulados de 18 metros.

As entregas deste mais recente pedido estão previstas para o primeiro semestre de 2025.

Segundo a fabricante, em nota, os ônibus a hidrogênio Urbino 12 e Urbino 18 encomendados pela RVK contarão com células de combustível com potências de 70 kW e 100 kW respectivamente.

A autonomia com um único abastecimento é de 350 quilômetros, mesmo em condições mais severas de operação, de acordo com a Solaris.

Os coletivos também possuem novo sistema de ar condicionado de alta eficiência e avisos sonoros e visuais a bordo para informação aos ageiros.

A convite da Mercedes-Benz, o Diário do Transporte esteve em outubro de 2023 na BusWorld, em Bruxelas, na Bélgica, considerada a maior feira de ônibus do mundo.

Foi possível perceber que a Europa está levando a sério o hidrogênio como alternativa aos atuais veículos elétricos que apresentam problemas como a baixa autonomia das baterias, o longo tempo de recarga (crucial em grandes frotas de ônibus) e o tamanho dos bancos de baterias que deixam carros, caminhões e ônibus pesados e caros demais.

A questão esbarra no alto custo da tecnologia e produção dos veículos.

Na feira, entretanto, o discurso foi quase unânime: os ônibus e carros elétricos com a tecnologia que hoje se vê nas ruas, não são o futuro da mobilidade limpa.

Relembre:

/2023/10/12/diario-do-transporte-na-busworld-brasil-ainda-sofre-de-carencia-de-micro-onibus-eletricos-e-hidrogenio-como-alternativa-para-ampliar-a-autonomia-de-baterias/

Se na Europa, América do Norte e Ásia, mesmo que de forma gradativa, o hidrogênio avança na busca por redução de emissões pelo transporte coletivo, no Brasil ainda não se pode dizer o mesmo, apesar de os estudos e testes não serem tão recentes assim.

Atualmente, há uma iniciativa envolvendo a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), que gerencia os ônibus intermunicipais metropolitanos no Estado de São Paulo, e a USP (Universidade de São Paulo).

Veja o histórico abaixo da foto:

HISTÓRICO – O HIDROGÊNIO EM ÔNIBUS E VLT NO BRASIL:

Foram apresentados em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, entre 2009 e 2015, quatro ônibus a hidrogênio, que chegaram a circular pelo Corredor Metropolitano ABD, entre a região do ABC e a capital.

O programa de ônibus a hidrogênio foi criado ainda em 1993, com participação do Ministério das Minas e Energia e recursos do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).

Os veículos estão parados na garagem da concessionária NEXT Mobilidade, na área correspondente ao projeto de hidrogênio da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), gerenciadora, sem continuidade dos estudos.

O projeto Ônibus movido a Célula de Hidrogênio tinha vigência inicial até 31 de março de 2016 e os três veículos mais novos circularam no Corredor ABD até início de junho de 2016.

Na ocasião, a EMTU foi designada para ser a Coordenadora Nacional do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, que entrou com o apoio financeiro do Global Environmental Facility (GEF), além de recursos provenientes da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), por intermédio do MME. Para o desenvolvimento de todo o projeto foram destinados US$ 16 milhões.

Relembre:

/2017/02/23/emtu-diz-que-projeto-de-onibus-a-hidrogenio-e-vitorioso-e-fala-do-gas-natural/

O primeiro ônibus foi apresentado em 2009 e chegou a transportar ageiros em 2010, como também mostrou o Diário do Transporte na ocasião.

Relembre:

/2010/12/20/onibus-a-hidrogenio-comeca-a-rodar-com-ageiros/

O Diário do Transporte cobriu também a apresentação dos outros três ônibus.

Os veículos foram mostrados em uma cerimônia no dia 15 de junho de 2015, às 10 horas, na época da gestão de Geraldo Alckmin frente ao Governo de São Paulo.

Relembre:

/2015/06/15/emtu-apresenta-mais-tres-onibus-a-hidrogenio-no-abc-paulista/

A reportagem acompanhou as fases de testes.

Relembre:

/2016/03/07/testes-com-ageiros-nos-onibus-a-hidrogenio-do-corredor-abd-vao-ate-o-dia-31-de-marco/

No dia 10 de agosto de 2023, a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) e a USP (Universidade de São Paulo) anunciaram o início de um projeto com ônibus movidos à hidrogênio e a construção de uma estação para ter capacidade de produzir em torno de 5 kg do combustível por hora.

O hidrogênio é obtido a partir do etanol.

O projeto custou em torno de R$ 182 milhões. A estação conta com edifício, instalações e equipamentos.

As células a combustível produzidas pela estação geram eletricidade internamente a partir do hidrogênio.

Os testes envolveram três ônibus, que circularão pelo Campus da USP, na região do Butantã, zona Oeste da capital paulista, e um carro da Toyota que também participa do projeto, juntamente com a Shell, Raízen, Senai e Hytron.

Os ônibus já circularam pelo Corredor Metropolitano ABD, num projeto que não avançou, e foram reformados pela encarroçadora Marcopolo, por meio de um contrato de R$ 671 mil (R$ 671.624,79), como mostrou o Diário do Transporte no dia 11 de abril de 2023.

Relembre:

/2023/04/11/marcopolo-assina-convenio-com-a-usp-e-vai-atualizar-carroceria-em-projeto-de-onibus-a-hidrogenio-obtido-do-etanol/

O governador Tarcísio de Freitas disse, em nota, que devem ser criadas leis e alterada a legislação atual para incentivar a produção de hidrogênio como combustível.

“Vamos estruturar a legislação, marcos regulatórios e fomentar essa produção para que a gente ganhe escala e São Paulo, de fato, seja líder na transição energética que vai diminuir nossa pegada de carbono e dar exemplo de sustentabilidade e economia circular. Estou muito feliz de ser testemunha do esforço, do talento e da criatividade do nosso pesquisador brasileiro, do nosso pesquisador paulista”

Etanol e Hidrogênio:

A USP, o Senai e as empresas Shell Brasil, Raízen e Hytron am em 1º de setembro de 2022, um acordo de cooperação para o desenvolvimento de duas plantas de produção de hidrogênio renovável a partir do etanol.

Serão construídas duas plantas dedicadas à tecnologia de produção de hidrogênio a partir do etanol, uma com capacidade para produzir 5 kg/h de hidrogênio e a outra quase 10 vezes maior, com capacidade de 44,5 kg/h.

Segundo a Universidade, o acordo também contempla a construção de uma estação de abastecimento veicular para os ônibus que circulam pela Cidade Universitária, em São Paulo. Com início da operação previsto para o segundo semestre 2023, a estação será um dos primeiros postos a hidrogênio do mundo, diz a USP.

O modelo utilizar hidrogênio produzido a partir do etanol e motores equipados com células a combustível (fuell cell). A iniciativa surge como uma solução de baixo carbono para o transporte pesado, incluindo caminhões e ônibus.

A tecnologia será desenvolvida e fabricada pela Hytron, do grupo alemão Neuman & Esser (NEA), com e do Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras do Senai Cetiqt.

A Marcopolo foi escolhida para atualizar a carroceria do ônibus movido a hidrogênio obtido do etanol no projeto entre a USP, Raízen e Shell.

Convênio no valor de R$ 671 mil (R$ 671.624,79) entre a encarroçadora e a USP – Universidade de São Paulo (USP/EP, Unidade EMBRAPII Poli USP Powertrain) foi publicado em Diário Oficial do Estado de São Paulo de 11 de abril de 2023.

A ocorreu um dia antes com validade por 12 meses.

O documento prevê a reforma de inicialmente um dos três ônibus modelo Viale a hidrogênio apresentados em 2015 em um projeto entre EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) e o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Se der certo, os outros dois ônibus devem ser reformados.

No projeto apresentado anteriormente no Corredor ABD, os veículos dependiam do hidrogênio obtido pelo processo denominado eletrólise que separa o hidrogênio da água.

Estudos iniciais da USP mostram que este procedimento, para a obtenção do combustível pode ser mais caro e mais poluente do que o hidrogênio a partir do etanol.

No fim de 2023, o Grupo CCR, gigante de concessões, anunciou que já estuda a implantação no Brasil de um sistema de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), conhecido como bonde moderno, movido a hidrogênio verde.

Em comunicado à imprensa, o presidente do Grupo CCR, Marcio Hannas, disse que a intenção é utilizar a fonte de energia produzida no Brasil.

“Nossa intenção é usar um hidrogênio verde feito no Brasil. Aqui temos as condições propícias para essa produção” – afirmou.

A concessionária conversa com produtores de trens na Ásia e na Europa para cooperações técnicas.

Uma destas companhias é a Hyundai Rotem, na Coréia do Sul.

O hidrogênio é considerado verde se sua fonte for renovável.

Relembre:

/2024/02/03/brasil-podera-ter-vlts-e-onibus-a-hidrogenio-operando-ainda-nesta-decada/

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários 72495v

  1. Rodrigo Zika disse:

    Solaris é top.

Deixe uma respostaCancelar resposta 2p5c4z

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