História

SÃO CAETANO DO SUL: A prosperidade é fruto do trabalho 414d1f

ônivus antigo

Ônibus da Benfica. Família Figueiredo de Freitas, de Portugal, investiu nos transportes de São Caetano desde os anos de 1950, no momento em que a cidade mais crescia e precisava de serviços de transportes. Inicialmente, a família comprou a Viação São Bento, em 1955, convertida em Benfica, em homenagem ao time de coração dos Figueiredo de Freitas, o Sport Clube Benfica, de Portugal. A família expandiu os negócios no setor em outros municípios e criando mais empresas. Depois de se dedicar mais ao segmento de fretamento na região do ABC Paulista, em 1984 vende seu braço de operações urbanas para Fábio Eustáquio. O empresário mineiro muda o nome da Benfica urbana para Viação Padre Eustáquio, religioso conhecido por fazer milagres em Minas Gerais. Atualmente, depois de contrato com a Prefeitura em novembro de 2007, a Vipe opera com exclusividade os serviços municipais de São Caetano do Sul. Foto: Mário Custódio

A terra do Trabalho tem muito a comemorar
São Caetano completa 134 anos de prosperidade e qualidade de vida, mas também de muita luta e trabalho

ADAMO BAZANI – CBN

Quando as pessoas olham para São Caetano do Sul, sua prosperidade e qualidade de vida, logo podem pensar: “Uma cidade pequena, com boa arrecadação industrial, com empresas como a General Motors e as Casas Bahia, e numa posição geográfica privilegiada, é fácil de istrar e de apresentar uma boa qualidade”.
Mas não foi sempre assim e São Caetano não atingiu o estágio de ser uma cidade modelo no País por acaso e de um dia para a noite.
Como tudo o que se conquista e mantém de forma consolidada, a receita é o trabalho.
E a próspera cidade do ABC Paulista é sinônimo de trabalho, o que pode ser evidenciado por sua história.
A região hoje ocupada por São Caetano do Sul, desde o século XVI, era conhecida como Tijucuçu.
E foi pelo trabalho e fé que de forma lenta, no ritmo de séculos ados, que São Caetano começou a dar os primeiros os para ser uma cidade de fato.
A vinda de sitiantes do Vale do Paraíba para a região foi determinante para o início deste processo.
Muitos lotearam as terras correspondentes a São Caetano do Sul e algumas atividades econômicas, bem simples e com pouca intensidade, voltadas à agricultura, foram desenvolvidas no local.
No entanto, quando a devoção entrou em cena, o que era um ato de doação e religiosidade foi predominante para São Caetano ter as primeiras características de ocupação de cidade.
Em 1631, o capitão Duarte Machado, bandeirante que participou de caças aos índios para a escravidão, doou parte de suas terras para o Mosteiro de São Bento.
Já em 1671, Fernão Dias Paes Leme, também doou terras vizinhas à ordem religiosa.
Foi formada aí a Fazenda do Tijucuçu, onde os monges começaram a intensificar atividades rurais e de pequenas manufaturas. Em 1717, ergueram uma capela a São Caetano Di Thiène, que é o padroeiro do pão e do trabalho.
Mas a ligação da cidade com o trabalho e a fé não se deu apenas pelo nome do santo. Isso seria coincidência ou uso de figuras apenas.
Os monges intensificaram suas atividades e ajudaram a cidade de São Paulo a se tornar metrópole.
São Paulo se desenvolvia num ritmo mais acelerado, atraindo mais sitiantes e já dando ares urbanos já na primeira metade do século de 1700.
Os religiosos, em 1730, fundaram na área da Fazenda, atual cidade de São Caetano, uma olaria que fazia tijolos, telhas e cerâmicas para construir e ornamentar casas e igrejas em São Paulo.
E um dos primeiros meios de transportes de São Caetano, antes mesmo de se chamar assim e de se tornar uma cidade, foi por meio de água.
A produção da olaria era diariamente levada pelo Rio Tamanduateí até uma Fazenda, também da ordem de São Bento, onde havia um porto. Era chamado de Porto Geral, ao pé de uma ladeira, onde começa a rua 25 de março.
No início deste porto, havia uma ladeira, que se tornava um desafio para a continuação do escoamento da produção. Por conta disso, hoje a rua que ocupa a região chama-se Ladeira do Porto Geral.
Muito barro de São Caetano foi usado para fazer São Paulo se tornar uma metrópole. Assim, há muito da cidade no DNA e no crescimento da Capital Paulista.
A olaria começou a atrair pessoas ao redor do mosteiro, o bairro de São Caetano.
E como é o destino e suas ironias são. Os mesmos monges, que ganharam as terras de um escravizador, decidiram abolir a mão de obra deste tipo mesmo antes da Lei Áurea, da Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888.
Em 1871, um dia depois da Lei do Ventre Livre, que determinava que todos os filhos de escravas nascessem livres, foram libertados todos os escravos da Fazenda.
Mas, a maior parte da mão de obra era baseada no trabalho escravo. Assim, a Fazenda de São Caetano ficou carente de trabalho e improdutiva.
Por não ser economicamente viável, o Governo Imperial desapropriou a Fazenda dos Monges Beneditinos e em 28 de julho de 1877 formou o Núcleo Colonial de São Caetano do sul, quando as terras foram dividias entre colonos italianos.
É esta data que São Caetano do Sul considera seu aniversário.
Com o trabalho dos imigrantes, a ótima posição geográfica entre são Paulo e a São Bernardo, que abrangia o ABC Paulista inteiro, e sendo um dos os para o Litoral, o núcleo começou a se desenvolver.
Nesta época, a São Paulo Railway, a linha de trem que ligava Santos a Jundiaí, cortava a área de São Caetano, e onde ava o trem, chegava o desenvolvimento diferente: o urbano e as primeiras fábricas.
As melhorias vinham para a região a fim de atenderem ao progresso, embalado pela cultura econômica ativa e da revolução industrial trazida por muitos imigrantes, que de início, podiam até trabalhar em lavouras, mas já estavam marcados pela Revolução Industrial que acontecera na Europa.
Em 1883, a São Paulo Railway inaugurava a estação de São Caetano. No ano de 1889, o Governo Imperial refez o Caminho do Mar e o Caminho Velho de Santo André da Borda do Campo, este que atravessava a região desde o século XVI.
Além de plantação de batata, os colonos também se dedicavam a videiras. No final do século XIX e início do século XX, se tornava Famoso o Vinho São Caetano, comercializado no estabelecimento de Emílio Rossi, no Largo do Tesouro, na Capital Paulista.
Uma praga, no entanto, acabou destruindo as videiras. Uma solução para o combate à praga, usando enxertias com uva americana, foi desenvolvida pelo médico e cientista, Luís Pereira Barreto.
A vocação para ajudra a cidade de São Paulo a crescer ainda continuava em São Caetano. Os colonos que receberam terras às margens dos rios Tamanduateí e dos Meninos se dedicaram ao ramo de olarias.
Entre as obras da cidade de São Paulo que contaram com tijolos, telhas, cerâmica e muito trabalho de São Caetano estava o Museu do Ipiranga. As obras a partir de 1895 usaram material da olaria de Giuseppe Ferrari, um dos colonos.
São Caetano foi rica em cerâmicas e olarias. Grandes investidores, como da família Matarazzo, erguiam suas fábricas, não só de tijolos, mas de vários produtos no local.
Em 1905, São Caetano, ganhando importância econômica, foi elevado a Distrito Fiscal.
Os primeiros movimentos de emancipação de São Caetano de São Bernardo e depois de Santo André da Borda do Campo, que se têm conhecimento, foram liderados pelo engenheiro Armando de Arruda Pereira, em 1928. Ele era diretor da Cerâmica de São Caetano.
Mas emancipação só ocorreu em 24 de dezembro de 1948, quando, após um plebiscito dois meses, quando o Governador Ademar de Barros, pela lei número 223, criou o município de São Caetano.
