Início será sem ageiros, mas veículo também vai fazer transporte de pessoas em seguida 186v46
ADAMO BAZANI
Já está na garagem da empresa Transwolff, na zona Sul de São Paulo, o ônibus 100% elétrico da empresa chinesa Higer para iniciar um novo ciclo de testes pelas ruas da capital paulista.
A expectativa da empresa operadora e da fabricante é que os testes iniciem na próxima semana.
A intenção é que nos dias 11 (terça-feira), 12 (quarta-feira) e 13 (quinta-feira) de janeiro de 2022, sejam feitos os testes de autonomia de baterias e de funcionamento de outros componentes. A partir de sexta-feira, 14 de janeiro de 2022, devem começar as operações experimentais com ageiros.
As datas podem ar por alterações e são estimativas.
As próximas empresas que devem receber o veículo para testes são Sambaíba, na zona Norte, e, em seguida, Metrópole Paulista.
Até então, o ônibus estava sendo avaliado diretamente pelos técnicos da SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora do sistema municipal.
Como mostrou o Diário do Transporte, o ônibus foi apresentado ao prefeito Ricardo Nunes em 11 de novembro de 2021.
O modelo Azure A12 BR, fabricado na China, mas preparado para receber peças nacionais, tem 12,2 metros de comprimento, capacidade para 70 ageiros entre em pé e sentados, baterias com autonomia de até 270 km, piso baixo total e o modelo de negócios contempla uma espécie de aluguel de 15 anos que inclui fornecimento de energia, troca de baterias e manutenção.
Para ouvir a entrevista, clique neste link:
O ÔNIBUS:
O ônibus é o modelo Azure A12BR (tipo básico da SPTrans), de 12 metros de comprimento com capacidade para 70 ageiros e duas portas de o.
O peso é de 13,7 toneladas, o que segundo a empresa, pode ser de uma a duas toneladas menor que ônibus similares do mesmo porte. O tempo de recarga das baterias pode ser entre 2h30 e 3h e a autonomia das baterias entre 250 km e 270 km com uma carga única.
O ônibus é do tipo monobloco, que não necessita de encarrroçamento. Deve ser mantido este modelo quando as importações começarem para o Brasil.
Apesar de ser feito China, Barella e Barreto afirmam que o ônibus todo foi preparado para o mercado nacional, por isso a sigla BR na nomenclatura, inclusive sendo firmadas parcerias com fabricantes que estão instaladas no Brasil.
“O ônibus foi feito e configurado para as nomas no Brasil de segurança e ibilidade, como a NBR 15570. A maioria dos componentes do Azure é de fabricantes que têm estrutura no Brasil; por exemplo, os eixos são da ZF, os motores são da Dana, o ar-condicionado é da Valeo, a direção hidráulica é da Bosch, a parte de suspensão da TRW, freios da WABCO entre outros. Com isso, a gente quer dar tranquilidade ao operador que ele vai ter pós-venda e peças de reposição.” – exemplificou Barella
Barreto explica que o ônibus vai ser importado no sistema PKD, ou seja, toda a estrutura do ônibus será trazida sem os componentes, que serão instalados no Brasil. Por isso, que será possível o uso de peças nacionais, sendo a Higer responsável, além da carroceria e chassis, pela bateria e por toda a “inteligência” do sistema.
“A grande tecnologia da Higer é a gestão dos controladores e inversores de energia, além das baterias. A gente tem um pacote cinco em um, de uma central total, diferentemente de outras marcas, com isso, ganhamos em peso e custo de manutenção. A tecnologia de monobloco, que estamos reinserindo no Brasil, é a mais indicada. Isso porque, o ônibus elétrico é muito sensível a peso e volume. A Higer tem chassis, mas as carrocerias brasileiras são muito pesadas, o que deixa de uma a uma tonelada e meia a mais”
DIFERENCIAIS:
A Higer enumerou algumas características do modelo que, segundo a fabricante, o diferenciam de outros ônibus elétricos disponíveis no Brasil.
– Piso Baixo Total: diferentemente dos modelos atuais Low Entry, com piso baixo só até a metade do ônibus e degraus no corredor, o Azure A12 BR tem toda a extensão (para-choque a para-choque) com piso baixo. (Atualmente, de piso baixo total só existem os Busscar Urbanuss Pluss LF, que são trólebus – ligados à fiação – que operam pela Next Mobilidade/Metra no Corredor ABD, entre a região do ABC e a cidade de São Paulo).
– Motor traseiro em vez de motor nas rodas: Para a Higer, a posição é melhor por evitar problemas que possam ser gerados pelas instabilidades do pavimento.
– Tempo de recarga: A Higer promete um tempo de recarga de 2h30 a 3h.
– Autonomia: Pode varia entre 250 km e 270 km
– Carregador tipo DC para baterias do ônibus: Segundo a Higer, a tecnologia dispensa a necessidade de transformador dentro do ônibus. Isso porque, as baterias são carregadas em todo o tipo de ônibus no modo DC, mas os carregadores no mercado são do tipo AC, sendo necessário o transformador. Com isso, é possível o carregamento ser mais rápido e a eliminação de um peso de 200 kg a 300 kg.
– Carregadores de celular para quem está em pé: além de entradas USB nos bancos, há também nas colunas
– 5G: O ônibus tem preparação para o wi-fi 5G, tecnologia que está entrando no Brasil
PACOTE COM ÔNIBUS, ENERGIA, BATERIAS E DEVOLUÇÃO:
A Higer diz ainda que firmou uma parceria com a ENEL e a ENGIE que engloba não só a aquisição do ônibus, que segundo a empresa, fará com que a vida útil do veículo tenha um custo menor em comparação a outros ônibus elétricos.
Trata-se de uma espécie “de aluguel” ou “leasing” de duração de 15 anos. Ao fim deste período, o ônibus é devolvido à Higer.
Este “aluguel” é um pacote, que engloba a aquisição do ônibus, fornecimento de energia elétrica, manutenção, peças de reposição, os carregadores e troca de bateria no oitavo ano, com o descarte sendo de responsabilidade da Higer.
“Não existe no Brasil um pacote de financiamento com este prazo. São pagamentos mensais que são bastante enquadrados na realidade dos operadores” – disse Barella.
“Com isso, ao longo de toda a sua vida, o ônibus vai ficar mais barato que as outras opções de modelos de negócios hoje existentes no Brasil” – afirmou Barreto.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes