Ícone do site Diário do Transporte

Transporte Coletivo, a solução oculta para a violência no trânsito 2k6g1f

Circulação de pedestres, bicicletas, motos, carros, ônibus comuns e ônibus em corredores devem ter harmonia. Soluções de engenharia auxiliam. 2w6p53

Já Infosiga mostra que 94% das mortes em São Paulo têm como causa, falhas humanas

ADAMO BAZANI

O fator humano é a principal causa de acidentes com mortes no Estado de São Paulo. É o que aponta o InfoSiga, monitoramento do governo estadual.

De acordo com levantamento, 94% das ocorrências que resultaram em vítimas que perderam a vida foram ocasionadas por falhas humanas, em especial desrespeito às normas de trânsito, distração e imprudência.

A alta velocidade é um dos maiores problemas.

Dados da Organização Mundial de Saúde – OMS deixam claro que é real o conceito de que quanto mais rápido o carro, mais risco à vida.

Segundo a OMS, uma pessoa atingida por um veículo a 50 km/h tem 20% de possibilidade de morrer. Se o mesmo veículo estiver a 80 km/h, o pedestre ou o ciclista term o risco de 60% de óbito.

Os pedestres e motociclistas estão entre as maiores vítimas do trânsito. Somados, os dois ultraam a 50% das ocorrências registradas.

Em relação à distração e imprudência, uma das grandes preocupações dos gestores de trânsito é ainda o uso do celular. Por causa do risco que dirigir e manusear o aparelho telefônico tem representado, desde novembro do ano ado, a multa para esta prática subiu para R$ 293,47, além da punição com sete pontos na carteira de habilitação.

TRANSPORTE PÚBLICO NO COMBATE À VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO:

Além de melhorar a qualidade do ar e ajudar na diminuição dos congestionamentos, os investimentos em transportes públicos também podem deixar o trânsito mais seguro e evitar acidentes, em especial, os mais graves que resultam em mortes.

É o que comprovam vários estudos, como um trabalho de setembro de 2016 da APTA – Associação Americana de Transporte Público, órgão que reúne os departamentos de trânsito dos Estados Unidos.

De acordo com o este estudo, além de reduzir a quantidade de veículos nas ruas, redes de transportes coletivo bem estruturadas organizam trânsito e a cidade como um todo.

Foi  esse o intuito do urbanista Jaime Lerner, enquanto estava à frente da prefeitura de Curitiba, em 1974, ao criar o primeiro sistema de BRT (corredores de ônibus) do mundo. Na época, o crescimento da cidade foi orientado.

Próximo a corredores de ônibus e estações de trem ou metrô, a velocidade dos carros tende a ser menor e a sinalização também fica mais dedicada ao pedestre.

O estudo denominado The Hidden Traffic Safety Solution: Public Transportation (A solução oculta da segurança no trânsito: transporte público) revela que nas áreas onde há investimentos em transportes coletivos, as comunidades têm cinco vezes mais segurança no trânsito em relação a comunidades cujos investimentos são essencialmente para o transporte individual.

Essa segurança maior pelo transporte coletivo auxilia também quem não utiliza ônibus. trem ou metrô. Nesses casos, as chances de envolvimento em acidentes caem pela metade em comparação a áreas onde o automóvel é prioridade.

Já em novembro de 2015, outro estudo internacional, desta vez de responsabilidade do Centro para Cidades Sustentáveis da Embarq e do Banco Mundial mostram que os sistemas de faixas ou corredores de ônibus, desse os simples até Bus Rapid Transit, BRT incorporam em seus projetos determinadas características que são capazes de melhorar a segurança e reduzir os acidentes com mortes em até 50%.

No entanto, o trabalho alerta para necessidade de as áreas para transporte coletivo pensarem acima de tudo nos pedestres. E isso a por projetos de concepção de o aos terminais e estações, elaboração de intersecções e também faixas que não exponham o pedestre ao contato direto às áreas de maior velocidade dos ônibus.

O modelo de Desenvolvimento Orientado para o Transporte Sustentável – DOTS, segue na mesma linha dos outros estudos e “propõe planejamento e desenho urbano voltado ao transporte público, que constrói bairros compactos e de alta densidade, oferece às pessoas diversidade de usos, serviços e espaços públicos seguros e atrativos, favorecendo a interação social.”

Com base no modelo bem-sucedido mexicano, o Embarq Brasil apresentou em 2014 o Manual de Desenvolvimento Urbano Orientado ao Transporte Sustentável, que prevê menos deslocamentos motorizados possíveis e integração maior entre pedestres, ciclistas e transporte coletivo, com o carro tendo apenas um papel secundário na mobilidade.

O manual traz sete características essenciais para uma área de deslocamentos sustentáveis:

– Transporte Coletivo de Qualidade

– Mobilidade não Motorizada

– Gestão do uso automóvel

– Uso misto e edifícios eficientes

– Centros de bairros e pisos térreos ativos

– Espaços públicos e recursos naturais

– Participação e identidade comunitária.

O trabalho defende assim uma nova forma de ocupação de solo e divide as áreas em três comunidades:

Comunidade Intraurbana: inserida na área ocupada, onde pelo menos 75% do solo que a rodeia está previamente urbanizado e completamente ocupado;

Comunidade Suburbana: adjacente à área ocupada, onde pelo menos 25% do solo que a rodeia está previamente urbanizado e majoritariamente ocupado;

Comunidade Periurbana: desprendida da área ocupada, onde mais de 75% do solo que a rodeia está desocupado ou não urbanizado.

O estudo também mostra que para que o transporte coletivo seja operado de maneira satisfatória, deve contar com uma estrutura mínima que privilegie os ônibus no espaço urbano e também a segurança ageiro com ibilidade:

Para que o transporte coletivo opere de maneira eficiente, é necessário que a infraestrutura viária atenda às necessidades de embarque/desembarque dos ageiros. Deve-se garantir especificamente:

Para melhorar a atratividade e a eficácia do serviço de transporte, sugere-se que: • todas as paradas tenham proteção contra intempéries, bancos ou barras de apoio, informação atualizada dos itinerários, faixa livre na calçada suficientemente larga para o fluxo de pedestres e um estacionamento para bicicletas, de acordo com a demanda de transporte na região; • todas as vias arteriais contemplem um serviço de transporte coletivo, de preferência com trânsito em faixas exclusivas ou prioritárias.

Os estudos podem ser conferidos nestes links:

Estudo-Apta-Adamo-Bazani

Estudo-Seguranca-Viaria-BRT

DOTS Cidades – WRI Brasil Cidades Sustentveis-Adamo-Bazani

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Sair da versão mobile