HISTÓRIA: Maria Myrths Setti Braga, um legado para os transportes ov4c
Publicado em: 17 de julho de 2016 14sa

Uma das pioneiras dos transportes da Grande São Paulo é de família que presenciou a evolução desde as carruagens até os modernos ônibus elétricos e a hidrogênio
ADAMO BAZANI
Transporte é evolução, desenvolvimento. E quem atuou ou atua ainda nesta área, com certeza é protagonista no crescimento de uma região e também em milhões de histórias pessoais, já que o transporte é uma atividade essencialmente humana.
Foi assim com Maria Myrths Setti Braga, filha de italianos que no último domingo, 10 de julho de 2016, faleceu, em São Bernardo do Campo.
Nascida em 30 de novembro de 1925, ela presenciou e auxiliou nas diversas etapas dos transportes coletivos entre a capital paulista e a região do ABC, desde os veículos puxados por animais até os modernos ônibus elétricos e a hidrogênio atualmente em circulação.
Para entender um pouco da história desta pioneira dos transportes, é necessário remeter à Itália de 1877, quando em dezembro, a família Setti deixava a região do Pochio Rusco rumo a uma terra que exalava esperança e oportunidade, mas com muita luta e trabalho: o Brasil.
Depois de seis meses de viagem o casal Giuseppe Setti e Benvenita Setti chegava ao Porto de Santos com os filhos Adelelmo, Italo e Pedro.
O objetivo era trabalhar na agricultura. O governo brasileiro começava a incentivar imigrantes que desejassem investir no país. A família Setti então recebeu do governo paulista um terreno de 3,4 mil m² na área hoje correspondente à rua Américo Brasiliense, na região central de São Bernardo do Campo.
O terreno foi usado inicialmente para a plantação de cebola e batata. No entanto, o destino colocaria os transportes na vida da família Setti. Adelelmo Setti se casou, e com a esposa, Maria, teve seis filhos: João, Dante, Mário, Ernesto, Adelelmo e Josefina.
João, o mais velho, nascera em 1898, e com apenas 10 anos de idade já ajudava a família no sustento. Nesta ocasião, a família Setti era distribuidora de combustíveis da marca Shell. Eram poucos os veículos que trafegavam entre São Paulo e Santos parando em São Bernardo do Campo. No entanto, não deixava de ser um negócio importante.
Também nesta época, em 1908, a família comprou dois cavalos e um tílburi, uma carruagem coberta de lona.
Iniciava-se o transporte de ageiros entre a região central de São Bernardo do Campo e a estação ferroviária da Vila de São Bernardo, hoje a estação Celso Daniel da TM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, em Santo André.
A viagem era feita na Avenida Pereira Barreto que até então era apenas um caminho que mal dava para ar a carruagem.
Foi o lado visionário da família que falou mais alto, mostrando que as cidades se desenvolviam e que era necessário atender a uma das maiores exigências deste desenvolvimento: a locomoção de pessoas entre diferentes regiões.
A demanda de ageiros crescia e, em 1920, a família Setti já tinha uma jardineira, uma espécie de ônibus de madeira muito simples com a frente parecida com a de um caminhão.
Em 1921, foi acrescentado aos negócios um Ford Ramona.
Vários fatos começaram a contribuir para que a região hoje correspondente ao ABC Paulista, antes apenas São Bernardo da Borda do Campo, se tornasse atraente.
Em 1922, por exemplo, a vinda dos Ingleses, para construir a hidrelétrica Henry Borden, em Santos, tornava região um ponto importante de parada e desenvolvimento de negócios por causa da localização entre Santos e a capital paulista.
Em 1925, mesmo ano do nascimento de Myrths, a família torna a ligação Vila de São Bernardo-Estação em empresa de ônibus de fato. Isso revela uma característica importante da época. Primeiro nasciam as linhas e depois, quando o negócio dava certo, é que se abria uma empresa.
O sócio era Humberto Maranesi, que depois deixou o negócio, sendo substituído por Etori Tosi. A empresa de ônibus aria a se chamar Setti & Tosi.
Pelo fato de a região se tornar ainda mais atraente para moradores, a necessidade de transportes comportaria mais um modal, no caso o bonde.
A família Pujol, outra tradicional do ABC Paulista, investiu no setor imobiliário e para deixar os terrenos ainda mais convidativos para os negócios, começou pela Avenida Pereira Barreto, na mesma década, a oferecer serviço de transporte, era o chamado bondinho dos Pujol.
Apesar da concorrência, o ônibus se manteve firme na ligação entre o centro de São Bernardo do Campo e a estação de trem.
Em 1947, os negócios ganham fôlego com a entrada de José Fernando Medina Braga, que logo depois se casaria com Maria Myrths Setti Braga.
O casal teve dois filhos. Em 1948, João Antônio Setti Braga, e em, 1952, Maria Beatriz Setti Braga.
Myrths sempre contava como era difícil operar transportes coletivos, e ela ajudava, inclusive recortando cartolinas que serviriam de “es” para serem vendidos por secções das viagens. Ruas de terra eram barreiras quase intransponíveis em dias de chuva. Os donos dos ônibus tinham de ser verdadeiros pioneiros e, além da perícia para dirigir veículos simples e rústicos, também tinham de levar ferramentas para abrir novos caminhos e desatolar os ônibus.
Mas tudo valia a pena. Não só por ser um bom negócio do ponto de vista financeiro, mas também pela satisfação em ajudar no crescimento de uma região, e também no desenvolvimento pessoal de milhares, e por que não dizer milhões de histórias.
Desta saga inclusive surgiu a Auto Viação ABC, uma das pioneiras na ligação profissional entre São Bernardo do Campo e Santo André.
E da Auto Viação ABC vieram outras empresas marcantes na história da região, como a Viação Cacique, de São Bernardo do Campo, e as atuais Metra, que opera o ônibus a hidrogênio, elétricos, híbridos e trólebus entre ABC Paulista e a Capital, e a SBCTrans, de São Bernardo do Campo.

Metra, operadora do Corredor Metropolitano ABD, é de grupo pioneiro dos transportes. Foto: Adamo Bazani
E foi assim que uma das pioneiras dos transportes, com a luta e dedicação, deixou uma marca para a mobilidade urbana: independentemente da tecnologia empregada ou mesmo do modal do transporte, o combustível mais importante é a garra e coragem.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Amigos, bom dia.
Faltou uma foto por inteiro de um O 362 que a ABC tinha, creio que a epoca compfou um lote de uma so ves.
Para ir de Santo Andre a SBC, era vapt vupt, so quem utilzou sabe.
Saude e sucesso para a familia.
Agora por favor licenciem para a fiscalizafora o processo de como deixar um buzao limpo internamente como sempre foram os da Metra.
Tem um misterio que eu gostaria entender como a Metra com a bandeira da EMTOSA tem um modus operandi exemplar e quse todas as outras deixam tanto a desejar …
Queria entender essa ” conta “.
Att,
Paulo Gil
Pesames a familia Setti Braga
Bonita vida de trabalho e realização
Agradecemos aos imigrantes que com garra e luta muito auxiliaram a construir nossa nação.
ótima materia
parabéns
Mas nem tudo é nuvem de brigadeiro..Primeiro meus pesares à Familia.
Há no sistema do Inss dividas de contribuição de empresas do ABC que são as campeãs na região…Baltazar é um deles….coitados dos motoristas e cobradores…Segundo TCU a divida no Brasil, vai a dezenas de bilhões…dai os trabalhadores em empresas de ônibus ficarem atentos, ao extrato das contribuições
Parabéns à essa família história muito bonita e até hoje está de parabéns.