A cidade sempre contou com os transportes para o desenvolvimento. Primeiro foram as juntas de animais, dos bandeirantes e sitiantes. Em seguida, as rústicas embarcações dos monges que levavam tijolos para a ladeira Porto Geral. A cara urbana de São Caetano começou a tomar características mais marcantes com a São Paulo Railway, cortando a região desde 1867 e tendo uma estação no núcleo de São Caetano, em 1883.
A partir dos anos de 1930 são registrados os primeiros serviços de ônibus profissionais. Entre eles estavam os da EAOSA – Empresa Auto Ônibus Santo André. Os ônibus, jardineiras ou veículos simples saíam de Santo André para a Capital Paulista e avam por São Caetano.
A cidade, no entanto, se expandia para além da região das indústrias, do s limites com São Paulo e Santo André, e novos bairros eram criados.
Foram registrados serviços de auto-ônibus por particulares, em linhas pequenas cujos motoristas eram donos dos próprios veículos.
Alguns serviços de transportes também eram atrelados a investimentos imobiliários.
Para deixar os terrenos mais atrativos, os loteadores também ofereciam ônibus: uma maneira fácil de chegar à estação, às fábricas e comércio.
Vários operários foram atraídos com investimentos industriais, como a instalação da General Motors, fabricante de veículos, em 1930.
Além de EAOSA, empresas como Autobus, facilitavam a relação de São Caetano e da população com os municípios vizinhos.
Mas entre as empresas que marcaram a história dos transportes na cidade, estava a Benfica.
A companhia começou a operar nos anos de 1950.
A família Figueiredo de Freitas, de Carregal do Sal, Portugal, comprou em 1955 a Viação São Bento Ltda, que operava serviços locais em São Caetano.
A cidade e toda a região do ABC cresciam, o que representava aumento de demanda e de negócios para o setor de transportes.
Os irmãos Filipe, Manoel e Arnaldo de Figueiredo de Freitas criaram outra empresa de ônibus, a Fimar Transportes Coletivos Ltda.
Nesta época, a São Bento tinha sido transformada em Benfica, nome dado em homenagem ao Sport Club Benfica, de Portugal, time do coração da família Figueiredo de Freitas. Aliás, os irmãos que já atuavam em venda de doces e transportes de cargas, eram torcedores fanáticos do clube.
Os Figueiredo de Freitas aproveitaram a oportunidade do desenvolvimento das cidades e ampliavam seus negócios.
Em 1975, adquiriam a Viação Boa Vista que prestava serviços na cidade de Barueri e região.
No ano de 1983, Fábio Eustáquio de Oliveira, que já tinha experiência em transportes desde 1967, veio para São Caetano investir no setor.
Em 1984 comprou as empresas Tucuruvi e Santa Paula. No mês de outubro, adquiriu as operações urbanas da Benfica, que aproveitando o crescimento da demanda de operários e funcionários de indústrias se dedicou ao serviço de fretamento.
Unindo fé e trabalho, Fábio Eustáquio chama o braço urbano da Benfica, recém adquirido por ele, de Viação Padre Eustáquio, em homenagem ao religioso que nos anos de 1940 era reconhecido em Minas Gerais por fazer milagres.
Além de nomes como Viação Padre Eustáquio – Vipe , Tucuruvi, Santa Paula, EAOSA, Santa Rita e São Luiz, outra empresa de ônibus também deixava seu nome da história dos transportes de São Caetano do Sul, a Safira, marcada pelas características cores azul e creme.
Desde 21 de novembro de 2007, opera com exclusividade os serviços municipais, a Vipe – Viação Padre Eustáquio, após licitação que reorganizou algumas linhas da cidade e implantou mudanças, como na bilhetagem eletrônica.
Em linhas intermunicipais, cruzam São Caetano, além da própria Vipe, as empresas Tucuruvi e Santa Paula (do mesmo grupo), EAOSA e Ribeirão Pires (de Baltazar José de Sousa) e Publix (da família Setti & Braga, que adquiriu as empresas Humaitá e Interbus de Ronan Maria Pinto).
São Caetano do Sul é fruto de trabalho, e trabalho duro, que ainda hoje tem os serviços de transportes como um dos principais motivos do sucesso da cidade.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

