Segundo estudo da USP, equipamentos podem reduzir em até 95% das emissões de alguns tipos de poluentes
ADAMO BAZANI
Um projeto de lei pretende reduzir a poluição gerada por veículos movidos a óleo diesel no Estado de São Paulo com baixo custo.
A proposta do deputado estadual André do Prado quer tornar obrigatória a instalação de filtros de partículas nos sistemas de exaustão de picapes, utilitários, comerciais leves, caminhões e ônibus que sejam movidos a óleo diesel.
Na justificativa do projeto de lei 557, de 2018, o deputado cita um estudo divulgado em 16 de julho de 2018, pelo Instituto de Física (IF) da USP – Universidade de São Paulo, que mostra que apesar de representarem apenas 5% de toda a frota de veículos da região metropolitana, os modelos movidos a óleo diesel são responsáveis por cerca da metade das concentrações de alguns tipos de poluentes altamente cancerígenos.
Relembre:
Já de acordo com estudo encomendado pelo SPUrbanuss, sindicato que reúne empresas que operam as linhas estruturais da cidade de São Paulo, os ônibus municipais na capital paulista são responsáveis pelas emissões de 7,4% do material particulado (MP) e 7,29% do gás carbônico (CO2) presentes na atmosfera. Os caminhões lançam no ar, 43,4% de material particulado (MP) e 29,71% do gás carbônico (CO2). Já os ônibus que não são do sistema municipal da capital paulista, como os das empresas do sistema metropolitano da EMTU somados aos rodoviários, escolares e de fretamento, emitem 27,7% de MP, e 18,7% de CO2, ainda de acordo com o levantamento.
O projeto de lei, entretanto, contempla todo o Estado de São Paulo e cita uma conclusão do estudo da USP sobre a eficiência dos filtros de partículas.
De acordo com o professor Paulo Artaxo, que também integrou o estudo, o uso de filtros nos ônibus a diesel, como ocorre na Europa, pode reduzir em até 95% das emissões de alguns tipos de poluentes.
“É muito importante que estas novas tecnologias, que são baratas e podem ser adotadas a curto prazo, sejam efetivamente implementadas em São Paulo e nas grandes cidades brasileiras”, disse em artigo técnico na revista especializada Scientific Reports, em inglês.
Na justificativa, o deputado diz que os filtros são alternativas até as definições econômicas e tecnológicas para a fabricação de mais ônibus e caminhões com tecnologias de tração alternativas ao diesel, como elétricos e a gás natural.
“Conquanto seja inviável, no momento, eliminar todas as fontes de poluição citadas, dadas as limitações tecnológicas e econômicas, é possível reduzir parte importante do problema aqui abordado, que diminui a qualidade de vida das pessoas ou mesmo as leva a óbito. Para além do custo inestimável em vidas, o custo social elevadíssimo gerado pelos poluentes pode ser reduzido significativamente com a instalação de filtro de partículas no sistema de exaustão dos veículos a diesel. Essa solução, já disponível há tempos, elimina, de acordo com especialistas, cerca de 95% das emissões de ônibus e caminhões. Os referidos filtros, de acordo com especialistas, podem durar cerca de dez anos (ou um milhão de quilômetros), não requerem manutenção rotineira (apenas uma limpeza simples anual) e são intercambiáveis (podem ser retirados e reinstalados em outro veículo).”
A proposta ainda deve ar por comissões e pelo plenário da Assembleia Legislativa.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes