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OUÇA: São Paulo deve ter aplicativo que integra diversos modais de transportes com possibilidade de pagamento antecipado de tarifas por celular 67s5e

Walter Barbosa, da Mercedes-Benz, acredita que os transportes por ônibus vão se modernizar, não apenas em relação aos veículos, mas na forma de atender às novas necessidades de deslocamentos 3s2f66

Programa pertence à Mercedes-Benz e foi apresentado à SPTrans, que se interessou, de acordo com a empresa, em homologar a ferramenta para o sistema da capital paulista

ADAMO BAZANI

Com a intenção da prefeitura de São Paulo em conceder a gestão do Bilhete Único e atrair investimentos privados na área de tecnologia voltada aos transportes, empresas já começam a apresentar algumas ideias para o sistema de mobilidade da capital paulista.

Uma delas é a Mercedes-Benz, tradicional fabricante de ônibus e caminhões, mas que não tem se limitado mais à produção de veículos. A companhia mundial tem apostado em soluções tecnológicas que podem, segundo a empresa, ajudar os ageiros a programarem suas rotas e a pagarem todas as diferentes agens, mesmo entre modais não integrados, por meio de um aplicativo de celular.

Chamado Moovel, o aplicativo já tem mais de 3,4 milhões de usuários, em especial na Europa, EUA e Austrália, segundo a empresa

O diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz, Walter Barbosa, revelou ao Diário do Transporte, durante evento sobre fretamento realizado pela ANTTUR e Fresp, entidades que representam as empresas do setor, que a ideia foi bem recebida pelo prefeito João Doria, pelo secretário de mobilidade e transportes, Sergio Avelleda, e pela equipe da SPTrans – São Paulo Transporte, que gerencia os ônibus da capital.

“Nós recebemos alguns operadores de ônibus do município de São Paulo que se interessaram bastante pelo sistema, fizemos uma apresentação para o órgão gestor do município de São Paulo e houve um interesse muito grande na homologação do Moovel. Eu espero poder nos próximos meses contar com a participação do Moovel na cidade de São Paulo” – disse Walter Barbosa.

Ouça na íntegra a entrevista de Walter Barbosa, com outros detalhes sobre o tema:

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O executivo explicou ao Diário do Transporte como funciona internacionalmente o aplicativo que não conecta apenas meios diferentes de transportes públicos, mas também considera as formas de deslocamento privadas coletivas, compartilhadas e não motorizadas.

 “O Moovel é um aplicativo que integra todos os meios de transportes existentes numa cidade ou região. Pode integrar, por exemplo, um ônibus municipal com intermunicipal ou mesmo com ônibus de turismo. Ainda pode integrar o ônibus com uma bicicleta alugada ou com carro compartilhado. É um sistema que o usuário, com seu smartphone, coloca o ponto de partida e o ponto de destino e o sistema calcula para este usuário os melhores meios de mobilidade e o custo deste deslocamento, além do tempo. O sistema ainda possibilita o pagamento de todos estes modais por cartão de crédito e gera um código eletrônico que pode ser validado nos diferentes meios de transporte.”  – prosseguiu Barbosa.

Para a realidade de São Paulo, os meios de transportes coletivos e alugueis de bicicleta não precisariam necessariamente ter o mesmo sistema tecnológico de cobrança ou ter tarifas integradas, mas terão de possuir leitores que identifiquem o código gerado no pagamento.

No caso de São Paulo, o mais provável é que o sistema funcione entres os diferentes modais dentro da cidade, como ônibus e bicicletas compartilhadas, e possivelmente depois, com Metrô e TM, para, por último ser integrado a outros sistemas, como da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos.

Não ainda um prazo para que a homologação ocorra.

CONCEITOS DE UBER PARA ÔNIBUS:

Mais voltado para o fretamento, a Mercedes-Benz detém na Europa um outro sistema tecnológico que pode ser adaptado à realidade brasileira.

É o aplicativo FlixBus, que reúne alguns conceitos do Uber, por exemplo.

Walter Barbosa explica que a ideia surgiu em 2013, por três desenvolvedores autônomos após o fim, por lei, do monopólio dos transportes ferroviários em longa distância na Alemanha.

O aplicativo conseguiu reunir diversas pequenas empresas de ônibus do setor de fretamento que aram a oferecer viagens mais baratas que dos trens nas mesmas rotas.

Hoje, com as vantagens de preços e comodidade de compra pelo celular, sendo um transporte sob demanda, o FlixBus responde, segundo a Mercedes-Benz, que comprou a solução, por 93% das viagens de longa distância na Alemanha. O aplicativo está presente em mais de 20 países da Europa, com mil ônibus e intermedia o transporte de em torno de 30 milhões de ageiros por ano. O FlixBus, propriamente dito, só possui um ônibus. Todos os outros são de empresas. Não pode haver transportadores autônomos.

“O FlixBus é um transporte sob demanda porque não são linhas regulares, mas são oferecidas opções de rotas compatíveis com a maior parte dos deslocamentos desejados pelos ageiros. A diferença do FlixBus, por exemplo, para o Uber, é que o FlixBus é formado por empresas, os prestadores não são autônomos, e o ônibus não vai parar na porta da casa do ageiro, mas o aplicativo vai indicar um ponto de parada mais próximo para o ageiro pegar o ônibus.” – comenta Walter Barbosa ao Diário do Transporte.

Uma iniciativa semelhante foi tentada no Brasil, o B, de Minas Gerais. Havia alguns conceitos em comum com o FlixBus, como compra de agens por aplicativo, linhas não regulares, pontos de embarque, solicitação de viagem em roteiros já determinados e a reunião de empresas de ônibus de fretamento.

No entanto, a iniciativa foi  barrada pela Justiça após ação movida pelas empresas de ônibus que prestavam serviços regulares. Relembre:

/2017/07/08/b-impedida-primeira-viagem38671/

O ÔNIBUS DO FUTURO É ELÉTRICO E CONECTADO:

O tema do encontro da Fresp e ANTTUR promovido neste ano, foi relacionado a inovação.

Por ser um evento realizado por empresas de fretamento, uma das questões era: “Como vai ser o ônibus do futuro?”

O diretor da Mercedes-Benz, Walter Barbosa, deu uma palestra sobre o tema e depois conversou com o Diário do Transporte, trazendo um resumo dos conceitos que apresentou, com base nas experiências internacionais e debates que participa, como executivo da marca.

“Guarde a palavra CASE, que é formada pelas iniciais das palavras em inglês de: C – Coneccted (Conectado), A – Autonomous (Autônomo), Shared & Services (referente a compartilhamento) e Electrified (Eletrificado). Esta palavra resume bem o que vai ser o ônibus do futuro.” – disse Walter Barbosa.

A característica de ser conectado refere-se ao fato de os serviços e dados estarem interligados entre órgãos públicos, empresas de ônibus e ageiros. O ônibus sem motorista também será uma realidade, segundo Walter, mas de forma gradativa, com o aperfeiçoamento dos sistemas de segurança. O compartilhamento é talvez a característica que possa estar mais próxima de ser alcançada, já que a tecnologia não é difícil, dependendo apenas mais de marcos regulatórios. A eletrificação dos ônibus, a começar pelos urbanos, também é uma tendência irreversível na visão do executivo.

Walter Barbosa ainda adiantou para o Diário do Transporte que, em janeiro de 2018, no Brasil, a Mercedes-Benz vai apresentar um ônibus de conceito híbrido, mas não com dois motores, que se propõe a evitar desperdício de energia gerada pelo alterador e, aliviando a carga de trabalho do equipamento, pode reduzir consumo de óleo diesel e emissões de poluentes.

“Aqui no Brasil lançaremos a partir de janeiro um veículo RKM, com um ultracapacitor atuando em conjunto com sistema de alternador , para aliviar a carga do alternador, no momento da aceleração do veículo. Isso vai economizar de 2,5% a 3% do diesel. Esse produto vai ser comercializado na linha O 500 UDA ou MDA, de urbanos superarticulados”.

Relembre matéria do Diário do Transporte de 10 de agosto:

Ônibus da Mercedes-Benz terão reaproveitamento de energia elétrica e vão desligar motor sozinhos

Recentemente, na Busworld Europe, maior feira mundial de ônibus realizada na Bélgica, o grupo Dailmer, formado pela Mercedes-Benz, lançou um ônibus urbano Citaro com três ultracapacitores, que fazem com que a energia elétrica ajude na tração do veículo.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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