Desenhos mostram como ficaria o ABC Paulista se não houvesse padronização visual e as empresas continuassem as mesmas 2e2946
ADAMO BAZANI
Os mais vividos com certeza devem se lembrar. De longe dava para reconhecer o ônibus pelas pinturas de cada empresa.
Atualmente, na maior parte do País, os sistemas de transportes têm padronização visual.
Os ônibus devem seguir cores e design determinados pelo poder público.
As padronizações não são de agora. Nos anos da década de 1970, com o objetivo de reorganizar os serviços, muitos dos quais ariam a ter alguma forma de integração, as pinturas começaram a seguir esquemas de design.
Na capital paulista, por exemplo, a partir de 1978 surgia o chamado esquema “saia e blusa”, pelo qual a saia, a área da lataria da parte superior da caixa de roda para baixo determinava a região atendida pela empresa. A blusa, da caixa de roda para cima, era livre para a viação pintar do jeito que quisesse. No início dos anos 1990, na gestão de Luíza Erundina frente à prefeitura de São Paulo, todos os ônibus ficaram brancos com uma faixa vermelha no meio. Uma letra “M”, que remetia a “municipalizado”, em referência à forma de organização e remuneração do transporte, era pintada com cores diferentes, também de acordo com cada região atendida. Terminada a “municipalização”, os ônibus continuaram brancos com faixas vermelhas, mas em vez da letra M, um retângulo indicava com as mesmas cores a região atendida. Em 2003, com novos contratos após licitação na época da prefeita Marta Suplicy, as cores da frente e da traseira dos ônibus aram a indicar as regiões, era o sistema Interligado, o que continuou até meados de 2019 quando todos os novos coletivos estão sendo inseridos no sistema completamente cinza/prateado. Prefeitura de São Paulo e empresas de ônibus alegam questões de custos. No fim de 2019, por determinação da SPTrans e já seguindo a nova organização de lotes pelos contratos assinados em 06 de setembro de 2019, após mais de seis anos de uma licitação que não tibha definição, os ônibus municipais de São Paulo aram a adotar uma nova padronização, mas com as cores já urtilizadas para definir cada região atendida. A frente a a traseira continuavam coloridas, mas os destaques de cores eram menores e na lateral, os ônibus ganharam faixas da mesma cor da região e o símbolo da SPTrans em destaque. (ABAIXO DOS DESENHOS UM EXEMPLO COM FOTOS DE UMA DAS EMPRESAS MAIS ANTIGAS DA CAPITAL PAULISTA)
Em Curitiba, também é antiga a padronização. As cores dos ônibus indicam os serviços, como “pratas” os chamados Ligeirinhos, que atendem às estações-tubo ou o interbairros, que é de cor verde, por exemplo.
Na Grande São Paulo, os ônibus metropolitanos aram por padronização no final dos anos 1990, todos com as mesmas cores, na predominância de azul escuro, sem nenhuma diferenciação de área atendida.
Algumas padronizações seguem lógicas, como em Curitiba e São Paulo, por exemplo, mas em várias cidades, as cores ficam à mercê da vontade de quem está no poder. Santo André, no ABC Paulista, foi um exemplo disso. A cada prefeito que entrava, as cores dos ônibus mudavam. Cada prefeito queria impor sua marca e tirar dos coletivos as cores dos partidos rivais.
Quem defende a padronização de pintura diz que é necessário pensar em reduzir a poluição visual nas cidades. Além disso, o intuito seria mostrar que não há várias empresas atuando simplesmente, mas que existe um sistema de transportes interligado e que o cidadão não é cliente da empresa X, Y ou Z, mas deste sistema. Outro argumento é o da identificação com a cidade ou o Estado e não com o “gosto estético de um empresário de ônibus.
Para o pesquisador de sistemas de transportes, Mário dos Santos Custódio, há vantagens com a manutenção da identidade visual de cada empresa.
“ Para o ageiro, ele enxerga à distância os “seus” ônibus. Para o empresário, gasta menos com combustível, freios e pneus. Para o gestor público, controla melhor todo o sistema e não confunde gestão com operação. Para a mobilidade, permite que os ônibus andem mais rápido. Para o ambiente urbano, faz com que o colorido das operadoras, cada qual com sua própria padronização, melhore o visual da cidade. Para a qualidade total, faz com que as operadoras queiram efetivamente melhorar sua operação e para o sistema de transporte, permite que, inclusive em consórcio, cada operadora seja perfeitamente identificada” – defende.
Ao citar maior velocidade do sistema e menos gastos de operação, Mário Custódio diz que o fato de o ageiro identificar melhor os ônibus, evita frenagens desnecessárias e, somando os segundos poupados, em toda operação, os ganhos são significativos.
O Rio de Janeiro, em 2018, no pacote que tentou revitalizar o sistema de ônibus, “despadronizou” as pinturas, permitindo que cada empresa voltasse a usar sua identidade.
Independentemente dos argumentos contrários ou favoráveis, para curiosidade, o Diário do Transporte, colocou em alguns ônibus modernos pinturas antigas de cidades do ABC Paulista.
Os resultados ficaram, no mínimo, interessantes.
Cabe salientar que não foi possível retratar todas as empresas e todas as épocas. Algumas pinturas tiveram de se adaptar aos modelos atuais de carrocerias e pode haver alguma diferença em relação a ângulos, fontes das letras, formas e tonalidades de cores. O objetivo mesmo foi fazer o leitor imaginar e viajar um pouco no tempo.
Marcopolo Viale com a pintura de linha Intermunicipal, da Viação Padroeira do Brasil, de Santo André-SP
Marcopolo Viale com a pintura de linha Municipal, da Viação Padroeira do Brasil, de Santo André-SP
Caio Apache Vip com a última geração da pintura de linha Intermunicipal, da Viação Padroeira do Brasil, de Santo André-SP
Caio Apache Vip IV da pintura municipal da Empresa São José de Transportes Coletivos, de Santo André-SP
Marcopolo Torino com a pintura intermunicipal da Empresa São José de Transportes Coletivos, de Santo André-SP
Millennium BRT com uma das pinturas antigas da Santa Rita, de Santo André-SP
Marcopolo Torino com a pintura municipal da Príncipe de Gales, de Santo André-SP
Marcopolo Torino com a pintura intermunicipal da Príncipe de Gales, de Santo André-SP
Caio Apache Vip IV com a pintura da Vipe – Viação Padre Eustáquio, de São Caetano do Sul
Viale BRT – 15 metros com a pintura da Viação Ribeirão Pires, de Ribeirão Pires
Caio Apache Vip IV com a pintura tradicional da Viação ABC, de São Bernardo do Campo
Caio Apache Vip IV, com a pintura municipal da Viação Alpina, de Santo André – SP
Mascarello Gran Via com a última pintura da EAOSA – Empresa Auto Ônibus Santo André, de Mauá
Caio Apache Vip IV com a pintura municipal da Empresa Auto Ônibus Circular Humaitá, de Santo André-SP
Neobus New Mega com a pintura municipal da TN – Transportes Coletivos Parque das Nações, de Santo André-SP
Caio Millennium IV com a pintura da Esplanada, de Santo André-SP
Caio Apache Vip IV com pintura da Viação São Camilo de Santo André
Marcopolo Torino da Transportadora Utinga, de Santo André-SP
Caio Apache Vip IV da Viação Cacique, de São Bernardo do Campo-SP
Caio Millennium BRT com uma das pinturas antigas da Viação Riacho Grande de São Bernardo do Campo-SP
Caio Apache Vip IV com uma das pinturas mais antigas da Auto Viação Triângulo, de São Bernardo do Campo-SP
Mascarello Gran Via com a pintura da Viação Barão de Mauá, de Mauá
Mascarello Gran Via com a pintura da Viação Januária, de Mauá
Como poderia ficar um Caio Millennium BRT de piso baixo com a pintura tradicional intermunicipal da Trans-Bus, de São Bernardo do Campo
Como poderia ficar um Caio Millennium BRT de piso baixo com a pintura tradicional municipal da Trans-Bus, de São Bernardo do Campo
Caio Millennium BRT, piso baixo, com uma das tonalidades da pintura da Viação Santa Paulo, de São Caetano do Sul-SP
Marcopolo Torino com a pintura da Viação Curuçá, de Santo André-SP
Neobus Mega, com a pintura da antiga Pérola da Serra, de Rio Grande da Serra
Caio Apache Vip, da Irmãos Correa. de Ribeirão Pires
Caio Apache Vip com a pintura da Rigras, de Ribeirão Pires
Marcopolo Senior Midi com pintura da Viação Diadema, de Diadema, que nesta época, sempre trazia uma propaganda na lataria
Neobus Mega com pintura da Viação Campestre, de Santo André
Caio Apache Vip IV de duas portas com a pintura da Expresso SBC, de São Bernardo do Campo
Marcopolo Senior midi com uma das pinturas da Viação Represa, de São Bernardo do Campo
Casio Apache Vip IV com a pintura da São Luiz, de Santo André
Marcopolo Senior Midi com pintura da Santo Ignácio, de São Bernardo do Campo
Caio Apache Vip IV com a pintura da Rudge Ramos, de São Bernardo do Campo
Neobus Mega com a pintura da Auto Bus, de São Caetano do Sul
Caio Millennium com pintura da Auto Viação São Bernardo Ltda (que não era a Expresso SBC). de São Bernardo do Campo – SP
Caio Millennium BRT Trólebus Articulado, com a primeira pintura do Corredor ABD, ainda quando as operações eram de responsabilidade do Metrô
Caio Apache Vip com pintura da Viação Princesa do Ipiranga Ltda, de São Caetano do Sul
Marcopolo Viale BRS, com a pintura da Leblon Transporte, de Mauá
Caio Apache Vip IV com pintura da ETCSBC – Empresa de Transportes Coletivos de São Bernardo do Campo – companhia pública que operou na cidade entre os anos 1980 e 1990
Caio Apache Vip IV com pintura da EPT – Empresa Pública de Santo André que operou nos anos 1990
Caio Millennium IV Volvo com pintura da linah intermunicipal da Viação Padreoira do Brasil entre Santo André (Bairro Paraíso) e São Paulo (Fábrica Trol – Via Rudge Ramos)
E quem quiser ver fotos e vídeos antigos, com imagens de época dos ônibus do ABC, pode ar este link:
Vídeos e Fotos mostram transportes de Santo André em diferentes épocas
EXEMPLO DAS PINTURAS DA CAPITAL PAULISTA
Sobre a linha do tempo das pinturas da capital paulista, seguem algumas fotos da Viação Gato Preto cuja história remente ao início de 1927 (o período anterior ao “saia e blusa” é destacado apenas com uma imagem
Pintura da época da gestrão de Marta Suplicy, que rendeu polêmica. Os bonequinhos em forma de estrela vermelha lembravam o símbolo do PT, partido que integrava
Pintura toda cinza, que marcou a transição da pepoca dos contratos emergenciais até a assinatuda dos contrartos da licitação
Pintura determinada pela SPTrans a partir do final de 2019, após a dos contratos que ocorreu em 06 de setembro de 2019
Pintura determinada pela SPTrans a partir do final de 2019, após a dos contratos que ocorreu em 06 de setembro de 2019
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes