Grupo diz que não recebeu diretos trabalhistas
ADAMO BAZANI
Ex-funcionários da Viação Itapemirim realizam neste sábado, 05 de junho de 2021, uma manifestação no município de Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, local onde foi fundado o grupo.
Os profissionais, entre motoristas de ônibus, mecânicos, trabalhadores de agências, -áreas istrativas e demais funções, dizem que foram desligados entre os anos de 2016 e 2021 e que não receberam integralmente os direitos trabalhistas e as verbas rescisórias.
O grupo realizou na manhã uma carreta nas principais vias da cidade e se concentrou na frente da uma das garagens da empresa.
O Diário do Transporte procurou a Viação Itapemirim que enviou a seguinte nota:
O Grupo Itapemirim informa que não possui ivo trabalhista com ex-funcionários da companhia em Cachoeiro do Itapemirim (ES). As referidas reinvindicações já foram analisadas e indeferidas tempestivamente pela Justiça do Trabalho.
O grupo ressalta ainda que tem cumprido rigorosamente o plano de Recuperação Judicial e, diante disso, já protocolou petição solicitando o seu encerramento, no último dia 24 de maio.
Em relação ao China Construction Bank Brasil, o Grupo Itapemirim informa que o credor está recebendo o valor do seu crédito nos termos do plano de Recuperação judicial, em parcelas mensais de R$ 100 mil, devidamente comprovados nos autos do processo nº 1108214-64.2020.8.26.0100.
Conforme disposto no plano de Recuperação Judicial, aprovado pelo próprio credor China Construction Bank Brasil, o Grupo Itapemirim está autorizado a realizar novos projetos, por ora, direcionado ao setor aéreo. Esse investimento foi autorizado e convalidado pelo Juiz da Recuperação Judicial, decisão proferida em 26 de agosto de 2020.
A transparência da atual gestão do presidente Sidnei Piva de Jesus e o fiel cumprimento do plano de Recuperação Judicial permitiu que o Grupo Itapemirim pleiteasse o encerramento da Recuperação Judicial.
A Viação Itapemirim entrou em recuperação judicial em 2016, ainda quando era controlada pela família de Camilo Cola, fundador da empresa que morreu na noite do último sábado, 29 de maio de 2021, aos 97 anos.
Relembre:
/2021/05/30/camilo-cola-fundador-da-itapemirim-morre-aos-97-anos/
Contando débitos trabalhistas, de impostos, com bancos e fornecedores, a Itapemirim possui um ivo de cerca de R$ 2 bilhões.
Atualmente, o Grupo Itapemirim está sob a presidência do empresário Sidnei Piva, que protocolou uma petição para encerrar o processo de recuperação judicial. O pedido foi feito no dia 24 de maio de 2021, para a 1ª Vara de falências e recuperações judiciais do foro central da comarca da capital, no Estado de São Paulo.
Relembre:
/2021/05/25/itapemirim-protocola-peticao-para-encerrar-recuperacao-judicial/
O China Construction Bank Brasil, antigo BicBanco, um dos credores, chegou a pedir a suspensão da recuperação judicial e que o atual presidente da empresa, o empresário Sidnei Piva, fosse destituído do cargo.
O grupo alega que o empresário desviou recursos da empresa de ônibus, vendendo ativos para criar a companhia aérea de transporte de ageiros.
Tudo isso teria sido feito, ainda segundo o banco, sem a aprovação prévia dos credores. A instituição financeira alega que em torno de 30% do dinheiro obtido com a venda foram transferidos para a ITA (Itapemirim Transportes Aéreos) e que apenas 27% foram de fato para o pagamento de credores.
A justiça ainda não decidiu sobre o pedido.
O grupo Itapemirim diz que o banco tem recebido os recursos devidos e que o plano de recuperação judicial prevê a possibilidade de novos investimentos.
“O Grupo Itapemirim informa que o credor está recebendo o valor do seu crédito nos termos do plano de recuperação judicial, em parcelas mensais de R$ 100 mil, devidamente comprovados nos autos do processo nº 1108214-64.2020.8.26.0100. O plano de recuperação judicial prevê a possibilidade de alienação, locação ou arrendamento de todos seus bens e ativos, visando fomentar a operação, seja em relação a novos investimentos/projeto e/ou substituição da frota de veículos. Conforme disposto no plano de recuperação judicial aprovado pelo próprio credor China Construction Bank Brasil, o Grupo Itapemirim está autorizado a realizar novos projetos, por ora, direcionado ao setor aéreo.”
ÔNIBUS URBANOS E TRENS:
Além da companhia aérea, o grupo da Itapemirim mira outros negócios que até então não faziam parta de sua atividade como a operação de ônibus urbanos e o setor metroferroviário.
Como mostrou o Diário do Transporte em primeira mão em 28 de maio de 2021 , o Grupo da Viação Itapemirim deve assumir integralmente as linhas de ônibus municipais urbanas em Nova Friburgo (RJ) em até 60 dias e os investimentos iniciais em frota para esta operação serão de aproximadamente R$ 65 milhões.
Na nota à reportagem do Diário do Transporte, o grupo ainda informou que a identidade visual dos ônibus urbanos será a mesma usada nos veículos rodoviários, cuja cor predominante é amarela.
Relembre:
O Grupo Itapemirim tentou, mas não conseguiu vencer, o leilão de concessão à iniciativa privada das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da TM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) em um contrato com duração de 30 anos.
O leilão ocorreu em 20 de abril de 2021 e teve o Grupo CCR em consórcio com o Grupo RuasInvest como vencedor.
Foram quatro propostas. Em todos os consórcios houve a participação de operadores de ônibus
Consórcio ViaMobilidade 8 e 9 – Formado pela CCR (líder) e Ruas Invest (ônibus da capital paulista): R$ 980 milhões
Consórcio MobTrens: Grupo Comporte (família Constantino, ônibus) – líder, Consbem Construções e CAF: R$ 787,7 milhões
Consórcio Integração Iberica Holdding S.A (líder) e Metra (dos Trólebus e Ônibus do ABC): R$ 519,5 milhões
Consórcio Itapemirim/Encalso: Grupo Itapemirim (ônibus é o principal negócio) – líder Encalso Construções: R$ 400 milhões
Relembre:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes