VÍDEO: BBF 2023: As memórias e a evolução dos transportes que aqueceram corações na manhã fria de sábado j6f4f

Realizado em Barueri, na Grande São Paulo, encontro é considerado o maior evento deste tipo da América Latina

ADAMO BAZANI

FOTOS: GUSTAVO BONFATE

O frio e a chuva deste sábado, 26 de agosto de 2023, não foram capazes de espantar centenas de entusiastas da memória e da evolução do transporte coletivo de ageiros que estiveram na BBF (BusBrasil Fest), considerada atualmente a maior exposição de ônibus antigos e novos da América Latina.

O encontro ocorreu no Ginásio Poliesportivo José Corrêa, em Barueri, na Grande São Paulo.

O público teve a oportunidade de ver ônibus de diferentes épocas, desde os mais rústicos, mas que foram fundamentais para o desenvolvimento das cidades, até os atuais dotados de alta tecnologia e conforto.

IMPORTADOS:

Também se destacaram ônibus raros e até importados, como os GM (General Motors) norte-americanos, fabricados entre os anos 1950 e 1960, do acervo da empresa Turismo Santa Rita, da capital paulista.

Os veículos são originais, o que rendeu a possibilidade de terem “placa preta”.

Alguns destes ônibus importados inspiraram fabricantes brasileiras, em especial de carrocerias, a adotar soluções inovadores para cada época, como melhor disposição de poltronas e reclinações que ofereciam mais conforto.

FLECHAS E VIAÇÃO COMETA:

Outros modelos que não puderam faltar foram os CMAs Flechas que pertenceram à tradicional Viação Cometa e agora são propriedades de colecionadores particulares apaixonados pela empresa de ônibus, pelo design inspirado nos norte-americanos e pelo ronco inconfundível dos motores Scania. A CMA (Companhia Manufatureira Auxiliar) foi a fábrica de carrocerias da empresa paulista Viação Cometa e produziu o modelo Flecha Azul, em suas diferentes gerações, entre os anos de 1980 e 1990. A empresa também produziu um modelo apelidado de “Estrelão”, que encerrou a existência da fábrica quando a Viação Cometa, até então da família do fundador Tito Mascioli, foi vendida para o poderoso Grupo JCA, fundado por Jelson da Costa Antunes. Hoje, já com os herdeiros e numa gestão profissionalizada se transformando em holding, o Grupo JCA detém marcas como Auto Viação 1001, Viação Catarinense, Rápido Ribeirão Preto, Expresso do Sul, Opção, Macaense e Wemobi.

VIAÇÃO ITAPEMIRIM:

Outra marca do transporte rodoviário de ageiros que não ficou de fora do evento foi a Viação Itapemirim. A companhia foi fundada em 04 de julho de 1953 pelo empresário Camilo Cola e teve a falência decretada em 21 de setembro de 2022 pela Justiça de São Paulo após um processo de recuperação judicial que iniciou em março de 2016 e foi marcado por suspeitas de irregularidades que ainda são investigadas, como o ree de linhas da Itapemirim pela família Cola à uma empresa chamada Viação Kaissara (o Ministério Público apura fraude tributária neste procedimento) e a atuação dos empresários Camila Valdiva de Jesus e Sidnei Piva de Jesus que teve suspeitas de fraudes e desvios de recursos.

Mas a importância histórica da Itapemirim é inegável.

A Itapemirim, sob a visão idealizadora do fundador Camilo Cola, é responsável por grandes contribuições que mudaram e qualificaram o transporte rodoviário brasileiro: os ônibus de três eixos (Tribus), a fabricação de chassis e carrocerias, sistemas de comunicação entre motoristas, categorias diferentes de ônibus numa mesma linha, a preocupação com o design e o marketing (inclusive a Itapemirim protagonizou filmes e comerciais de TV), a integração de serviços de cargas e ageiros, tudo isso são algumas das muitas contribuições da Itapemirim para o desenvolvimento dos deslocamentos interestaduais.

A empresa que atualmente opera por meio de arrendamento judicial as linhas que eram autorizadas à Itapemirim/Kaissara, a Nova Itapemirim/Suzantur, do ABC Paulista, levou o ônibus prefixo 70000. Trata-se de um modelo atual, mas que ostenta uma das pinturas que remetem aos anos 1970/1980, época em que a Itapemirim estava em plena expansão.

Colecionadores particulares também levaram ônibus históricos com o padrão da Itapemirim, como um Ciferal dos anos 1970, um monobloco Mercedes-Benz O-364 dos anos 1980 e um Tribus da Tecnobus (antiga fábrica de carrocerias da Itapemirim) dos anos 1990.

SISTEMA DE ÔNIBUS DE SÃO PAULO E A CMTC:

Os transportes da capital paulista, o maior sistema de ônibus da América Latina, também foram homenageados.

Modelos de ônibus históricos de empresas privadas que marcaram a cidade estiveram presentes, como um Caio Vitória – Mercedes-Benz OF-1620, da Viação Tabu, extinta na cidade.

Mas o destaque mesmo foi para a CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos), empresa pública da capital paulista que foi fundada em 1946 e teve o braço operacional privatizado entre 1993 (trólebus) e 1994 (ônibus comuns). O braço de gerenciamento se tornou a atual SPTrans (São Paulo Transporte) em 1995.

O ônibus de dois andares da época do prefeito Jânio Quadros e monoblocos Mercedes-Benz relembraram diferentes momentos dos transportes paulistanos.

Mas quem roubou a cena no evento foi um monobloco Mercedes-Benz O-364 ano 1980, com a pintura da CMTC da época da gestão de Mário Covas frente à prefeitura: azul escuro, azul claro e branco.

Porém, no lugar da sigla CMTC, estava CCMC Companhia dos Cachaceiros de Mogi das Cruzes.

Foi uma reação humorada, mas de inconformismo com a atitude da SPTrans (São Paulo Transporte) que proibiu o dono do ônibus, Carlos Alberto dos Santos, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, de usar o nome da empresa pública.

Na ocasião, ao Diário do Transporte, a SPTrans (São Paulo Transporte), por meio de nota, confirmou o pedido de retirada da marca CMTC.

Relembre:

/2023/07/27/sptrans-manda-que-dono-de-onibus-historico-tire-nome-cmtc-do-veiculo/

Outros ônibus no evento e de mais colecionadores também estão com o nome CMTC, mas o departamento jurídico da SPTrans cismou com o ônibus de Carlos Alberto depois de o veículo ter sido o protagonista de uma das edições de 40 anos do SPTV, da TV Globo, um dos telejornais mais antigos no ar da TV.

A gozação em cima da proibição na BBF foi uma reportagem à parte do Diário do Transporte.

Relembre:

/2023/08/26/proibicao-pela-sptrans-de-uso-do-nome-cmtc-em-onibus-restaurado-vira-motivo-de-piada-em-maior-exposicao-do-setor-da-america-latina/

RODOVIÁRIOS DE ALTO PADRÃO:

Como um dos aspectos abordados pela BBF é a evolução, o evento também trouxe alguns modelos rodoviários de alto padrão, com categoria leito-cama e cabine-cama, que oferecem o máximo conforto nas viagens. Ônibus rodoviários mais simples, mas que possuem toda tecnologia de bem-estar e segurança também foram expostos.

Entre as empresas que participaram estão Pássaro Marron, do Vale do Paraíba, em São Paulo; Viação Garcia, do Sul do País; Viação Cometa da capital paulista; Expresso União, de Minas Gerais; Planalto, do Sul do País; Reunidas Paulista, do interior de São Paulo.

Veja as imagens de alguns modelos expostos, entre atuais e históricos:

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários 72495v

  1. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    1) Adamo, parabéns pela precisão da matéria pré BBF-2023 e parabéns pela rapidez na matéria pós BBF-2023 e principalmente pela fotos.

    2) A fiscalizadora comprovou com sua atitude, que realmente é uma fiscalizadora ao se preocupar com o uso da marca, ao invés de apoiar.

    3) Tem uma foto de um GM Coach curto sem identificação; eu pergunto: Esse buzão era da Santa Rita ?

    4) Na foto do Andorinha verde metálico, tem do lado esquerdo um Marcopolo II da Andorinha; se você tiver essa foto (Marcopolo II), será que dá para republicar para os leitores?

    5) Com as suas fotos dos buzões da Itapemirim, deu para comprovar que o marrom do carro 70 anos da Nova Itapemirim está fora do padrão da legítima Itapemirim.

    Att,

    Paulo Gil
    “Buzão e Emoção é a Paixão”

  2. Rubens Gabriel disse:

    Feliz em ver minha viaçâo guaianazes participando orgulho por ser VIAÇÃO GUAIANAZES

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