É OFICIAL: Se depender da gestão de Gilberto Kassab, os ônibus e o transporte coletivo em geral serão tratados da mesma forma, ou pior, que os demais veículos particulares que em mais espaço transportam bem menos pessoas. O secretário de transportes, Marcelo Branco disse o que já estava óbvio: os 66 quilômetros de corredores prometidos por Gilberto Kassab até 2012 serão abandonados. No máximo serão, 11 quilômetros em corredores incompletos. A justificativa é que parte destes corredores prometidos vão virar projetos metroferroviários, mas estes são de responsabilidade do Estado e não da Prefeitura e a contrapartida do poder público é pequena: inferior se fosse cumprir suas promessas e insuficiente para colocar em prática um modal metroferroviário. A política de Gilberto Kassab nem sempre mostrou prioridade ao transporte coletivo: além de não fazer os corredores prometidos, restringiu os fretados que tiravam a classe média dos carros, não deve renovar a frota de trolebus como prometeu e permitiu escândalos em consórcios operacionais, como do Consórcio Leste 4. Kassab se empenha em construir o estádio do Corinthians com dinheiro público e em fundar seu partido político. 5f4k3d
Prefeitura de São Paulo definitivamente assume que corredores de ônibus ficarão apenas na promessa
Apenas dois corredores devem ser concluídos, somando 11 quilômetros, bem abaixo da promessa de Kassab
ADAMO BAZANI – CBN
Independentemente de gestão, figura política e partido, quando o assunto é modernização e prioridade para o transporte coletivo, a população não deve acreditar totalmente em planos e promessas. Desde as obras mais simples até as mais caras e chamativas.
Nesta quinta-feira, o secretário municipal de transportes, Marcelo Cardinale Branco, oficializou o que já estava claro por razões óbvias de tempo, recurso, mas principalmente, de escolha e prioridade de um governo. O Secretário disse ao jornal O Estado de São Paulo que definitivamente a promessa de Gilberto Kassab que disse que ia construir 66 quilômetros não vai ser cumprida e foi abandonada.
Quem acreditou no prefeito e esperava um sistema de ônibus mais rápido, que enfrente menos trânsito e emita menor índices de poluição, por não ter de ficar no para e anda dos congestionamentos, ficou frustrado.
Dos 66 quilômetros prometidos, apenas 11 quilômetros devem ser feitos.
São os corredores da Radial e da Berrini. Ambos também só terão partes concluídas até o final da gestão de Gilberto Kassab.
No caso do corredor da Radial, que deveria ter 9,5 quilômetros de extensão, apenas a primeira parte possivelmente será concluída: 8 quilômetros, entre o Terminal Parque Dom Pedro II e a região do Aricanduva, com 12 pontos e atendendo as estações do Metrô Parque Dom Pedro II, Belém e Tatuapé.
Em relação ao corredor Berrini serão 3 quilômetros concluídos.
TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADES:
Alguns quilômetros de corredores de ônibus foram transformados em projetos ferroviários, como no Expresso Tiradentes. Sendo assim, eles vão demorar mais tempo para serem concluídos, haverá mudanças nas obras e mais desapropriações e intervenções na região onde atende mas o que mais chama a atenção é a transferência de responsabilidade. Os modais metroferroviários nestes projetos são de responsabilidade do Governo do Estado. A prefeitura de São Paulo se eximiu então.
O secretário alegou que a Prefeitura ajuda nos investimentos do metrô com R$ 2 bilhões. Convenha-se: valor pequeno para a expansão necessária do Metrô e menor se a prefeitura, em especial Gilberto Kassab, honrasse sua palavra de construir os 66 quilômetros de corredores de ônibus.
GILBERTO KASSAB E OS TRANSPORTES:
Ao longo de seu governo municipal, Gilberto Kassab sempre se envolveu em polêmicas sobre os transportes. E nem sempre o transporte coletivo foi privilegiado. Muito pelo contrário.
Em 27 de julho de 2009, os ônibus fretados (os únicos que conseguiam até agora retirar a classe média alta de seus carros, por oferecem o conforto e a rapidez semelhantes) foram proibidos de trafegas numa área de cerca de 70 quilômetros quadrados na região central da cidade e principais áreas.
A Justificativa de Kassab é que os ônibus paravam em qualquer lugar na rua e atrapalhavam o trânsito. Ele nem considerou a possibilidade de organizar esse tipo de transporte, com a criação de pontos específicos e rotas. Foi mais simplista e retirou os ônibus fretados.
Kassab criou bolsões para fretados perto de estações de trem e de metrô. Mas o usuário do fretado começou a perder tempo e o que ele mais queria, não viajar em pé e exprimido, como ocorre hoje nos modais metroferroviários.
Outra palavra até agora não cumprida por Gilberto Kassab sobre os transportes foi a renovação de 70% da frota de trólebus.
Já bastante reduzida ao longo do tempo, esta frota, que não polui o ar e nem contribui para a poluição sonora, deveria receber 140 veículos novos. O número não ultraou de 15 em toda a gestão de Kassab.
Até os tróelebus mais antigos são vítimas de descaso. Modelos que poderiam estar circulando em plenas condições, como os Marcopolo Torino que funcionam plenamente bem no Corredor São Mateus – Jabaquara, ando pela região do ABC, operados pela Metra, estão sem a conservação em dia.
A prefeitura culpa os serviços da operadora dos trólebus, Himalaia Transporte, mas o máximo que faz sobre o problema é multá-la.
A falta de cuidado com os transportes também foi verificada pelo promotor Saad Mazloum, do Ministério Público Estadual, que verificou uma série de irregularidades na prestação de serviços das empresas que compõe o Consórcio Leste 4. ônibus e trolebus sujos, com baratas, não cumprindo os horários, quebrando constantemente e suspeitas de enriquecimento ilícito, crimes fiscais e financeiros por parte dos responsáveis pelas empresas operadoras neste consórcio. Apesar de ser registrada como S.A. e ter nomes registrados no Caged, o cadastro de empregados e desempregados do Ministério do Trabalho, uma das operadoras, a Empresa Novo Horizonte, opera como cooperativa e parte de seus recursos obtidos pelos serviços é direcionhada aos cofres da Cooperativa Nova Aliança, que deu origem à empresa. Há também a questão da Happy Play, uma empresa que ganhou a licitação formando o Consórcio Leste 4 como operadora, mas que não opera. Recebe cerca de R$ 350 mil via Novo Horizonte, mesmo sem ter um ônibus sequer.
Revoltada, a população que pega ônibus ou serviços de cooperativas em São Paulo se lembra que enquanto as lotações, a demora, a falta de higiene e de prioridade ao transporte público continuam, Kassab se esforça para aprovar recursos públicos para a construção do estádio do Corinthians e concentra-se também na fundação de seu novo partido, o que tem causado mal estar político e problemas judiciais.
Adamo Bazani