OUÇA A ENTREVISTA: Mercedes-Benz acredita que mercado de ônibus deve continuar crescendo no segundo semestre, mesmo após as eleições 593t1r

Desempenho da Mercedes-Benz em cada segmento, no primeiro semestre de 2018.

Na visão do diretor de vendas e marketing de ônibus da marca, Walter Barbosa, alta deve ser de até 16%. Escolares devem começar a se destacar e mercados de São Paulo e Rio de Janeiro vão contribuir para resultados positivos entre os urbanos

ADAMO BAZANI

Além da própria recuperação econômica do país, que ainda não é plena e engatinha, fatores específicos aos mais variados segmentos do mercado de ônibus ajudam a explicar os bons resultados registrados no primeiro semestre de 2018 quando, os emplacamentos subiram 16%, com 5466 unidades, na comparação com o mesmo período de 2017, que registrou 4720 ônibus emplacados, de acordo com dados do Renavam.

Um destes fatores são as eleições, que têm muita influência no segmento de urbanos, historicamente o maior em volume e que representa praticamente a metade de toda a produção de ônibus do Brasil.

Pensando em melhorar a imagem junto aos eleitores, postulantes aos cargos executivos e legislativos e seus aliados que estão à frente de prefeituras e governos estaduais, criam nesta época exigências para renovação de frota. E os empresários, para manterem uma boa relação com o poder concedente, acabam cumprindo, pelo menos em parte, estas exigências.

No caso dos rodoviários, entra em vigor no final deste mês, a exigência de plataformas elevatórias nos ônibus para deixá-los de fato íveis, já que as cadeiras de transbordo representavam cadeiras de transtornos para as pessoas com deficiência e funcionários que tinham de manipulá-las.

Ocorre que o equipamento deixa os ônibus de 15% a 30% mais caros e os empresários correram para antecipar as compras.

Diante de todo este cenário, há quem possa apostar que o ritmo de vendas tende a perder fôlego no segundo semestre.

Mas a Mercedes-Benz diz acreditar que o crescimento vai continuar nos mesmos patamares.

O diretor de vendas e marketing de ônibus da montadora alemã, Walter Barbosa, projeta que o crescimento no segundo semestre de 2018 seja entre 12% e 16% na comparação com o segundo semestre do ano ado.

Segundo Walter Barbosa, a alta das vendas de ônibus da Mercedes-Benz foi quase três vezes maior que toda a média do mercado.

“Os números da Mercedes-Benz são para se comemorar. A Mercedes-Benz está com 59% de participação em todo o mercado brasileiro [de ônibus acima de oito toneladas]. Quando a gente fala só de urbano, são 82% de participação em nível nacional e as vendas cresceram até o período de junho 42% sobre o mesmo período do ano ado” – disse o executivo.

Mesmo ando as eleições, há ainda boas estimativas de vendas no segmento de urbanos.

Walter Barbosa destaca a renovação de frota prometida pelas empresas de ônibus e pela gestão Marcelo Crivella, no Rio de Janeiro, e a prorrogação dos contratos por mais 12 meses das companhias de ônibus de São Paulo enquanto a licitação ainda não é concluída.

“Existe [para São Paulo] sim uma perspectiva positiva para segundo semestre, embora acreditamos que [neste ano] não haverá a conclusão da licitação, mas deve sim haver uma renovação. E o Rio de Janeiro também, por conta do novo compromisso assumido com o prefeito em relação ao aumento da tarifa que foi para R$ 3,95, obviamente que existe um compromisso de renovação em torno de 500 a 700 carros até o final do ano” – estima Walter Barbosa.

Em relação a São Paulo, o Diário do Transporte mostrou com exclusividade que a prefeitura, com base numa interpretação de lei nacional de licitações (8666/93) prorrogou o contrato por mais 12 meses, com reajuste de 4,9% na remuneração das empresas de ônibus do subsistema estrutural (viações com ônibus de maior porte e linhas centrais). Já com a área 4 do subsistema estrutural (zona Leste) e com todo o subsistema local (linhas de bairros atendidas por empresas que surgiram de cooperativas) são assinadas de seis em seis meses contratações emergenciais. Tudo isso porque a licitação do sistema, que deveria ter sido feita em 2013, ainda não foi concluída.

Relembre:

/2018/07/13/sptrans-prorroga-contratos-com-viacoes-por-mais-um-ano-com-reajuste-de-49-as-empresas/

Sobre o Rio de Janeiro, o Diário do Transporte noticiou que a gestão Marcelo Crivella prometeu a entrega de 150 ônibus novos em até 90 dias. Os veículos serão equipados com ar-condicionado, Wi-Fi e entradas USB, sendo uma em cada assento, para carregar aparelhos celulares. A frota também terá nova padronização de cores, voltando a ser uma cor por empresa.

