Ferroanel é trocado por Trem Intercidades apesar de promessas de Doria e Tarcísio; redução do vão entre trem e plataforma depende de separação do transporte de carga e ageiro b4n2y
Publicado em: 5 de agosto de 2022 342p3w

Projeto do Ferroanel Norte de São Paulo foi objeto de protocolo assinado em 2019 entre governo do Estado e Ministério da Infraestrutura
ALEXANDRE PELEGI/ADAMO BAZANI
O Minfra (Ministério da Infraestrutura), do Governo Federal, informou ao Diário do Transporte nesta quinta-feira, 04 de abril de 2022, que o projeto de construção do trecho do Ferroanel Norte foi trocado pelo TIC – Trem Intercidades.
Segundo resposta encaminhada ante questionamento do Diário do Transporte, o Minfra justifica a “troca”:
“Embora as tratativas iniciais entre o Governo de São Paulo e o Governo Federal sobre o protocolo de intenções tivessem como objetivo a execução do projeto, com o amadurecimento das discussões, outra iniciativa se mostrou capaz de gerar mais benefícios para a região, o Trem Intercidades Eixo Norte – TIC”.
O Ferroanel ou mesmo o TIC, essenciais para a separação entre trens de cargas e de ageiros, estão relacionados não somente a questões logísticas com a redução de custos dos transportes e melhor aproveitamento da malha ferroviária, mas diretamente à segurança dos ageiros.
Isso porque os vãos entre os trens e as plataformas são grandes em várias estações por causa do compartilhamento do transporte de cargas e de ageiros.
A TM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) adota o sistema de “borrachões” ou extensões para reduzir o espaço, mas menos assim, a solução, apesar de importante, não é totalmente eficiente. Muitos destes equipamentos ficam localizados somente na região das portas. Mas o espaços continuam grandes na região entre as portas dos trens, onde se foram filas de ageiros.
Os trens de carga são mais largos e o avanço das plataformas impossibilitaria a circulação destas composições que ainda precisam ar pelas estações de ageiros.
Não bastasse a questão dos vãos entre os trens e plataformas, o compartilhamento também exige estratégias operacionais para diminuir impactos que poderiam gerar atrasos para os ageiros.
Além de maiores, em geral, os trens de cargas são mais lentos.
É ruim para o ageiro e ruim para a carga também, cuja a operação em trechos compartilhados fica restrita aos horários de pico. Isto é, limita a capacidade de carga do transportador.

Na estação Engenheiro Goulart, ageiro é alertado sobre o vão
Como noticiou o Diário do Transporte o então governador João Doria assinou no dia 29 de janeiro de 2019 um protocolo de intenções entre o Governo do Estado de São Paulo e o Governo Federal para a construção do trecho Norte do Ferroanel.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, assinou como representante da União.
A obra, se realizada, permitirá finalmente que os trens de ageiros da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (TM) deixem de compartilhar os trilhos com o transporte de carga. Com a obra pronta, a carga será transportada em via exclusiva.
Os investimentos para a linha férrea de 53 km viriam dos recursos provenientes da outorga de concessão ferroviária da MRS Logística, de R$ 3,5 bilhões, que seriam assim investidos pelo Governo Federal. Eles só seriam viáveis se a ANTT aprovasse a antecipação da prorrogação do contrato com a MRS por mais 30 anos.
Na época, a estimativa era que em até 45 dias o Governo Federal abrisse consulta pública a respeito do aditivo da concessão da ferrovia.
Após mais de três anos nada aconteceu.
O Diário do Transporte pediu então esclarecimentos ao Ministério da Infraestrutura e ao governo paulista sobre a situação do protocolo, se este teria validade, e quais as chances do Ferroanel sair da prancheta e tornar-se realidade.
O Infra respondeu, mas o governo paulista até o momento não enviou resposta.
Isso porque o principal argumento para obter recursos para a obra seria a prorrogação por mais 30 anos da concessão da malha ferroviária concedida à MRS, o que ocorreu recentemente. A concessão da empresa transportadora de cargas começou em 1996 e terminaria em 2026, mas com o parecer da diretoria técnica da ANTT, o contrato vai até 2052. A MRS opera a Malha Sudeste, que tem 1.643 km de extensão, ando pelos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, com operação nos portos de Santos, Itaguaí, Sudeste, Guaíba e Rio de Janeiro. Em troca desta prorrogação, a empresa terá de fazer investimentos de R$ 21 bilhões para toda a concessão em manutenção da capacidade de transporte.
Relembre: ANTT aprova prorrogação antecipada de concessão da MRS por mais 30 anos
No dia da do protocolo, João Doria afirmou que a obra do Ferroanel finalmente iria se materializar após 45 anos de debates, graças ao apoio do Governo Federal. O então governador chegou a declarar: “com certeza absoluta o Ferroanel terá início neste ano”.
Tarcísio Freitas, Ministro da Infraestrutura, destacou o significado da aliança com o governador paulista: “representa a aliança do Governo Federal com o Governo do Estado em menos de 30 dias. É o aproveitamento de uma grande oportunidade que é a prorrogação antecipada dos contratos de concessão de ferrovias para a viabilização de investimentos importantes”.
OBRA
O trecho Norte do Ferroanel ligará Perus, zona Norte de São Paulo, a Itaquaquecetuba, num trajeto de 53 quilômetros de trilhos, com investimentos no valor de R$ 3,5 bilhões.
Serão 12 km com 42 pontes e viadutos, 17 km de túneis e 23 km em terraplanagem.
O Ferroanel será usado para transporte de ageiros, de modo segregado ao transporte de cargas. A expectativa das autoridades é que mais de três milhões de pessoas sejam transportadas neste trecho. Após o início das obras, a estimativa é que trecho norte do anel ferroviário deverá ficar pronto em 48 meses.
Já quanto às cargas, a obra deverá transportar 67 milhões de toneladas de produtos por ano, o equivalente a mais de 2,8 mil caminhões, que deixarão de rodar nas estradas.
ÍNTEGRA DA NOTA DO MINFRA – MINISTÉRIO DA INFRAESTRUTURA:
Adamo Bazani e Alexandre Pelegi, jornalistas especializados em transportes
Engracado ou TRISTE em Portugal as frandes obras publicas também sempre demoram 50 anos avancar. Como é a obra do novo aeroporto de Lisboa e a da barragem de Alqueva no Alentejo, etc !
Felizmente a obra avançará em São Paulo mas infelizmente demorou quase 50 anos para iniciar. Em Portugal é igual veja a baŕagem de Alqueva no Alentejo e o novo aeroporto de Lisboa, muita corrupção!