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HISTÓRIA: A satisfação de encontrar um Diplomata no meio do caminho 1j2s47

As "quedas" dos níveis no teto do ônibus estavam entre as características mais charmosas do modelo 1w1n43

Veículo, em São Bernardo do Campo, guarda as características externas originais de um dos modelos mais clássicos e longevos da indústria de ônibus brasileira

ADAMO BAZANI

Quem é apaixonado pela história dos transportes e coincidentemente encontra um modelo antigo clássico tem a sensação de ter achado um tesouro.

Aliás, o sentimento às vezes é mais forte do que se fosse premeditado porque vem o ingrediente do gostinho da surpresa.

Foi o que ocorreu com este repórter numa volta despretensiosa na última segunda-feira, 02 de novembro de 2020.

eando com os pais de carro e tomando todos os cuidados quanto à Covid-19, o intuito era “fazer o trajeto” da linha 196 da Auto Viação ABC (São Bernardo do Campo – Parque Seleta/Santo André Estação). Essas voltas de carro “sobre as linhas de ônibus” são uma forma de fazer os pais sentirem um pouco a vida, já que devido à necessidade de isolamento e por pertencerem a grupo de risco, não saem de casa para nada.

Foi quando, já perto do ponto final da referida linha em São Bernardo do Campo, a estrela do eio surge às vistas: um Diplomata 2.50 com chassis Mercedes-Benz O-355.

O ônibus ano 1978 externamente mantinha as principais características de fábrica e com os charmes do design da época: “as sete quedas” no teto, que são os quatro níveis na traseira e três na dianteira, e as janelas em ângulo, além, claro, das grandes lanternas quadradas na traseira.

Este modelo foi fabricado entre 1977 e 1981 (datas aproximadas) pela encarroçadora Nielson (que deu origem à atual Busscar). Diversas empresas de ônibus tiveram o Diplomata 2.50: Catarinense, Expresso Brasileiro, Graciosa, Empresa Cruz, Pluma, Motta, Gontijo, Garcia, Pássaro Marron, e tantas outras.

Uma das sensações mais marcantes ao rever o ônibus é que este repórter, quando criança, era levado pelos pais para ear e ficava irando estes veículos coletivos, entre os quais, o Diplomata. E hoje, é este que repórter que estava levando os pais para ear quando encontrou o mesmo modelo.

Ao ver sites de fotos de ônibus (como o Ônibus Brasil) foi possível perceber que outros iradores de transportes o fotografaram (já como motorhome) e que não foi nenhuma exclusividade a imagem.

Mas, o que isso importa? O importante foi a sensação de gratidão à vida por estar com quem se ama e poder em um veículo reviver lembranças tão boas.

É o que um ônibus antigo pode proporcionar.

O veículo, de acordo com os registros fotográficos de outros fãs de transportes, pertenceu a Turismo Pardini, empresa de fretamento que atuou em São Caetano do Sul, também no ABC Paulista.

O Diplomata, em diferentes versões, foi um dos modelos de ônibus mais marcantes e longevos da história dos veículos rodoviários.

O primeiro Diplomara surgiu em 1961, quando Harold Nielson lançou o estilo de ônibus com teto em dois níveis, que viraria uma marca da Nielson. Harold era filho mais velho de Augusto Bruno Nielson, que fundou a indústria de carrocerias juntamente com o irmão Eugenio Nielson em 1946.

A última versão do Diplomata sairia de linha de produção e entraria para a história em 1989.

A descontinuidade do modelo marcaria o início do nome Busscar como marca da fabricante e o surgimento da linha El Buss e Jum Buss.

Foram 28 anos de Diplomata que com certeza proporcionaram enquanto na ativa nas linhas (e ainda proporcionam quando eventualmente vistos resistindo ao tempo) momentos especiais de luta, amor em família, carinho, desafios e trabalhos.

Coisas que só quem ama o transporte pode sentir ao ver um exemplar desse nos dias atuais.

Ônibus ainda com as cores da Turismo Pardini

Ponto final da linha 196 no Parque Selecta e de linhas municipais

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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