Relembre em:

/2018/07/12/prefeitura-do-rio-de-janeiro-promete-entrega-de-150-onibus-em-ate-90-dias-e-divulga-nova-padronizacao-de-cores/

ESCOLARES:

Também devem sustentar o crescimento das vendas de ônibus no segundo semestre, o mercado de ônibus escolares.

De acordo com dados do Renavam, entre janeiro e junho deste ano, foram emplacados 25 ônibus escolares, número 79% menor que semelhante período de 2017.

Não só porque os emplacamentos foram poucos, mas as perspectivas positivas para o segundo semestre ocorrem porque por meio do Programa Caminho da Escola, do Governo Federal, já foram licitados cinco mil ônibus escolares.

Assim, muitos veículos terão autorização de compra neste segundo semestre.

É importante destacar que foi autorizada a aquisição destes ônibus, mas os estados e municípios devem cumprir uma série de requisitos para adquirirem estes veículos pelas normas e facilidades do FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Assim, não significa que todos os ônibus serão de fato vendidos, mas uma parcela significativa deste total de cinco mil unidades.

Além das compras pelo Programa Caminho da Escola, há também licitações próprias de casa Estado.

NÚMEROS DE EMPLACAMENTOS DE ACORDO COM RENAVAM:

(Comparações entre primeiro semestre de 2018 e primeiro semestre de 2017)

Micro-ônibus: + 57% = 842 unidades em 2017 e 1318 unidades em 2018.

Ônibus Escolares: – 79% = 1212 unidades em 2017 e 25 unidades em 2018.

Urbanos: + 34% = 2006 unidades em 2017 e 2679 unidades em 2018

Fretamento: + 108% = 238 unidades em 2017 e 479 unidades em 2018

Rodoviários: + 71% = 430 unidades em 2017 e 734 unidades em 2018.

Walter Barbosa apresentou os números durante evento de lançamento, na planta em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, de novas tecnologias para aumentar a segurança de ônibus rodoviários, como um piloto automático que controla a distância em relação a outros veículos na frente sem interferência do motorista acima de 15km/h, e da nova linha de caixas de transmissão para modelos urbanos.

Relembre:

Tecnologia de Segurança:

/2018/07/13/mercedes-benz-lanca-sistema-de-seguranca-para-onibus-rodoviarios/

Caixas Automáticas:

/2018/07/14/onibus-urbanos-da-mercedes-benz-recebem-novas-caixas-automaticas/

METAS DE POLUIÇÃO:

Walter Barbosa também comentou que acha possível cumprir as metas de restrição à poluição pelos ônibus de São Paulo, que pela lei devem emitir 50% menos de gás carbônico até 2027 e zerar este tipo de poluente em 2037. Também são exigidas reduções de outros poluentes.

Entretanto, para alcançar estas metas, Barbosa defende que não dá para depender apenas de um tipo de tecnologia para ônibus.

O executivo cita o HVO, um biodiesel hidrogenado, como alternativa.

O combustível, que pode ser usado em qualquer tipo de motor a diesel, inclusive o mais antigo (Euro III), é uma das apostas da Mercedes-Benz.

No ano ado, a Mercedes já apresentou à gerenciadora de transportes da capital paulista, SPTrans, HVO – Hydrotreated Vegetabel Oil, como à época noticiou o Diário do Transporte.

Relembre:

/2017/09/06/mercedes-benz-quer-trazer-biodiesel-hidrogenado-para-o-brasil-e-apresenta-alternativa-para-sptrans/

A entrevista completa você ouve abaixo.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários 72495v

  1. A Mercedes Benz nos anos 90 emplacou, com um poderoso lobby no Município de São Paulo, a conversão de toda frota de ônibus em dez anos para o GNV. Foi um balão de ensaio catastrófico do seu precário ônibus a GVV de primeira geração. Centenas de ônibus urbanos quebrando nas ruas, sem assistência técnica da montadora e sem peças de reposição. Os operadores que cumpriram a lei de substituição de frota perderam milhões – mas a Mercedes, única fabricante monopolista do defectivo ônibus a gás de primeira geração, deve ter faturado com essa política pública irresponsável. Agora, depois de tantos e graves erros do ado, ao invés de confundir a todos que querem uma frota mais limpa em São Paulo, poderia complementar suas declarações vagas sobre o ilustre desconhecido HVO. Que combustível é esse, que não tem sido testado no Brasil? Não há testes nem estudos sobre ele, nem indicações sobre sua viabilidade no Brasil. E como será a logística de distribuição? Quem, irá produzir o HVO e a que preço? Seria o HVO um novo diesel de cana, que hoje custa R$18/litro? Como é possível para a Prefeitura de São Paulo e para os operadores de ônibus planejar um futuro sustentável para sua frota, sem ter informações em mãos – absolutamente nada que seja sólido, amplamente discutido e aprovado pelos institutos de tecnologia e pela ANP?

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