Prefeitura de São Paulo remaneja hoje mais recursos milionários que seriam para intervenções para mobilidade urbana, terminais e corredores de ônibus 3b5t1s
Publicado em: 29 de março de 2018 1z1h4n

Em relação aos corredores, foram mais R$ 20 milhões, totalizando R$ 736 milhões desde o início da gestão Doria. Terminas terão transferidos para outras áreas a partir de hoje, mais R$ 20 milhões e intervenções para mobilidade deverão ceder mais R$ 40 milhões
ADAMO BAZANI
Recursos que seriam destinados para reforma e expansão dos terminais de ônibus também estão sendo remanejados para outros fins pela gestão do prefeito de São Paulo, João Doria.
Somente nesta quinta-feira, 29 de março de 2018, por meio do decreto 58.165, foi autorizada a transferência de R$ 20 milhões que seriam para ampliar os terminais atuais e criar novos espaços.
Mas não foi somente verba dos terminais que será destinada para outras ações da prefeitura.
Intervenções gerais de mobilidade urbana perderam R$ 40 milhões neste novo remanejamento e os corredores de ônibus continuam cedendo dinheiro para outras ações da gestão Doria.
Desta vez, foram remanejados dos corredores mais R$ 20 milhões, dos quais R$ 10 milhões de pagamentos e mais R$ 10 milhões de obras e instalações. Assim, com este novo remanejamento, os projetos de corredores de ônibus tiveram transferidos desde o início da gestão Doria, R$ 736 milhões. Até ontem, eram R$ 716 milhões.
Relembre:
/2018/03/29/corredores-de-onibus-perderam-r-716-milhoes-na-gestao-doria/
Sobre os corredores de ônibus, em ocasiões anteriores, a SPTrans – São Paulo Transporte, gerenciadora do sistema, disse que os remanejamentos estão dentro da lei e que o Programa Asfalto Novo, principal destino das saídas de dinheiro dos corredores, também auxilia o transporte coletivo.
Relembre:
Como mostrou o Diário do Transporte, somente neste ano, para o Programa Asfalto Novo, destinado a recuperar ruas e avenidas de trânsito comum, Doria tirou R$ 302 milhões que deveriam expandir a rede de corredores de ônibus, que ocupa apenas 128,7 quilômetros, dos 17 mil quilômetros de vias que a cidade tem.
O primeiro remanejamento para o Asfalto Novo, um dos programas com mais apelo de marketing da gestão (ocupando boa parte dos espaços da publicidade oficial), ocorreu por meio de um decreto de 22 de fevereiro, quando foram retirados dos corredores de ônibus, R$ 192 milhões. Um mês depois, por meio de decreto de 23 de março, foram transferidos mais R$ 110 milhões, dos corredores de ônibus para o Asfalto Novo. Relembre:
TERMINAIS:
Em relação aos terminais de ônibus, a expectativa é sobre as concessões à iniciativa privada.
A prefeitura acredita que no segundo semestre deve lançar os editais.
Devem ser concedidos, 27 terminais municipais. Três fazem parte de uma espécie de projeto-piloto para definir o modelo de concessão: Capelinha, Campo Limpo e Princesa Isabel.
Em relação aos outros 24 terminais, conforme noticiou o Diário do Transporte com exclusividade em 01º de março de 2018, quatro grupos empresariais apresentaram as sugestões de como podem ser estas concessões são: Consórcio Opus & Benvenuto; Consórcio Transformação Urbana – CTU; Consórcio Viabiliza SP; e Socicam istração, Projetos e Representações Ltda, que atualmente já cuida dos terminais, subcontratada pelo SPUrbanuss, o sindicato que representa as viações do sistema estrutural (linhas mais longas, com ônibus maiores) na cidade.
Os estudos estão em análise pela Comissão Especial de Avaliação – CEA da Secretaria Municipal de Desestatização e Parcerias.
Os terminais são: Amaral Gurgel, Antônio Estêvão de Carvalho, Aricanduva, Bandeira, Casa Verde, Cidade Tiradentes, Grajaú, Guarapiranga, Jardim Ângela, João Dias, Lapa, Mercado, Parelheiros, Parque Dom Pedro II, Penha, Pinheiros, Pirituba, Sacomã, São Miguel, Santo Amaro, Sapopemba, Varginha, Vila Carrão, Vila Nova Cachoeirinha.
Relembre a matéria:
NOVA REDE DE LINHAS COM A LICITAÇÃO DOS ÔNIBUS:
Todos estes milionários remanejamentos de recursos ocorrem no exato momento que a prefeitura está prestes a lançar o edital de licitação dos serviços de ônibus da cidade que, pelas propostas das minutas, devem ter contratos de 20 anos estimados em R$ 66 bilhões. A promessa é de publicação do edital até 07 de abril.