Comentários

Comentários 72495v

  1. Gustavo Cunha disse:

    Boa noite.

    Não conheço São Caetano. O que ouço sobre o município, leva-me a crer que, tratar-se de um pedacinho do interior, na região metropolitana de SP.

    Uma localidade arborizada e bem cuidada. Bacana.

    Igualmente legal e irável é a história das empresas e dos empreendedores do transporte urbano, aqui relatadas.

    Em especial a Santa Paula, Safira e Padre Eustáquio que, pelo que compreendi, pertencem ao mesmo grupo econômico que, atuam com qualidade e preservam sua memória, haja vista, o Gabrielinha 1979 da Santa Paula e um lindo e perfeito Vitorinha OF 1315 da Safira.

    MARAVILHOSOS !

    Mesmo diante de inúmeras críticas ao transporte metropolitano do ABCD, aqui mesmo relatadas em várias ocasiões, as três empresas acima citadas, assim como, Parque das Nações, Metra e Viação ABC, são para mim, ícones do setor e merecem iração e reverência.

    Abraços.

  2. Roberto Zulkiewicz disse:

    São Caetano do Sul é o exemplo a ser seguido pelos es públicos dos outros municípios da Grande São Paulo.
    Parabéns a São Caetano do Sul, orgulho de São Paulo!

  3. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite

    Não se esqueçam que São Caetano do Sul possui carcterísticas peculiares que o fazem
    privilegiado, por exemplo:

    – Não possui aterro sanitário (lixão);
    – É pequeno em tamanho e populaçao;
    – Possui uma GM, como grande contribuinte;
    – Otima localização geográfica;
    – Mudança de perfil de industrial para residencial de alto padrão;
    – Sempre foi atendida pelos trilhos da EFSJ;
    – Outros

    .Com tais peculiaridades, não há os problemas de uma cidade comum
    da grande São Paulo, portanto só flores.

    Muito obrigado
    PauloGil

  4. Luiz Fernando Z. Fogli disse:

    Ótima máteria!!! Apenas sinto que esqueceu de mencionar, nas linhas intermunicipais, a Trans-Bus, que à 46 anos opera linhas com destino a cidade de São Caetano do Sul.

    Grande abraço,

    Luiz Fernando

    1. Verdade Luiz Fernando, erro gravíssimo meu. A Trans-Bus é uma marca do ABC, inclusive de Sâo Caetano.

  5. Parabéns Adamo, belo relato da história de São Caetano do Sul e do início dos transportes nessa cidade e região.
    Continue a tua longa jornada de oferecer informações de qualidade e memórias dessa rica e pujante terra paulista.
    Grande abraço.

  6. Maria Luiza disse:

    Utilizo o onibus para ir a Falculdade São judas , de segunga a Sexta feiras, no horário das 18:00 hrs , não só eu mais várias pessoas utilizam a condução neste Horário, pois saem de seus trabalhos. porém o local fica cheio de pessoas esperando o Onibus , pois ele é o único que a neste horário, Agora foi colocado um informativo que ele não existirá mais neste Horário, somente um as 16:00 Hrs e outro no horário das 19:30hrs, Isso é um ABSURDO, pois dependo dessa condução para ir a Faculdade, entro as 19:00 Hrs. Agora vcs falam que estão tendo Prejuizo????? bom pelo que deu para entender vcs vão deixar somente um ONIBUS …. Isso é vergonhoso , estou direcionando essa Reclamação tbém para a Midia, pois o descaso foi mto Grande. E Ainda querem dizer que vcs são Òtimos, não sei a onde , como tirar uma linha de Onibus utilizada no Horário que mais as pessoas precisam…. Fizeram alguma pesquisa??? para saber a necessidade de uma condução neste horário….. Já que nem nos finais de semana não possuem onibus direcionado a esse local .

  7. Maria Luiza disse:

    utilizo no terminal no Centro de São Caetano do Sul, SANTANA , pois é o único que posso tomar para chegar até a faculdade São Judas, pq não alterar o Horario da 16:oo e deixar o das 18:oo hrs não prejudicar quem o utiliza.

  8. * Uma História de Sucesso /#

Deixe uma respostaCancelar resposta 2p5c4z

Descubra mais sobre Diário do Transporte 5w136p

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter o ao arquivo completo.

Continue reading