Já se percebe importantes avanços em São Paulo, graças à pressão do ativo setor ambientalista, rumo a um cenário mais forte de substituição do diesel convencional por tecnologias inovadoras mais limpas e, preferencialmente, de emissões nulas ou bastante reduzidas de material particulado cancerígeno, óxidos de nitrogênio e gases do efeito estufa
OLIMPIO ALVARES
Nesta sexta-feira, 15 de setembro de 2017, o vereador Gilberto Natalini anunciou sua convergência com o vereador Milton Leite em relação às metas propostas de redução de emissões nos próximos dez anos para o Programa de Substituição de Frotas por Alternativas Mais Limpas, e a convergência de ambos com o cenário mais agressivo já informalmente itido, e supostamente aceito pelos gestores municipais do transporte coletivo urbano. Um alívio!
Hoje, sábado (16), escrevo este artigo horas antes de uma nova audiência pública na Câmara Municipal, ocasião em que o cenário poderá mudar ainda um pouco mais, mas já se percebe importantes avanços, graças à pressão do ativo setor ambientalista, rumo a um cenário mais forte de substituição do diesel convencional por tecnologias inovadoras mais limpas e, preferencialmente, de emissões nulas ou bastante reduzidas de material particulado cancerígeno, óxidos de nitrogênio e gases do efeito estufa (CO2 fóssil do diesel).
Pelo novo substitutivo o CO2 emitido pelos ônibus e caminhões de coleta de lixo terá que ser reduzido em, no mínimo, 40%. O vereador Milton Leite cedeu em 20% para mais e o vereador Gilberto Natalini em 10% para menos em relação às suas propostas anteriores, de 20% e 50% de redução, respectivamente. O Material Particulado – MP deverá ser agora reduzido em 80% e os NOx – Óxidos de Nitrogênio em 70%.
Essa proposta de consenso entre os vereadores e a SPTrans é semelhante à primeira versão menos ousada que o Comitê do Clima do Município havia proposto na rodada inicial de discussões. Entretanto, o Comitê decidiu apertar um pouco mais o acelerador e consignar em sua última versão de diretrizes para a revisão da lei, a proposta de redução de 50% de CO2, 90% de MP e 80% de NOx.
Sem contar as medidas adicionais de compensação aos danos já causados desde 2009, que, oportunamente, foram incorporadas à nova proposta em discussão, como a imediata inspeção veicular (inclusive no Estado), a direção ecológica, os imprescindíveis filtros adaptados nos veículos mais velhos (retrofits, não apenas nos ônibus urbanos) e outras medidas muito relevantes que compõem um sistema integrado de gestão das emissões veiculares, essa última versão de Natalini e Milton Leite já significa, segundo minha avaliação como observador da evolução do setor ambiental há mais de 30 anos, um definitivo salto de qualidade na frota de ônibus urbanos e caminhões de lixo da cidade.
Daqui a dez anos, se esses índices de emissão forem de fato atendidos, teremos em São Paulo um dos programas jamais vistos no mundo de ônibus limpos, com cerca de metade da frota movida por power-trains elétricos, a gás natural e híbridos, algo que, pelo menos hoje, não se observa nem nas frotas dos países mais desenvolvidos, que também avançam gradualmente para um sistema global de transportes mais limpos. Isso significa que esse projeto, em sua última versão, está longe de ser tímido; pelo contrário, entramos em fase com o processo mundial de transformação sustentável da mobilidade urbana rumo às emissões nulas – para um pouco além de 2027.
Olimpio Alvares é Secretário Executivo da Comissão de Meio Ambiente da ANTP (Associação Nacional dos Transporte Públicos) e Coordenador da Comissão de Transportes e Energias Renováveis do Comitê do Clima do Município de São Paulo