Uma das propostas é reorganizar as linhas de ônibus, criando um sistema tronco-alimentado.
Com isso, 149 linhas devem ser extintas, 260 linhas serão unificadas, 283 linhas devem ser cortadas em um ponto dos trajetos atuais (seccionamento) ou alteradas e 44 linhas serão criadas.
O sistema tronco-alimentado tem como objetivo deixar o sistema mais eficiente, rápido e enxuto, com as eliminações, por exemplo, das sobreposições, quando linhas andam praticamente juntas em boa parte do trajeto. As sobreposições são um dos fatores que aumentam os custos do sistema, hoje em torno de R$ 8 bilhões por ano.
No sistema tronco-alimentado existem as linhas troncais, com ônibus grandes de alta capacidade que vão até o centro da cidade, que por sua vez, recebem ageiros das linhas alimentadoras, com ônibus menores que seguem pelos bairros e levam as pessoas até um terminal de ônibus ou estação metroferroviária na centralidade dos bairros.
Ocorre que para o sistema tronco-alimentado funcionar, deve haver infraestrutura de corredores e terminais. Isso porque, os ônibus que vão hoje até o centro arão a parar nos bairros para deixar os ageiros. Por mais que o Bilhete Único permita integrações temporais em qualquer ponto da cidade, uma demanda média de um final de uma linha para seguir em outra linha necessita de estrutura para aguardar o outro ônibus, como abrigo espaçoso, segurança, ibilidade, bancos, totens informativos e locais onde os coletivos possam manobrar com maior segurança. Essa é a importância dos terminais.
Mais corredores de ônibus são importantes para não deixar as pessoas esperando muito onde é necessário trocar de linha. Isso porque, sem corredores, os ônibus troncais ficam presos no trânsito da região central e do o aos bairros e demoram para chegar e pegar os ageiros que saíram das linhas alimentadoras.
A prefeitura diz que as mudanças de linhas devem ocorrer entre seis meses e três anos após a dos contratos e que no Plano de Metas para a cidade até 2021, estão previstos 72 quilômetros de novos corredores de ônibus.
Um estudo encomendado pela própria prefeitura de São Paulo, de 2012, mostrava que na ocasião, a cidade precisaria de cerca de 600 quilômetros de corredores de ônibus (não de faixas) para atender adequadamente os ageiros.
Hoje, são apenas 128,7 quilômetros de corredores de ônibus nos 17 mil quilômetros de vias comuns da cidade. Apenas 8 quilômetros são de BRT – Bus Rapid Transit, corredor que permite melhor desempenho, entre o terminal Mercado, na região central, e o terminal Sacomã, na zona Sudeste. Ocorre que parte deste corredor está interditada desde o início de fevereiro por causa de um afundamento de pista, sem previsão ainda de liberação.
Se a meta da gestão até 2021 for alcançada, a cidade aria a ter 200,7 km de corredores de ônibus, um terço do que foi considerado ideal.
IMPORTÂNCIA DA PRIORIDADE AO TRANSPORTE COLETIVO:
Apesar de ônibus circularem nas vias que devem ser contempladas com o Asfalto Novo, na prática, o maior beneficiado com as transferências deve ser do transporte individual, já que os carros ocupam mais o espaço na cidade, apesar de transportarem menos ageiros, segundo o Inventário de Emissões Atmosféricas do Transporte Rodoviário de ageiros no Município de São Paulo, lançado em 23 de maio do ano ado, pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente – Iema.
Com base na Pesquisa Origem – Destino do Metrô o estudo mostra que os carros transportam apenas 30% das pessoas na cidade, mas ocupam 88% do espaço das vias. Os ônibus municipais, por sua vez, transportam 40% dos cidadãos, mas só ocupam 3% das vias.
Em relação à poluição, os carros e as motos prejudicam muito mais a cidade que os ônibus.
Ainda de acordo com o estudo do Iema, os carros de eio transportam apenas 30% das pessoas em São Paulo, mas são responsáveis por 72,6% das emissões de gases de efeito estufa do setor de transportes.
Já os ônibus municipais, de acordo com a pesquisa de Origem e Destino, transportam em média 40% das pessoas que se deslocam pela cidade, mas são responsáveis apenas por 3,1% das emissões na capital paulista (isso com a tecnologia Euro III de motores predominante, cerca da metade da frota atual de ônibus é Euro V, que polui menos).
Levando em consideração as emissões por ageiro por quilômetro, os carros e motos continuam sendo os campeões de poluição. Os carros emitem 65,8% de dióxido de carbono, as motocicletas são responsáveis por 35,6% e os ônibus municipais lançam no ar 17%.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Adamo, esse estudo é público?
Adalmo*