Três matérias, em três importantes jornais – O Globo, Extra e Folha de SP –, descrevem como anda o legado das obras de mobilidade no Rio de Janeiro após a Copa e as Olimpíadas 1j182p
ALEXANDRE PELEGI
Três matérias, em três importantes jornais, avaliam o legado olímpico para a mobilidade do Rio de Janeiro.
SISTEMA BRT:
O jornal O Globo destacou, em matéria publicada ontem (dia 6), a situação do sistema de BRTs na cidade, mesma data em que o BRT Transoeste completou 5 anos de funcionamento. Uma equipe do jornal percorreu os corredores expressos da cidade, construídos na época das Olimpíadas e da Copa, e apontou os problemas que viu e ouviu dos ageiros.
A equipe de reportagem do jornal carioca cita na matéria a superlotação na Estação Mato Alto do BRT Transoeste; reclamações de assaltos no BRT Transcarioca, em Campinho; e na Barra o deserto de ageiros no terminal de integração dos BRTs Transoeste e Transolímpico. A reportagem lembra que um quarto corredor – BRT Transbrasil -, está em construção, com o cronograma de obras apresentando atraso de mais de um ano.
Sob o título “Sistema BRT completa 5 anos sem motivos para comemorar”, a matéria do jornal carioca afirma que “está em xeque um sistema que foi planejado para proporcionar rápidas ligações com o metrô e os trens da cidade do Rio”.
Alguns dos problemas citados pela matéria do jornal O Globo:
= Terminal de integração dos BRTs Transoeste e Transolímpico – construído para receber uma média de 2.200 ageiros/dia, só é utilizado por 220 ageiros/dia;
= BRT Transoeste – grande quantidade de buracos na pista tem aumentado o tempo de viagem. A prefeitura optou por usar asfalto comum, que não vem resistindo ao peso dos ônibus lotados. Ao todo, são 25 quilômetros de piso irregular, sendo que a reportagem do jornal identificou pelo menos dez pontos em que não quase mais asfalto;
(Relembre o que já publicamos sobre o BRT Transoeste:
/2013/03/29/inaugurado-ha-menos-de-um-ano-brt-transoeste-ja-precisa-de-reparos/)
= Vandalismo – apenas em 2016 o prejuízo com depredações chegou a R$ 5,5 milhões, segundo informações do consórcio que opera as linhas;
= Baixa demanda – trecho em funcionamento do Transolímpico, entre o Recreio e a Vila Militar, cuja previsão inicial era de 70 mil ageiros/dia, recebe hoje 29 mil/dia (41% da capacidade projetada); algumas estações foram desativadas por conta disso.
IBILIDADE EM ESTAÇÕES DA SUPERVIA:
Outro ponto, este destacado em matéria do jornal Extra, foi quanto à ibilidade nas estações ferroviárias. A matéria do jornal reproduz uma vistoria realizada por uma comissão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, denominada “Cumpra-se”, presidida pelo deputado estadual Carlos Minc (sem partido).
Coordenados pelo cadeirante Pedro Luís Salles, o deputado e a vereadora Luciana Novaes (PT) foram vistoriar as condições do ramal Deodoro, na Zona Norte do Rio. A vistoria estendeu-se por 18 estações do ramal, e o resultado foi ruim para a ibilidade: seis estações sem rampas, sete sem elevador e 16 com irregularidades no nivelamento entre o trem e a plataforma. Segundo o deputado Carlos Minc, as únicas estações que chegam perto de cumprir as leis de ibilidade são a Maracanã, Engenho de Dentro e Deodoro. “Mesmo assim, o elevador de Deodoro está quebrado e há desníveis na do Maracanã”, descreve a reportagem do Extra.
O título da matéria do Extra é sugestivo: “Fora das ‘estações olímpicas’, cadeirantes sofrem com falta de ibilidade no Rio de Janeiro”.
Levantamento feito pelo deputado Carlos Minc Foto: Gabinete Carlos Minc, publicado no jornal Extra – RJ
VLT:
Matéria da Folha de SP de hoje (7) destaca o VLT da cidade do Rio de Janeiro, idealizado para auxiliar na revitalização do centro da cidade, particularmente da região portuária.
Segundo a matéria, assinada pela jornalista Luiza Franco, o moderno modal, inaugurado há um ano, tem apenas uma linha funcionando plenamente. Mas ela aponta um dado positivo: o VLT tem ficado cheio na hora de almoço. “Enquanto metrô, trem e ônibus ficam lotados na hora do rush –entre as 6h e as 9h e de 17h às 20h– o VLT fica cheio, mesmo, no início da tarde”, informa a matéria da Folha.
O perfil da maioria dos usuários, segundo pesquisa encomendada pelo consórcio ao Ibope, é descrito como classe B (com renda de R$ 4.427 a R$ 8.696), funcionário de empresa privada, com nível superior – 70% usam o transporte para trabalho, e 38% para lazer.
O lado negativo do VLT, segundo a matéria da Folha, é o custo do bilhete. Por R$ 3,80 ele não permite tem integração tarifária com outros modais, apenas com ônibus municipais. Outro problema refere-se à violência: o transporte a em frente à favela da Providência, cenário de confrontos frequentes entre criminosos e policiais. Por causa disso o serviço já foi interrompido 12 vezes devido a tiroteios no entorno.
OUTRO LADO:
A Supervia e a Agetransp foram procurada pelo jornal Extra para comentar a vistoria da comissão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro no ramal Deodoro. A Agetransp – Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro, é quem exerce o poder regulatório. Ela acompanha, controla e fiscaliza as concessões e permissões de serviços públicos concedidos de transportes.
A Supervia informou ao jornal Extra:
– o processo de modernização das estações faz parte do acordo de melhorias firmado com o governo do estado, cujas obras foram iniciadas em 2012;
– as intervenções padronizarão as plataformas, que recebem 17 tipos de trens, com alturas e larguras diferentes;
– seis estações tiveram, em 2016, obras de revitalização para atender aos padrões internacionais de ibilidade. No ramal Deodoro estas obras foram realizadas nas estações de São Cristóvão, Olímpica de Engenho de Dentro e Deodoro.;
– a estação São Francisco Xavier recebeu plataformas elevatórias, e a de Madureira, elevadores, rampas e escadas rolantes.
A Agetransp informou ao jornal Extra:
O plano de investimentos do contrato de concessão é acompanhado por uma comissão mista, formada pela agência, pela Secretaria estadual de Transportes e pela Central. De acordo com a Agetransp, a Supervia pode ser penalizada quando são identificadas falhas de forma sistemática, como escadas rolantes quebradas.
Alexandre Pelegi – jornalista especializado em transportes