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Integração ônibus-metrô em Salvador: prefeitura propõe desoneração de ICMS sobre combustível para equilibrar divisão tarifária 5t194n

Em reunião mediada pelo Ministério Público, prefeitura de Salvador entregou ao governo do estado uma nova proposta de integração plena entre ônibus e metrô na capital Salvador l4g1d

ALEXANDRE PELEGI

Conforme anunciamos aqui, o principal problema de mobilidade urbana de Salvador no momento refere-se à integração do sistema de trilhos com os ônibus urbanos. Questões primárias aguardam resposta dos entes públicos, como qual deve ser a tarifa de integração? Como o dinheiro obtido do usuário deve ser repartido entre os dois modais?

Em matéria de 2 de julho (dia da independência de Salvador), divulgamos que, mediados pelo  Ministério Público, o conflito de interesses entre prefeitura e estado teria mais um capítulo em reunião agendada para dia 11 de julho, em busca de solucionar o dilema da integração metrô-ônibus

Relembre: /2017/07/02/desavenca-entre-prefeitura-de-salvador-e-governo-do-estado-da-bahia-poe-em-xeque-integracao-onibus-metro/

A reunião aconteceu ontem (dia 11), e nela a prefeitura de Salvador entregou uma proposta ao governo do estado. No documento apresentado pelo Secretário Municipal de Mobilidade Urbana, Fábio Mota, a prefeitura propôs:

= a desoneração de 4% do valor do ICMS que incide no combustível dos veículos;

= a reestruturação das linhas dos ônibus. A prefeitura apresentou o documento “Plano de Reestruturação das Linhas de Ônibus de Salvador”; e

= a contratação de um estudo definitivo sobre o valor da tarifa dos ônibus de integração com o metrô. A prefeitura apresentou também os termos de referência para a contratação desse estudo, documento  que havia sido protocolado na  sexta-feira, dia 7, na Casa Civil estadual.

Importante destacar que a proposta da prefeitura não altera diretamente a divisão tarifária, um dos problemas centrais da disputa entre município e estado. Hoje (leia mais abaixo), dos R$ 3,60 que o usuário paga pela integração ônibus-metrô, cerca de 40% do valor fica com os ônibus e 60% para a CCR Metrô. Um jeito de equilibrar isso, segundo a prefeitura, seria com a redução do ICMS.

A resposta do governo do estado sobre a proposta de redução do ICMS ficou para o dia 31 de julho. Após esta data, nova audiência será realizada no Ministério Público, no dia 7 de agosto, em busca de um acordo final e definitivo.

Participaram da audiência, mediada pela promotora de Justiça Cristina Seixas, o Secretário Municipal de Mobilidade (Semob), Fábio Mota; os chefes da Casa Civil do município, Luiz Carreira, e do estado, Bruno Dauster; e a procuradora-geral de Salvador, Luciana Rodrigues. A reunião contou também com a presença de empresários de ônibus.

COMO FUNCIONA A INTEGRAÇÃO HOJE – DUAS VERSÕES:

UMA INTEGRAÇÃO: (BAIRRO-ESTAÇÃO DE METRÔ E VICE-VERSA) – A tarifa atual paga pelo usuário é de R$ 3,60. Deste valor o sistema de ônibus fica com R$ 1,42 por cada perna de viagem, e o restante (R$ 2,18) é retido pelo sistema metroviário.

DUAS INTEGRAÇÕES (ÔNIBUS-METRÔ-ÔNIBUS) – Da tarifa de R$ 3,60 o sistema de ônibus fica com R$ 2,84 (remuneração por duas pernas) e o metrô recebe o restante da tarifa (R$ 0,76).

Mas… qual dos dois sistemas é mais utilizado? O de uma ou duas integrações? Neste ponto é que reside a principal divergência que alimenta a disputa entre estado e município, empresários de ônibus e a concessionária do Metrô (CCR-Bahia).

Para o secretário de Mobilidade de Salvador, Fábio Mota, o modelo mais utilizado pela população é o de uma única integração, usado em 72% das viagens, ao o que apenas 18% dos ageiros fazem duas integrações

Para Bruno Dauster, secretário da Casa Civil do governo do Estado, o modelo de uma integração corresponde a 25% das viagens de integração, enquanto o modelo de duas integrações corresponde a 50% das viagens – os outros 25% seriam de viagens só de metrô.

Bruno Dauster contesta uma proposta já apresentada pela prefeitura para que cada perna seja remunerada com R$ 1,80, o que ele classifica como “piada”.

Fábio Mota se apoia no estudo feito pela Ernest&Young, que definiu que cada perna de viagem deveria custar R$ 2,05.

Bruno Dauster afirma que as linhas de ônibus hoje integradas ao metrô transportam apenas 6% dos usuários do sistema, o que provoca uma ociosidade de 300 mil usuários no sistema de trilhos. O metrô, que de acordo com a concessionária CCR Metrô Bahia carrega 125 mil pessoas por dia, tem capacidade para até 425 mil.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transporte

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