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Após desativação da rede de trólebus, Moscou “corre” para restaurar veículos históricos n1871

Modelo veio suprir carência da indústria russa 5n5f1q

Um dos exemplares é um veículo articulado que era diesel e foi convertido para elétrico. Brasil também tem essa experiência e modelos operam até hoje no Corredor ABD

ADAMO BAZANI

O trólebus agora é um veículo que apenas ficou para a história em Moscou, capital russa.

Como mostrou o Diário do Transporte, em 26 de agosto de 2020, a cidade que já teve quase 700 trólebus e uma rede de aproximadamente 600 km anunciou a desativação do sistema, que ocorreu de forma gradual.

Relembre:

/2020/08/26/moscou-aposenta-trolebus-e-vai-desativar-monotrilho/

Mas agora entusiastas e até funcionários do sistema correm contra o tempo para preservar exemplares raros e que marcaram a história deste meio de transporte que ajudou Moscou a se locomover por décadas.

Um dos veículos que devem ficar para posteridade é o SVARZ-Ikarus, que serviu em Belokamennaya.

De acordo com a agência MK, são os próprios trabalhadores do sistema que lutam para restaurá-lo.

O modelo foi criado em 1988 e, segundo a publicação, não se trata de um trólebus original, mas representou um marco importante no avanço tecnológico de ônibus conectados à rede elétrica aérea.

Entre o fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, a  fabricante nacional Uritsky não estava dando conta da produção de trólebus articulados e os modelos importados eram caros.

Assim, uma ideia que foi taxada de maluca por alguns mostrou-se viável: transformar um ônibus a combustão em trólebus.

Foi escolhido um modelo da “Ikarus” e a transformação foi de responsabilidade da “SVARZ-Ikarus” de Moscou.

À agência, o especialista em história do transporte urbano de Moscou, Alexey Volkov, disse que os trabalhos envolveram técnicos de diferentes empresas.

“A produção em série desses automóveis de ageiros começou no final de 1988. Naquela época, as autoridades da cidade já haviam tomado a decisão de comprar conjuntos de veículos para os ônibus Ikarus-280 e Ikarus-283 da Hungria para sua posterior adaptação em trólebus. Este “designer” foi montado com a participação de especialistas de três empresas Mosgortrans.”

A produção conjunta com os húngaros foi interrompida devido ao colapso da URSS.

Entre 1988 e 1992, foram produzidos 60 trólebus com base de ônibus.

Somente um destes veículos restou para contar história: o trólebus 0034 que foi produzido em 1989 e trabalhou nas linhas até 2003. Após a baixa, foi transferido para o acervo do Museu do Transporte Urbano.

Segundo a publicação, esperando sua vez de reparos, o “SVARZ-Ikarus” ficou por longos 17 anos no local. Nesta longa espera, o veículo ficou em estado de abandono. Mas agora, finalmente, chegou sua hora: foi tomada a decisão de restaurar o trólebus para que ele tenha condições de funcionamento, mesmo que para acervo.

A reportagem assinada por Alexander Dobrovolsky mostra a dificuldade para o restauro.

“O trabalho será realizado em seu SVARZ “nativo”. O primeiro estágio da “ressuscitação” foi o transporte do velho carro de ageiros do TRZ para Sokolniki. Foi a primeira dificuldade, o trólebus não pode ser rebocado. Portanto, tivemos que separar a “cabeça” e a “cauda” e transportá-los separadamente em reboques. Além disso, os especialistas precisam resolver muitos outros problemas para devolver o carro antigo à sua aparência original. Certamente o processo de restauração será longo. E após a sua conclusão, os moscovitas poderão ver o restaurado “SVARZ-Ikarus” nos tradicionais desfiles de trólebus. Provavelmente, também pode ser usado para transportar excursionistas ao longo da única linha de trólebus de Moscou.”

BRASIL JÁ CONVERTEU ÔNIBUS DIESEL EM TRÓLEBUS E VEÍCULOS AINDA OPERAM:

A transformação de ônibus a diesel em trólebus não é exclusividade de russos e húngaros.

O Brasil também tem experiência neste tipo de trabalho e os veículos operam até os dias de hoje.

Entre 2011 e 2012, a Metra juntamente com a Eletra proporcionou outra novidade para o Corredor Metropolitano ABD, que liga parte do ABC Paulista às zonas leste e sul da cidade de São Paulo.

As empresas, que são do mesmo grupo, transformaram seis ônibus Busscar Urbanuss Pluss Volvo B 10M a diesel, ano 2001, em trólebus, que receberam os prefixos de 8150 a 8155.

O trabalho demonstrou a viabilidade da conversão, dando sobrevida aos veículos que estavam prestes a ser baixados, trazendo vantagens ambientais e econômicas.

Busscar Urbanuss Pluss a diesel

Modelo em processo de conversão

Já como trólebus

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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