Anúncio foi feito nesta quinta-feira (18); veículos possuem tecnologia desenvolvida em São Bernardo do Campo (SP) os5m
ADAMO BAZANI
A prefeitura de Curitiba anunciou nesta quinta-feira, 18 de maio de 2023, por meio de nota, que a empresa Eletra, de tecnologia de ônibus elétricos com sede em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, vai testar também um veículo articulado e um de 15 metros movidos com baterias nos corredores da capital paranaense.
Os testes fazem parte de um programa de eletrificação da frota de coletivos que avalia modelos de diversas marcas para orientar a compra de 70 ônibus por R$ 200 milhões com recursos da prefeitura, sendo 42 padron e 28 articulados (veja mais detalhes abaixo).
Nesta segunda-feira (22), começam os testes efetivos com um modelo padron que também possui tecnologia Eletra.
É o segundo modelo de ônibus elétrico que integra o programa de testes de veículos sem emissões. O primeiro foi um modelo articulado da empresa BYD, que começou a circular sem ageiros em 28 de abril de 2023.
O veículo Eletra Padron começa a operar para avaliação na linha Interbairros II, que transporta 65 mil pessoas por dia e tem 42,5 quilômetros de trajeto.
Os testes com esta unidade devem durar entre 20 dias e um mês.
O chassi é Mercedes-Benz, com carroceria Caio modelo E-Millennium e baterias e motores Weg.
O modelo tem 12,1 metros e capacidade para 74 ageiros.
A autonomia é de 250 quilômetros e as baterias do veículo serão carregadas de duas a quatro horas no período noturno na garagem da empresa Redentor, operadora da Interbairros II
Para conduzir o veículo de 12,1 metros, onze motoristas, sendo sete mulheres, foram treinados pela Eletra e Redentor.
Além do veículo que entra em teste na segunda-feira, a Eletra deve trazer mais dois veículos, um articulado e mais um padron, de 15 metros, para rodar no sistema curitibano. Os testes devem durar 60 dias (20 dias para cada veículo). Serão avaliados itens como o consumo de energia, cumprimento da autonomia preconizada, níveis de ruídos e o desempenho do ônibus em variadas topografias (aclives, declives e plano). – diz nota da prefeitura.
As datas para os próximos ônibus, o de 15 metros e o articulado, ainda não foram definidas, mas a estimativa é de que todas as marcas sejam avaliadas até outubro de 2023.
Foram cadastrados veículos das fabricantes BYD; Eletra, Volvo, Mercedes-Benz, Higer e Marcopolo (que tem um modelo elétrico próprio).
Até 2030, 33% da frota de ônibus de Curitiba deverá operar com emissão zero; alcançando 100% até 2050, como parte do Plano de Ação Climática (PlanClima).
ÔNIBUS ELÉTRICOS:
O prefeito de Curitiba (PR), Rafael Greca, anunciou em 26 de abril de 2023, a compra pelo município de 70 ônibus elétricos.
A estimativa é de que os veículos custem R$ 200 milhões ao município e a aquisição será uma espécie de contrapartida da cidade ao auxílio internacional do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para a eletrificação e revitalização do eixo Interbairros II, que deve atender a 38 bairros da capital paranaense e ter 28 km de extensão. As obras estão em andamento.
O primeiro comunicado foi feito no Fórum de Prefeitos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) 2023, em Denver, Colorado (EUA), como mostrou o Diário do Transporte.
Relembre:
No dia 11 de maio de 2023, Greca deu mais detalhes sobre a aquisição e testes com ônibus elétricos.
Os primeiros veículos, segundo o prefeito, devem operar a partir de junho de 2024.
Do total de ônibus a serem adquiridos, 28 serão articulados e 42 modelos Padron. A primeira linha a receber os modelos será a Interbairros II. O projeto contempla ainda a utilização de veículos zero emissões no novo Inter 2 e no BRT Leste/Oeste.
Até 2030, 33% da frota de ônibus de Curitiba deverá operar com emissão zero; alcançando 100% até 2050, como parte do Plano de Ação Climática (PlanClima).
O presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), Ogeny Pedro Maia Neto destacou que o custo da compra dos ônibus elétricos anunciada nesta quinta-feira (11) não terá impacto imediato na tarifa.
“Os primeiros elétricos devem entrar em operação em meados do próximo ano, então não teremos impacto na tarifa até o fim de 2024. Apesar de ter maior custo de aquisição, o veículo elétrico tem menor custo de manutenção e uma vida útil entre 16 e 18 anos, contra dez anos dos modelos a combustão.”
Ogeny disse que a cidade estuda qual o melhor modelo operacional para a eletrificação da frota, entretanto, o mais provável é que haja uma participação conjunta de recursos públicos e de recursos privados para aquisição e operação dos ônibus. Já o fornecimento da energia e da infraestrutura de recarga deve ser um negócio separado.
“Podemos ter um modelo privado, público, híbrido, com a participação pública e privada, ou ainda com o abastecimento separado. Estamos avaliando todas as possibilidades para escolhermos a melhor opção para Curitiba. Com a compra dos veículos, o município vai preparar a infraestrutura de apoio, com a implantação de melhorias viárias, requalificação de ruas, estações-tubo e pontos de recarga nas garagens das empresas de ônibus e em áreas públicas da capital”
As declarações foram feitas no Workshop Modelos de Negócio para Eletromobilidade, evento realizado nesta quinta-feira (11), com continuação nesta sexta-feira (12), organizado pela Prefeitura de Curitiba em parceria com as organizações WRI Brasil e C40 Cities.
TESTES COM DIFERENTES MARCAS:
Os testes em Curitiba ocorrem com diferentes marcas de ônibus elétricos como parte de um edital de chamamento público para o projeto de eletromobilidade na cidade. No total, oito veículos destas empresas serão testados até outubro de 2023.
Até agora, foram cadastradas seis empresas: BYD; Eletra, Volvo, Mercedes-Benz, Higer e Marcopolo (que tem um modelo elétrico próprio).
O primeiro veículo em avalição foi um ônibus articulado produzido pela chinesa BYD na planta de Campinas (SP) com carroceria Marcopolo, feita em Caixas do Sul (RS). A circulação teve início em 28 de abril de 2023.
A gestão municipal informou que os resultados dos testes servirão de base para a elaboração do edital de compra dos primeiros ônibus elétricos que farão parte da frota municipal de ônibus, em 2024. Os ônibus elétricos vão trafegar nas linhas Inter II, Interbairros 2 e Eixo Leste Oeste, que transportam cerca de 370 mil pessoas por dia.
No médio prazo, a prefeitura prevê que até 2030, 33% da frota de ônibus de Curitiba deverá operar com emissão zero; alcançando 100% até 2050, como parte do Plano de Ação Climática (PlanClima), alinhado às ações globais de sustentabilidade.
SÃO PAULO:
A cidade de São Paulo é a que promete a maior frota de ônibus elétricos no Brasil em curto prazo: cerca de 2,6 mil unidades até o fim de 2024.
Em 06 de janeiro de 2023, foram publicados no Diário Oficial da cidade de São Paulo os aditamentos aos contratos firmados entre a prefeitura e as viações já com essa nova obrigação.
Relembre:
Em 24 de fevereiro de 2023, o superintendente de Engenharia Veicular e Mobilidade Especial da SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora do sistema, Simão Saura Neto, disse que as empresas de ônibus da cidade de São Paulo encomendaram até então, 2152 coletivos elétricos para o sistema municipal de linhas.
Segundo o técnico, deste total, 1480 unidades estão previstas para ser entregues ainda neste ano de 2023, mas o mercado teme ainda a falta de insumos e semicondutores na indústria automotiva em todo o mundo.
Entre estes modelos estão veículos do tipo padron, articulado e superarticulado.
O número é inferior à meta de 2,6 mil ônibus elétricos operando até o fim de 2024 como meta anunciada pela prefeitura, mas novas unidades ainda podem ser encomendadas.
Relembre:
No dia 30 de dezembro de 2022, a SPTrans havia divulgado que empresas de ônibus que atendem a cidade de São Paulo já tinham encomendado 1109 coletivos elétricos a bateria.
Como mostrou o Diário do Transporte, desde 17 de outubro de 2022, por meio de uma circular, a SPTrans proibiu a inclusão de ônibus a diesel no sistema, com exceção de micro-ônibus, pouco disponíveis nesta versão.
Relembre:
A empresa de transportes urbanos que atua na zona Sul da capital paulista, Transwolff, anunciou nesta quinta-feira, 12 de janeiro de 2023, que vai comprar 304 ônibus elétricos no âmbito de uma parceria com a Enel X.
O anúncio foi feito em primeira mão ao Diário do Transporte por volta de 13h00 desta quinta-feira, 12 de janeiro de 2023
Deste total, 100 vão operar neste ano de 2023 (Veja no link detalhes dos veículos)
Segundo a companhia de transporte, é o primeiro resultado da parceria que tinha sido anunciada pelo prefeito Ricardo Nunes no dia 08 de novembro de 2022.
Relembre:
Como mostrou o Diário do Transporte na ocasião, a multinacional já participou da implantação de frota de ônibus elétricos em outras cidades da América Latina, como no Chile.
Relembre:
O Diário do Transporte, em 2018, havia dito que a Enel X já demonstrava na ocasião interesse em replicar no Brasil modelo semelhante ao chileno de financiamento.
CORREDORES:
Como mostrou o Diário do Transporte, em 05 de novembro de 2021, durante anúncio de parceria do Estado de São Paulo e da Prefeitura em investimentos em mobilidade, o prefeito Ricardo Nunes e o então governador João Doria disseram que os novos corredores de ônibus da cidade serão servidos apenas por modelos elétricos.
Relembre:
O Plano de Mobilidade Urbana da Cidade prevê 27 obras que totalizam mais de R$ 5,5 bilhões, entre a implantação de 11 novos corredores de ônibus, o que representa mais de 95 km de novas vias, 30 km de requalificação de corredores já existentes, além da construção de quatro novos terminais.
Relembre:
CENÁRIO DA INDÚSTRIA (nacional e internacional):
Apesar de os veículos elétricos também serem impactados pela falta de insumos e equipamentos, como também ocorre com automóveis a combustão, a demanda pelos modelos não poluentes tem aumentado.
No Brasil, já existem opções de produtos em plena atividade, algumas que apresentarão modelos e outras que estão se estabelecendo (por ordem alfabética):
BYD: Indústria de origem chinesa, com planta em Campinas (SP), que fabrica ônibus elétricos de diversos portes: micros, padrons e articulados, além de rodoviários, produzindo as baterias, tecnologia e chassis. Está entre as maiores produtoras mundiais na área de mobilidade elétrica e produz também no Brasil placas de energia solar. Existem diversas cidades que operam com ônibus BYD no Brasil, inclusive São Paulo.
CaetanoBus: A empresa portuguesa CaetanoBus trouxe para testes no sistema de transportes da cidade de São Paulo o chassi e.CC 100 C5845 E.E, 100% elétrico. O modelo recebeu carroceria Caio, de produção brasileira. O e.CC 100 pode ser receber carrocerias de comprimento mínimo de 9.5 metros e máximo de 12.7metros.
Eletra: Indústria 100% nacional, do Grupo ABC/Next Mobilidade, com planta em São Bernardo do Campo (SP). A empresa foi inaugurada oficialmente no dia 22 de agosto de 2000. Faz toda a integração e tecnologia para ônibus elétricos à bateria, trólebus, híbridos (motores elétricos e à combustão no mesmo veículo), Dual Bus (mais de um tipo de tração elétrica em mesmo ônibus, por exemplo: trólebus+baterias ou baterias+híbridos). Não produz os chassis e baterias. O BRT-ABC, entre São Bernardo do Campo e São Paulo, é uma concessão à Next Mobilidade terá ônibus 100% elétricos de 22 metros cada com tecnologia Eletra, chassis Mercedes-Benz e carroceria Caio. A Eletra anunciou em2022 cinco tipos de ônibus elétricos para carrocerias com 10 m, 12,5 m, 12, 8 m ,15 m e 21,5 m. Ainda em 2022, para o BRT-ABC, a Eletra anunciou também o E-Troll, um veículo de 21,5 metros, com chassi Mercedes-Benz, que em parte do trajeto vai operar como trolébus e em outra parte, como ônibus elétrico a bateria. De acordo com presidente da Eletra, Milena Braga Romano, o corredor terá trechos com rede aérea como a dos trolébus. Enquanto estiver operando nesses trechos, o veículo carrega as baterias. Nos trechos sem a rede aérea, o funcionamento é com o banco de baterias já carregado.
Segundo a diretora comercial da Eletra, Ieda Oliveira, entre as vantagens é que não haverá necessidade de carregamento dos ônibus nas garagens, dispensando as caras estruturas de recarga.
Higer: Empresa de origem chinesa que apresentou um modelo elétrico de ônibus padron em novembro de 2022 na capital paulista. O modelo de 12 metros de comprimento está sendo testado e ou por cidades como São Paulo, Rio de Janeiros, Curitiba e São José dos Campos. Diz que trará ao Brasil também vans, ônibus articulados elétricos. Apresentou também um ônibus de fretamento com baterias. Os modelos são monoblocos (chassi, motores e carroceria formando um bloco só).
Marcopolo: Tradicional fabricante de carrocerias de Caxias do Sul (RS), testou em parceria com a empresa Suzantur, operadora de transportes de Santo André (SP), um ônibus 100% elétrico, projeto integral da Marcopolo. O modelo é padron com piso baixo. O veículo circulou sem ageiros entre o Terminal Vila Luzita (bairro populoso de Santo André) e o terminal principal da cidade no centro (Terminal Santo André Oeste). Já homologado, o modelo está sendo comercializado.
Mercedes-Benz: A gigante alemã lançou em 25 de agosto de 2021 o chassi de ônibus elétricos eO500U, de piso baixo, para carrocerias de até 13,2 metros, justamente os padrões de São Paulo. O modelo será produzido em São Bernardo do Campo (SP) e em 2023 já serão vistas as primeiras unidades. A capital paulista é o maior mercado previsto, mas outras cidades devem ter o modelo. A empresa planeja lançar em breve ônibus articulados e superarticulados.
Volvo: A gigante sueca produz em Curitiba (PR) um modelo de ônibus elétrico híbrido. O ônibus tem um motor a combustão, que gera energia, e o elétrico que atua na maior parte da tração. A tecnologia é híbrida paralela, quando o ônibus está parado, freia e até 20 km/h a atuação é do motor elétrico. A partir de 20 km/h, entra em operação o motor a combustão. Há unidades em circulação em Curitiba, Foz do Iguaçu e Santo André (Suzantur), por exemplo. Em agosto de 2022, a Volvo apresentou seu primeiro chassi de ônibus totalmente elétrico para exibição no Brasil, o BZL. Com zero emissões, o Volvo BZL pode ser equipado com 3 a 5 baterias de lítio níquel cobalto óxido de alumínio (NCA) de 94kWh cada, dependendo da aplicação a que for destinado. Em primeira mão para o Diário do Transporte, em 16 de fevereiro de 2023, o diretor operações de ônibus na América Latina montadora, André Marques, disse que o modelo 100% elétrico da marca será testado na capital paulista no segundo semestre. O modelo de chassi será o BZL, chassis elétricos para veículos de até 13,2 metros de comprimento.
Scania: Não descarta a produção própria de elétricos, mas investe na tecnologia de ônibus a gás natural e biometano. Em 2023, foram intensificados testes pela Eletra Industrial de sua tecnologia para ônibus elétrico num chassi Scania de três eixos para carrocerias de até 15 metros de comprimento.
Volkswagen: Em 2018, a Volkswagen apresentou um modelo de médio porte elétrico, o e-Flex com um sistema pode aliar diferentes formas de recarga e abastecimento para ônibus elétricos. Um pequeno motor à combustão gera energia para o elétrico, sendo um propulsor 1.4 turbinado flex de 150 cv de potência. Em novembro de 2018, a montadora prometeu que o modelo já estaria nas ruas em seis meses, o que não aconteceu. Um ano antes, em 2017, a Volkswagen anunciou que a partir do chassi do caminhão 100% elétrico e-Delivery, desenvolveria um micro-ônibus de 11 toneladas elétrico, o que ainda não se concretizou.
Iveco: Em agosto de 2022, a Iveco apresentou um modelo a gás natural/biometano, o 17.210G, para carrocerias de até 12 metros. O ônibus possui seis cilindros a gás, 80 litros cada um, que oferece autonomia de 250 quilômetros. Foi mostrado, mas não para o mercado nacional, apenas como conceito, ônibus elétrico Iveco E WAY, de 20 toneladas.
O modelo, é um monobloco de 12 metros, piso baixo total, com oito packs de bateria. A autonomia é de 300 quilômetros, aproximadamente.
O elétrico não será comercializado, inicialmente, no Brasil e a Iveco pretende oferecer para o mercado brasileiro chassi elétrico para encarroçamento de fabricantes locais.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes