Burocracia e clandestinos são os principais entraves para o fretamento, diz pesquisa da CNT 50h4

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Ônibus de fretamento. Companhias se queixam também de falta de motoristas qualificados no mercado

Foram feitas 449 entrevistas pela Confederação Nacional do Transporte. Levantamento é inédito

ADAMO BAZANI

Em diversos países, o fretamento é inserido nas políticas de transportes.

No entanto, no Brasil, apesar de a Lei de Mobilidade Urbana abrir a algumas novas possibilidades nesse sentido, ainda pouco é feito.

Os ônibus fretados ainda não recebem incentivos operacionais e são deixados de lado em detrimento do carro.

De acordo com especialistas, o fretamento não deve receber a mesma atenção que o transporte de massa, como ônibus urbanos e metrô, no entanto, necessitaria de mais espaço nas políticas e na área urbana em comparação ao que transporte individual hoje recebe.

No contexto de cidades como São Paulo, os serviços de fretamento poderiam ter a vantagem de retirar pessoas do transporte individual que hoje dificilmente se satisfazem com a qualidade do transporte público.

Uma pesquisa inédita divulgada nesta semana pela CNT – Confederação Nacional do transporte ajuda a dimensionar as dificuldades do setor. O levantamento mostra que o setor de fretamento no país se queixa principalmente da burocracia em diversos níveis e da concorrência com serviços clandestinos.

De acordo com a CNT, foram feitas 363 entrevistas com empresários de seis Estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná e Amazonas. O estudo também ouviu outros 86 representantes de empresas que já realizaram o serviço, mas encerraram as atividades. No total, foram 449 entrevistas.

Entre os entrevistados, 57% querem legislações mais simples e práticas. Já 36,4% se queixam da concorrência com os clandestinos, que, segundo as empresas não são fiscalizados adequadamente.

“Os operadores também destacaram a dificuldade de obtenção de autorização para a prestação de serviço (15,2%), a impossibilidade de uso de corredores expressos em regiões urbanas/metropolitanas (10,5%) e a restrição de o a centros urbanos (3,6%).”

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Na nota do estudo, a CNT destaca que falta uma padronização entre normas nacionais, estaduais e municipais.

“As diferentes legislações sobre o transporte rodoviário de ageiros em regime de fretamento representam um empecilho ao maior desenvolvimento da atividade. O estudo da CNT mostra que, para cada âmbito de atuação (internacional, interestadual, intermunicipal e municipal), há uma série de normas e regulamentos que são, muitas vezes, não padronizados. Entre as empresas que têm conhecimento da legislação, a maioria não está satisfeita com as normas aplicadas a cada âmbito ou região. A Resolução n.º 4.777/2015, da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), é desaprovada por 67,0% dos operadores interestaduais e internacionais. Essa resolução estabelece regras para a operação do serviço, tais como os requisitos para obtenção da autorização, as características da frota e a obrigatoriedade da instalação de sistema de monitoramento embarcado nos veículos. Segundo o estudo da CNT, a insatisfação com a legislação dos municípios ocorre entre 51,1% das empresas. Em relação às normas em âmbito estadual, 50,9% dos entrevistados não estão satisfeitos. Para todos os níveis de atuação no transporte rodoviário de ageiros em regime de fretamento, foi unânime o relato de que a burocracia para obtenção da autorização para a prestação do serviço de fretamento é um ponto que deveria ser reavaliado nas legislações vigentes.”

EMPREGOS E CRESCIMENTO:

O estudo revela ainda que entre os anos de 2007 e 2015, o setor de fretamento cresceu 68,6% ando de 4.800 empresas para mais de 8.000.

O número de empregados, com base nos números da Rais  – Relação Anual de Informações Sociais, do Ministério do Trabalho, ou de 39.954, em 2007, para mais de 64 mil funcionários, em 2015, crescimento de 60,3%.

A CNT, entretanto diz que o número de empregos pode ser maior.

