Dois são presos em operação sobre bilhetagem eletrônica no Rio de Janeiro 4e6p6z

Investigações apontam diferenças entre o que era arrecadado no sistema e o que ia para as empresas de ônibus

Buscas e apreensões fazem parte da Operação Ponto Final

ADAMO BAZANI

Dois funcionários do sistema RioCard, que segundo a Polícia Federal estavam tentando esconder provas e computadores, foram presos na manhã desta sexta-feira, 25 de agosto, durante a ação do Ministério Público Federal e Polícia federal na Operação Ponto Final que cumpriu mandados de busca e apreensão na sede do RioCard.

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal afirmam que há indícios que o sistema de bilhetagem era adulterado para mascarar pagamentos de propinas a políticos e agentes públicos por parte das empresas de ônibus.

São cumpridos mandados na Federação das Empresas de Transportes de ageiros do Estado do Rio de Janeiro – Fetranspor e Rio Par TI.

A Rio Par TI controlava a bilhetagem eletrônica dos transportes da cidade do Rio de Janeiro e era fiscalizada pela Fetranspor, que enviava as ordens às instituições bancárias para creditar o dinheiro correspondente ao vale-transporte devido a cada empresa de ônibus do Rio de Janeiro.

Depoimentos de funcionários das duas instituições revelaram à polícia que existe um banco de dados que mostra a discrepância entre os valores arrecadados e o que era reado às empresas de ônibus. Essa diferença seria o que se transformaria em propina.

“Ao que tudo indica, se está diante de empresários do setor dos transportes, que supostamente movimentaram, e continuam movimentando, por meio de suas empresas de ônibus e da Federação das Empresas de Transportes de ageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), vultosas quantias direcionadas à organização criminosa, com o fito de manter privilégios no referido setor”, relatou o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, que autorizou o cumprimento dos mandados.

Deflagrada entre 2 e 3 de julho, a Operação Ponto Final investiga um esquema de pagamento de propinas por empresários de ônibus a agentes públicos e políticos que, entre 2010 e 2016, teria movimentado mais de R$ 260 milhões. Segundo as investigações, o ex-governador Sérgio Cabral foi um dos principais beneficiados pelo esquema e teria embolsado R$ 128 milhões.

A defesa de Cabral nega.

Entre os presos, estavam o empresário Jacob Barata Filho, outros empresários de ônibus, agentes do Detro, o órgão do Estado do Rio de Janeiro que fiscaliza os serviços de transportes, e pessoas ligadas a Sérgio Cabral.

Os principais acusados foram soltos pelo ministro do STF – Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que foi padrinho do casamento de Beatriz Barata, filha de Jacob Barata Filho, o que gerou polêmicas e protestos.

Entre os que foram beneficiados pelas decisões de Gilmar Mendes estão: o empresário Jacob Barata Filho, o  presidente da Federação das Empresas de Transportes de ageiros do Estado do Rio de Janeiro – Fetranspor, Lélis Teixeira, Cláudio Sá Garcia de Freitas, Marcelo Traça Gonçalves, Enéas da Silva Bueno, Octacílio de Almeida Monteiro, Rogério Onofre, ex-presidente do Detro, que teria recebido R$ 41 milhões neste período para amenizar as fiscalizações sobre as empresas; a mulher dele, Dayse Deborah Alexandra Neves, acusada de enviar para doleiros o dinheiro da propina, e o policial civil aposentado, David Augusto Sampaio, acusado de ser homem de confiança do ex governador Sérgio Cabral no esquema.

Ontem foram divulgados documentos que indicam que a Caruana Financeira, instituição de financiamento de ônibus, teria vazado a Jacob Barata Filho a ordem de bloqueio bancário da Justiça, o que teria motivado uma tentativa de fuga pelo empresário.

A Caruana e Jacob Barata Filho negam.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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