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HISTÓRIA EM RETRATOS: Uma cena nostálgica da “Rua que descem os ônibus” 3y2p63

Marcopolo San Remo e Caio Gabriela, modelos clássicos dos anos 1980 111d48

Rua Siqueira Campos recebeu este apelido dos moradores de Santo André por reunir a maior parte das linhas de ônibus da cidade

MARIO CUSTÓDIO/ADAMO BAZANI

Neste domingo, 10 de maio de 2020, o Diário do Transporte começa uma nova fase em sua cobertura da memória da mobilidade e publica a primeira edição da coluna “História em Retratos”, com a participação do pesquisador Mario dos Santos Custódio, que além de vasto conhecimento sobre a história dos transportes, possui um rico acervo fotográfico de própria autoria que revela momentos diferentes do ir e vir das cidades. A coluna entra no ar a cada duas semanas sempre abordando locais e modelos de ônibus variados.

E para inaugurar o espaço, uma imagem que vai despertar lembrança em muitos leitores, seja pelo local, pela organização das linhas, pelas pinturas ou mesmo modelo de ônibus.

Os ônibus são a cara de uma cidade.

Por estes veículos, é possível entender características urbanísticas de uma região e como se desenvolveram.

Muitas vezes, os ônibus conferem apelidos ou pontos de referência para a população.

É o que prova uma foto dos anos de 1980. A imagem foi feita por Mario Custódio na Rua Siqueira Campos, no centro de Santo André.

Por receber a maior parte das linhas da cidade, até hoje a via é conhecida como “a rua que descem os ônibus”.

Acompanhe o relato:

“A foto que estamos vendo é dos anos de 1980, tirada por mim na Rua Siqueira Campos, em frente ao Instituto Coração de Jesus, tradicional estabelecimento de ensino da cidade de Santo André, no ABC Paulista. A Rua Siqueira Campos é chamada pelos Andreenses de ‘a rua que descem os ônibus’. Recebeu esse apelido porque a maioria das linhas da cidade vindas de diversos bairros e outros municípios desce por essa rua, enquanto que sua paralela, a Rua Luís Pinto Flaquer, é a “rua que os ônibus sobem”. Nessa foto três ônibus, todos de empresas que não operam mais na cidade: o carro 157 da Viação Campestre, de carroceria Marcopolo modelo San Remo, o carro 72 da Viação Alpina, de carroceria Caio modelo Gabriela e o carro da Viação São José de Transportes (antes Viação São José de Turismo), que não se consegue ver o número, também Caio Gabriela. O ônibus da Campestre está na linha municipal 3 – Cidade São Jorge – Campestre, o da Alpina está na linha municipal 11 – Vila Linda – Vila Guiomar e o São José está na linha intermunicipal Cata Preta – Matarazzo (São Caetano do Sul). A Campestre operava também a linha 3 – Cidade São Jorge – Santa Maria, o que só ocorreu após o asfaltamento de diversas ruas dos Bairros Jardim, Campestre e Santa Maria. A primeira linha dela foi a Capuava – Utinga, alterada quando o loteamento Cidade São Jorge foi implantado. A Alpina foi a sucessora da Auto Viação Vila Alpina – AVVA, que fazia também as linhas Jardim do Estádio – Vila Alice e Vila Junqueira – Estação (de Santo André). E a São José, além da linha intermunicipal acima citada, fazia linhas municipais para a Região da Vila Pires e Vila Luzita. Ela foi a sucessora da Empresa Auto Ônibus Santo André – EAOSA na Região da Vila Pires, que ou a fazer só a ligação Mauá – Parque Dom Pedro II.”

Mario dos Santos Custódio

O pesquisador Dorival Nunes acrescenta ainda

O carro 72 naquela pintura e configuração era da linha J.do Estádio – Pça Volta Redonda Vila Alice. Este carro quando era da AVVA, chegou a circular um tempo  na Vila Linda (era um Nimbus), mas quando foi substituído por Gabriela, ficou na linha do J. do Estádio. Era o carro 121 da Alpina na pintura cinza e branco. Nesta época ainda, não havia os números e a linha da Vila Linda (que ia pra Vila Alpina) trazia no final a palavra APAE  – V.Alpina – Via Estação,  Via APAE (outros; até APAE).

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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