Há, contudo, estimativas do setor de que esse número de empregados pode ser maior. Se considerarmos todas as empresas do segmento, o serviço de fretamento pode chegar a empregar cerca de 100 mil funcionários. Os dados da Rais não compreendem a totalidade do mercado, pois se referem somente aos estabelecimentos que declararam algum vínculo empregatício durante o ano e também porque só incluem os estabelecimentos que possuem como atividade econômica principal o serviço de fretamento.

RAMO DE PEQUENOS:

Diferentemente do que vem ocorrendo com as empresas rodoviárias e também urbanas, que têm se concentrado em grupos cada vez maiores, o setor de fretamento, aponta o estudo, ainda é considerado um ramo de pequenos investidores.

Segundo os dados, a maior parte das empresas que ofertam o serviço de fretamento é de pequeno porte. Do total de entrevistados, 52,9% possuem até nove empregados e apenas 1,7% dos empresários revelaram possuir 500 funcionários ou mais.

O total de veículos menores, como vans e micro-ônibus, também se destaca entre as empresas.

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São Paulo segue a tendência nacional. O estudo mostra que:

  • 47,6% dos operadores do Estado de São Paulo possuem até 5 veículos em operação e 17,2%, de 6 a 10 veículos
  • As vans são os veículos de maior demanda (citadas por 36,6% das empresas entrevistadas) e também realizam a maior média de viagens diárias no serviço contínuo (3,2 viagens/dia)
  • Entre os entrevistados que conhecem e estão insatisfeitos com as legislações do serviço de fretamento, a burocracia é o principal aspecto que deveria ser reavaliado (citada por 73,9% dos operadores interestaduais/ internacionais, 73,5% dos operadores intermunicipais e 73,4% dos operadores municipais)
  • 72,4% dos operadores não adquiram veículos em 2016 e 54,4% não têm previsão de aumentar a sua frota em 2017

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DESISTÊNCIA DO RAMO:

A pesquisa também ouviu 86 empresários que desistiram de atuar no segmento.

De acordo com o estudo, a maioria das empresas, 33,8%, fechou as portas há menos de um ano. Já 26,7%, entre 1 e 2 anos, e 33,7% não operam mais fretamento há mais de 2 anos.

Segundo a CNT, “entre os principais motivos que levaram à desistência da operação no segmento, os empresários citaram a redução da demanda (51,2%), a baixa remuneração (31,4%), a burocracia para a operação do serviço (24,4%) e a concorrência com o transporte clandestino de ageiros (11,6%). De acordo com as empresas entrevistadas que atualmente operam o serviço de fretamento, o bom desempenho econômico é fundamental para os empresários. 91,1% afirmaram que a atual crise teve impacto negativo na atividade e, desses, 79,2% disseram que foi elevado.”

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FALTAM MOTORISTAS:

Outra queixa comum do setor de fretamento, é que têm faltado motoristas qualificados no mercado:  47,1% dos entrevistados disseram que encontram dificuldades para encontrar no mercado profissionais que tenham a qualificação necessária para o ramo.

Em geral, o setor de fretamento paga menos que as empresas de ônibus urbanas e rodoviárias. Os altos encargos sociais também são citados como entraves para novas contratações.

Entre os profissionais que menos estão disponíveis no mercado, são motoristas de ônibus (41,9%), mecânicos/manutenção (20,9%), profissionais da área istrativa (5,5%) e gerentes operacionais (3,6%).

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários 72495v

  1. Marcos Paulo disse:

    Aqui em.sao paulo eles proibem.de entrar no centro expandido…eles jogam todo mundo np metro e seja o que Deus quiser

  2. Fabiano Nascimento disse:

    Disse uma verdade Marcos!!!, voce já paga as mensalidade do fretado, e depois tem que ainda pagar a tarifa do metrô, como uma cidade fala em diminuir o trânsito mas não se vê se quer uma ação concreta para integração de transportes.
    e quando existe a integração, o tempo de viagem aumenta devido a falta de eficiência na linha urbanas.
    Apesar de andar de ônibus, gostaria muito de poder utilizar o carro.$$$$.

  3. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    Muito interessante esta materia, mas a CNT , salvo erro de leitura meu, nao considerou a questao tributaria do setor, o que eu considero um dos principais entraves na minga opiniao.

    Ja li a respeito e nao conclui com precisao qual e o codigo trobutario para transporte de pessoas, nem no sote do Transfretur tem a resposta.

    Se a burrocracia fosse so no fretamento tava facil de resolver.

    A burroc3acia no Brasil e para todos, empresarios, pessoas fisicas e ate para os desocupados eternos 8u temporarios.

    A b6rroc4acia so temuma finalidade principal.

    OFICIALIZAR, INSTITUIR E OCORRER A CORRUPCAO DE TODAS AS MANEIRAS.

    As secundarias sao.

    Irritar o contribuinte,

    Justificar as taxas e tarofas cobradas

    Impacar o progresso.

    Vou demonstrar um exemplo da burrocracia, face ao assalto a maor armada por 4 individuos as 17:15 hs de baixo de uma chuvona dia 22.02.17.

    Vou so fazer um resumo para nao ser cansativo.

    Depois que a PM localizpu meu veiculo.

    Cheguei na delegacia por volta das 1:30 da madtigada, dormi nas cadeiras e so fui liberado as 10:30hs do dia seguinte.

    Perdi meio dia no Detran Armenia so para obeter um oficio para lacrar o carro que teve as placas roubadas

    Perdi uma hora e m3ia debaixo de sol no Detran Vila Lobos para lacrar o carro

    Tive de pagar e esperar mais de uma semana para tirar segunda via dos documentos.

    Ja inventaram o “enforca gato”, mas o Detran ainda usa arame para lacrar os carros, igual 1uando eu era muoeki e ia com meu pai no Detran.

    Claro nao sou so eu a unica vitima da b6rrocracia somos todos nos.

    E ainda nao acabaram os problemas, e se usarem minhas placas para outras acoes ilegais, terei de provar que focinho de porco nao e tomada a duras penas e m67tas taxas.

    Diante desse desprazer eu conclui:

    NO BRASIL, SER CLANDESTINO E MAIS PRATICO.

    Saiam mentes Jurassicas, Muda Brasil Acorda Sampa.

    Att,

    Paulo Gil

  4. Paulo Gil disse:

    Complementando:

    Para lacrar o carro no Detran, perdi uma hora e trinta e sete minutos – 1:37 hs.

    Copyrith by Paulo Gil 2017 .

    “NO BRASIL, SER CLANDESTINO E MAIS PRATICO”

    Att,

    Paulo Gil

  5. Paulo Gil disse:

    Faltou a burrocracia do BU

    Cancelei no 156.

    A atendente disse que era so eu ir a qualquer posto da fiscalizadora para retirar o novo BU ja devidamente restituido o saldo que eu tinha no BU que foi roubado.

    Fui no Terminal Pinheiros retirar meu novo BU com os creditos que eu tonha, conforme a atendente do 156 disse.

    Na pratica nada disso ocorreu, a atendente disse que eu tinga de me cadastrar na Internet e obter um BU com foto para poder ter o meu saldo ressarcido.

    Pra simplificar a burrocracia, falei para a atendente que so queria um BU novo, ai ela me dissr que custava R$ 22,80, ai comprei o meu novo BU.

    Apos, fui ler o recibo e estava escrito BU R$ 3,80 Recarga R$ 19,00.

    Eu nao pedi carga.

    E quando serei ressarcido quanto ao meu saldo do BU roubado ???

    Alguem tem duvida que tem GATO NA TUMBA DO BU ??????

    E ao lado das bilheterias do Terminal Pingeiros o cheiro de xixi estava inavel.

    Nova gestao, vela istracao j6rassica.

    Acorda Sampa.

    Se liga controbuinte.

    Att,

    Paulo Gil

  6. Moraes Braga disse:

    Realmente uns dos maiores entraves em todos os setores do Brasil é a burocracia, impossível ter competitividade com tantos custos e demora de para despaches.

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