Fabricante canadense afirma que sistema é seguro, e repete conclusão de laudo do Metrô: houve falha humana, ao contrário do que diz o Sindicato dos Metroviários
ALEXANDRE PELEGI
Após o Sindicato dos Metroviários de São Paulo culpar o sistema CBTC (Communications-Based Train Control – Controle de trens baseado em comunicação) pelo choque entre duas composições da linha 15-Prata de monotrilho no dia 29 de janeiro de 2019, a Bombardier, fabricante dos trens e do equipamento contestou a afirmação. Relembre: Sindicato dos Metroviários diz que acidente com monotrilho foi causado por ausência de sistema de comunicação
A empresa canadense enviou nota ao site Metrô TM contestando a posição dos metroviários: “o trem M22 não estava ‘desligado’. O trem estava estacionado junto à plataforma da estação Jardim Planalto, que não está operacional, e estava protegido pelo sistema, que estabelece uma área de restrição em torno do trem e evita que outro trem entre naquela região”.
O Diário do Transportes entrevistou um dos coordenadores da Secretaria Geral do Sindicato dos Metroviários, Vagner Fajardo, no último dia 7. Ele afirmou que o sistema da Bombardier, responsável pela sinalização e controle dos trens, tem falhas. De acordo com Fajardo, ao invés de falha humana, como concluiu o Metrô de São Paulo, o que houve foi uma falha no CBTC.
Raimundo Borges, outro coordenador da entidade, repetiu a acusação: “E a frase que está nos jornais é: ação humana tornou trem M22, que estava estacionado, invisível à CBTC. Isso é mentira, nós queremos deixar categórico. Não é verdade. O trem estava invisível devido ao CBTC, é o inverso”, disse. “Ao se desligar o trem, ele desaparece para o sistema”.
A posição da Bombardier vai ao encontro da nota expedida pela Companhia do Metrô de SP, que no dia 5 de fevereiro de 2019 divulgou um laudo da comissão de segurança informando que o acidente foi causado por falha humana. Relembre: Laudo do Metrô aponta falha humana no acidente da Linha 15 – Prata de monotrilho
A fabricante canadense também garantiu na nota encaminhada ao site Metrô TM que o sistema CBTC é totalmente seguro: “o sistema CITYFLO é uma solução de controle automático de trens (ATC) segura e eficiente, provada em aplicações urbanas e certificada com o nível máximo de segurança (SIL4), conforme definido pela norma técnica 61508 da International Electrotechnical Commission (IEC). O sistema de bordo para Proteção Automática de Trem (ATP) e Operação Automática de Trem (ATO), garante uma operação automatizada e confiável dos trens, assegurando que o trem transite a uma distância segura de outros trens. O CITYFLO 650 é projetado de acordo com as normas CENELEC e outras normas europeias aplicáveis e atende também à norma IEEE 1474 para sistemas CBTC. Este sistema está em operação ou em implantação em mais de 40 linhas ao redor do mundo.”
Ouça a entrevista com Vagner Fajardo:
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes