Prefeitura de São Paulo tira R$ 12 milhões de corredores de ônibus para o Autódromo de Interlagos que será privatizado j73u
Publicado em: 12 de junho de 2018 b1d51

Com este novo remanejamento, gestões João Doria e Bruno Covas já transferiram para outras áreas ao menos R$ 748 milhões que foram originalmente reservados para corredores de transporte público
ADAMO BAZANI
Os corredores de ônibus da cidade de São Paulo voltaram a perder recursos milionários nesta terça-feira, 12 de junho de 2018.
Decreto 58.268, assinado pelo prefeito em exercício, Milton Leite, que é presidente da Câmara Municipal, autoriza o remanejamento de R$ 12 milhões que originalmente seriam destinados para construção de corredores de ônibus para bancar reformas do Autódromo de Interlagos, que deve ser privatizado.
O início da privatização do autódromo ainda depende da aprovação em segunda votação pela Câmara dos Vereadores.
Enquanto com pistas reformadas os carros de corrida em Interlagos conseguem desenvolver mais de 300 km/h, os 9,5 milhões de ageiros do sistema municipal de São Paulo, andam em ônibus cujas velocidades médias oscilam entre 12 km/h e 18 km/h, de acordo com o mais recente balanço da CET – Companhia de Engenharia de Tráfego, no primeiro trimestre.
Este desempenho pífio dos ônibus na cidade de São Paulo é explicado, em parte, pela falta de prioridade ao transporte coletivo no espaço urbano.
A cidade só tem 128,8 km de corredores de ônibus nos 17 mil km de vias. Dos 128,8 km de corredores de ônibus, apenas 8 km são BRT – Bus Rapid Transit, para ônibus de trânsito rápido. Trata-se do Expresso Tiradentes, entre o Sacomã e o Terminal Mercado, que realmente é separado do trânsito dos demais veículos. Pelo Expresso Tiradentes, antigo Fura-Fila, os ônibus têm velocidade média entre 42 km/h e 48 km/h.
Os outros corredores na cidade, em sua maioria, são faixas no centro das vias (à esquerda de cada sentido) sujeitas a invasões e ainda tendo de dividir o espaço com os táxis.
O plano de metas da gestão João Doria/Bruno Covas prevê 72 km de corredores novos ou requalificados até o final de 2020. Mas a contar pelos números de realizações até agora e pela proposta de orçamento para 2019, o prefeito Bruno Covas deve realizar uma série de inaugurações no último ano de mandato, em 2020, que é ano eleitoral, ou não cumprir a meta.
Para 2019, a proposta de orçamento (que pode ser modificada até dezembro) prevê a construção de apenas oito quilômetros de corredores exclusivos para o transporte coletivo, com orçamento de R$ 1,4 bilhão (R$ 1.421.600.000). – Relembre:
Até agora, Doria/Covas só entregaram 3,3 km do corredor Berrini, na zona Sul. Estão em obras mais 14 quilômetros de extensão do corredor Itaquera, trechos 1 e 2.
Considerando, em uma visão otimista, que a prefeitura conclua os 14 km dos trechos do corredor Itaquera, faça os 8 km de corredores no ano que vem, somados aos 3,3 km já entregues, no ano de eleições municipais, para cumprir a meta, Bruno Covas terá de inaugurar 46,7 km de corredores em 2020. Até lá, os números podem mudar.
CORREDORES PERDEM R$ 748 MILHÕES:
A necessidade de aumentar a velocidade dos ônibus municipais para tornar o transporte coletivo mais atraente é grande. Um estudo encomendado pela prefeitura de São Paulo e entregue ao poder público, em 2012, mostra que são necessários em torno de 600 km de corredores de ônibus (não de faixas) para atender à demanda de 9,5 milhões de ageiros diários.
Mesmo assim, os espaços para o transporte coletivo têm perdido recursos.
Desde janeiro de 2017, a prefeitura de São Paulo remanejou para outras áreas R$ 748 milhões que seriam originalmente para corredores de ônibus.
Levando em conta que, segundo dados da UITP – União Internacional de Transporte Público e do instituto Embarq Brasil, cada quilômetro de BRT pode custar em torno de R$ 40 milhões, os recursos remanejados poderiam ser suficientes para construir 18,7 km de novos corredores com pontos de ultraagem, pavimento rígido (concreto em vez de asfalto) e ibilidade nas paradas.
Como mostrou o Diário do Transporte, grande parte dos recursos que saíram da conta dos corredores foi para o Programa Asfalto Novo, para recuperação de pavimento de vias de tráfego comum.
O Asfalto Novo foi um dos grandes apelos publicitários de João Doria pouco antes de deixar o comando do Paço paulistano para tentar as eleições para o cargo de governador.
Relembre:
Se os terminais de ônibus, que também perderam recursos, estão na mira das desestatizações, o que, em tese, poderia justificar os remanejamentos já que os investimentos ariam a ser privados, o mesmo não ocorre com os corredores.
Apenas um espaço, o Corredor Radial Leste, hoje é alvo de uma possível concessão.
A fabricante chinesa de ônibus elétricos BYD apresentou uma proposta à prefeitura, fazendo com que o poder público abrisse um PMI – Procedimento de Manifestação de Interesse para verificar se outros investidores privados também podem apresentar propostas.
Relembre:
/2018/05/11/byd-demonstra-interesse-em-construir-brt-da-radial-leste-e-prefeitura-abre-pmi/
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Bom dia ! É possível perceber que o transporte público é importante , mas não é prioridade. E os nossos políticos viajam ao redor do mundo para promover intercâmbio e trazer para nosso transporte, firmam compromissos para PRIORIZAR o transporte e a população fica em segundo , terceiro plano e quando sobrar U$ ( se sobrar ), alguém se lembra que precisa de votos. Este filme já estamos cansados de assistir e até sabemos o final. As eleições está batendo em nossas portas…