De acordo com carta de arrematação, foi a única proposta feita para as companhias; Área operacional acabou e linhas serão transferidas para Consórcio do BRT;
ADAMO BAZANI
Como já havia mostrado o Diário do Transporte, num dos leilões de recuperação judicial do Grupo BJS (Baltazar José de Sousa), ocorrido em 23 de março de 2021, houve apenas uma proposta para a compra da EAOSA (Empresa Auto Ônibus Santo André) e da Viação Ribeirão Pires, as duas maiores companhias do conglomerado.
Relembre:
/2021/03/23/leilao-da-eaosa-e-da-ribeirao-pires-recebe-uma-proposta-pelo-valor-de-r-75-milhoes/
Na ocasião, até deliberação do juiz Rosselberto Himens, da 6ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho – Capital de Manaus, responsável pelo processo, a reportagem respeitou o sigilo do nome do proponente, mas agora, a identificação está inserida no processo, se tornando pública.
A oferta foi da empresa ALL Transportes Eireli.
De acordo com a carta de proposta e a Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo), a ALL Transportes está registrada na sala 40 de um prédio de escritórios que fica na Rua Manoel da Nóbrega, 598, centro de Diadema, no ABC Paulista, mesma região onde atuam as empresas de Baltazar.
Ainda de acordo com os documentos oficiais, o titular e da empresa é Jonathan Felix da Silva, cujo endereço residencial fica num bairro de classe média-baixa também em Diadema.
O endereço pessoal será preservado pela reportagem, mas imagens do Google Street View mostram que trata-se de uma casa modesta junto com outras residências.
A oferta pelas empresas foi pelo valor mínimo apresentado no leilão: R$ 7,5 milhões.
O capital da All Transportes registrado na Jucesp é de “R$ 99.800,00 (NOVENTA E NOVE MIL, OITOCENTOS REAIS)”
A compra equivale apenas às “marcas” EAOSA e Viação Ribeirão Pires e não envolve os ônibus, bens gerais e garagens.
A EAOSA e a Viação Ribeirão Pires foram arrematadas em meio à extinção da área 5 da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), correspondente ao ABC Paulista, onde ambas empresas atuam.
Todas as operações da região ficarão a cargo do consórcio liderado pela Metra, que desde maio de 1997 é responsável pelo Corredor ABD de ônibus e trólebus entre as zonas Sul e Leste da capital paulista ando pelas cidades de Santo André, Mauá (Terminal Sônia Maria), São Bernardo do Campo e Diadema.
Em troca de construir e operar o BRT ABC de ônibus elétricos, a Metra teve o contrato do Corredor ABD ampliado até 2046 e vai assumir todas as 85 linhas da extinta área 5.
Estas linhas am a ser chamadas no contrato, já assinado, de linhas remanescentes.
O contrato envolvendo construção e operação do BRT ABC, operação e modernização do Corredor ABD (ônibus e trólebus) e a assunção de todas as linhas da EMTU no ABC é de R$ 22,6 bilhões e a Metra poderá subcontratar empresas para operar as linhas comuns, se assim desejar.
Relembre:
O Grupo Baltazar opera entre o ABC Paulista e a capital com as seguintes empresas: Viação Ribeirão Pires, EAOSA – Empresa Auto Ônibus Santo André, EUSA – Empresa Urbana Santo André, Viação São Camilo, VRG – Viação Riacho Grande, Viação Triângulo e Viação Imigrantes.
São aproximadamente mil funcionários e em torno de 350 ônibus em todo o grupo.
A recuperação judicial do Grupo de Baltazar ocorre desde 2012 pela Justiça de Manaus e é um dos mais longos da história de empresas de ônibus urbanas e metropolitanas do País.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes