Operação Panatenaico suspeita de propinas em obras do BRT Expresso Sul no DF 5m121j
Publicado em: 26 de maio de 2017 5w1y5s

Auditoria especial da Controladoria-Geral do DF apontou que a construção do sistema de transporte expresso provocou prejuízo de quase R$ 170 milhões aos cofres públicos
ALEXANDRE PELEGI
O Ministério Público Federal (MPF), que no âmbito da Operação Panatenaico investiga obras de grande porte em Brasília, mira agora no BRT Expresso Sul, obra inicialmente orçada em R$ 587,4 milhões, mas que acabou executada por R$ 704,7 milhões.
O processo da obra atravessou três governos do DF: o edital de licitação para construção do corredor do BRT Sul se deu na gestão de José Roberto Arruda (PR), em 2008. As obras começaram três anos depois, em 2011, na gestão do governador Agnelo Queiroz (PT), cujo vice era Tadeu Filippelli (PMDB), que até recentemente ocupava o posto de assessor da Presidência da República. Os três estão presos temporariamente desde a última terça-feira, após o escândalo das irregularidades cometidas na construção do Estádio Nacional Mané Garrincha.
O consórcio encarregado pelas obras do BRT é integrado por Via Engenharia, OAS, Andrade Gutierrez e Setepla Tecnometal Engenharia. A Justiça Federal suspendeu os rees de dinheiro para as empresas após auditoria especial da Controladoria-Geral do DF apontar que a construção do sistema de transporte expresso provocou prejuízo de quase R$ 170 milhões aos cofres públicos.
Depois de muito dinheiro gasto no custeio das obras, e após anos de construção, o BRT Sul (liga Santa Maria e Gama ao Plano Piloto) ainda não está em pleno funcionamento. O BRT transporta 95 mil pessoas/dia, e das oito estações, quatro não funcionam, e o sistema de informatização do sistema não foi instalado (apesar de já ter sido comprado).
O dinheiro do BRT Sul saiu do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – Mobilidade Grandes Cidades. As delações da Andrade Gutierrez referentes ao sistema de transporte expresso estão sob sigilo. Se os depoimentos da empreiteira confirmarem a versão da Odebrecht, feita ao MPF neste ano, a situação poderá se complicar ainda mais para empresários e gestores públicos.
Segundo relataram os empresários João Pacífico e Ricardo Ferraz, foi articulado um “acordo de mercado” entre várias construtoras. Por este acordo as obras mais caras eram divididas antes do processo licitatório. O BRT Sul teria sido supostamente executado sob esse esquema.
Outra suspeita de procuradores e policiais federais é que como contrapartida à divisão das grandes obras, políticos teriam recebido propina. Há indícios de vários crimes, como formação de cartel, fraude em licitação, corrupção ativa e iva, formação de organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Alexandre Pelegi – jornalista especializado em transportes