DESCASO E VIOLÊNCIA NOS PONTOS DE ÔNIBUS 2s4x4d

ponto de ônibus em Santo André

Ponto de ônibus em Santo André: Local a noite é escuro, equipamento está enferrujado, não dispõe de assentos, calçamento é ruim. Por ficar mais tempo parado num mesmo lugar, ageiro fica mais exposto aos problemas gerais de violência. Paradas de rua e terminais abertos são locais onde há grande incidência de crimes e acidentes. Foto Adamo Bazani.

Pontos e terminais fazem de ageiro alvo fácil
Questão não é de responsabilidade de um agente apenas. Transportadoras, gerenciadoras, polícia e a própria sociedade devem somar esforços para que a longa espera pelo ônibus também não se torne um risco de perder a vida

ADAMO BAZANI – CBN

Um assunto pouco comentado pela mídia, mesmo sendo um problema grave, é a falta de segurança de ageiros de ônibus em terminais abertos ou em paradas de rua.
Dizer que o problema é só de polícia, é minimizar a questão.
Todos os agentes sociais devem ser evolvidos e fazer a parte correspondente.
A violência sem motivação, os assaltos, acidentes de trânsito, agressões sexuais, balas perdidas entre tantos fatos que, mesmo se tornando cada vez mais comuns assombram qualquer cidadão, são problemas aos quais todo o cidadão está sujeito.
Mas parado um tempo maior num único lugar, muitas vezes sem estrutura básica de calçamento e iluminação, este cidadão se torna mais vulnerável.
Nas periferias o problema é bem acentuado. Pontos de ônibus viram pontos de venda de droga, prostituição e descarte irregular de lixo.
Mas a questão não é exclusiva da periferia.
Nesta segunda-feira, dia 11 de abril de 2011, como foi amplamente noticiado pela mídia em geral, o morador de rua, José Francisco da Silva, de 53 anos, aparentando estar embriagado e com sinais de problemas mentais, o que vai ser determinado por laudos periciais, desferiu golpes de facada contra duas pessoas que estavam num ponto de ônibus na Avenida Paulista, em frente ao Parque Trianon. Segundo o Governo do Estado, a Avenida Paulista é o local mais policiado da América Latina e é uma das regiões mais ricas do País. Lina Gomes Ferreira, de 38 anos, e Antônio Laércio de Oliveira, de 44 anos, foram hospitalizados.
No dia 27 de março de 2011, em Guarulhos, na Grande São Paulo, um jovem de 17 anos, dirigindo o carro do pai, atropelou 3 pessoas na Avenida Otávio Mesquita Braga.
Duas garotas, Gabriely Alves Cunha. de 11 anos e Janine Novaes, de 18 anos, que voltavam do culto de uma igreja evangélica, morreram na hora. O dono do carro vai responder em liberdade e o filho não foi recolhido a Fundação CASA.
São apenas dois exemplos recentes dos vários outros, muitos nem noticiados, que provam que esperar ônibus nas grandes cidades tornou-se um direito perigoso de ser exercido.
Em alguns terminais, principalmente os abertos, em São Paulo, furtos e até tráfico de drogas são registrados e deixam os ageiros com medo.
Vários destes terminais nem iluminação possuem. A falta de iluminação nas paradas de rua é mais crítica ainda.
Tem gente que o ponto é quase em frente de casa, mas prefere fazer longas caminhadas para acharem um lugar mais iluminado.
Outros ageiros optam por paradas até mais distantes por não agüentarem o cheiro de lixo e o convívio com animais peçonhentos e insetos.
A localização de alguns pontos também não favorece que o ageiro seja mais protegido de acidentes de trânsito. Algumas paradas ficam bem depois de curvas ou em finais de encontro de ruas.
Isso sem contar que muitos são obrigados a esperarem pelo ônibus na rua pois simplesmente não há calçada.
Dizer que os casos da Avenida Paulista e das duas garotas de Guarulhos são fatos isolados é, no mínimo não enxergar a dimensão do problema. Quantos fatos isolados aconteceram e deixaram pessoas sem vida, paraplégicas ou traumatizadas? Somem estes fatos isolados.
O serviço de transportes, ao contrário do entendimento de muitos governantes, não começa somente dentro do ônibus ou do trem e metrô.
A mobilidade urbana deve levar em conta desde o momento que a pessoa sai de casa, caminha até o embarque na condução e a espera.
E nesse trajeto até o ônibus ou modal ferroviário, o ageiro é sim de responsabilidade dos gestores de transportes.
Colocar um policial para cada ponto de ônibus é impossível, claro, mas algumas medidas de várias partes da sociedade são simples e podem ser tomadas para minimizar a exposição aos riscos que o ageiro enfrenta. Eis algumas sugestões:

POLÍCIA:

Intensificar as rondas onde há pontos de ônibus e terminais. Dependendo do número de ocorrências nestes equipamentos públicos, viaturas fazerem esporadicamente o trajeto dos coletivos.

GESTORA DE TRANSPORTES:

Melhorar as condições dos pontos de ônibus, reformando abrigos, substituindo equipamentos degradados e se, possível, informando nas paradas linhas e horários para o ageiro se programar melhor e não ficar muito tempo a toa esperando.

EMPRESAS DE ÔNIBUS:

Auxiliarem na manutenção dos pontos, como prevêem alguns contratos de licitação (por isso que muitos empresários não querem licitações, pois as obrigações são maiores) , e o mínimo que se espera de uma viação: apesar das intercorrências como trânsito e acidentes, cumprir os horários e não deixar os ageiros esperando demais a condução.

DEMAIS AGENTES PÚBLICOS:

Iluminação adequada nos pontos para auxiliar motoristas a enxergarem os ageiros e também para que os usuários fiquem menos expostos a ação de criminosos. Adequar a sinalização viária e departamentos de trânsito e de transporte (inexplicavelmente separados em algumas cidades) sentarem juntos e definirem a melhor localização das paradas, além de sinalizarem melhor os pontos, alertando os motoristas de carro quanto a necessidade de redução de velocidade. Melhorar o calçamento e colocar bancos nas paradas onde há estrutura para isso também não é pedir demais.

Aliás, as alternativas para minimizar os problemas gerais de violência aos quais o ageiro de ônibus está submetido em escala maior pelo fato de ficar mais expostos num único lugar, não são difíceis para a execução.
Basta uma prática que ainda não é comum nas istrações públicas: valorizar quem depende de transporte público e enxergar a mobilidade como uma questão de deslocamento geral nas cidades, e não apenas dentro dos veículos. Quem anda de bicicleta ou a pé ou ainda fica esperando o ônibus no ponto faz parte do contexto da mobilidade.
A ainda sobre o ponto de ônibus, é necessário saber que ele faz parte do mobiliário urbano e da estética da cidade. Sendo assim, se ele for mal conservado, abandonado, degrada o meio ambiente e contribui para que a pessoa não tenha a sensação de bem estar, que toda a cidade deve proporcionar.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Comentários

Comentários 72495v

  1. Luiz Vilela disse:

    Bom tema, frequantemente desatendido.
    Segurança, conforto, sinalização e informação são críticas para a mobilidade.
    O Blog poderia receber fotos, divulgar e comentar as falhas dos pontos de coletivos, inclusive as plataformas de metrô e TM. Cada detalhe é importante porque se perde muito tempo em trocas de modais, embarcando, desembarcando e – para usuários não frequentes – buscando informações.
    Distância entre pontos e localização precisam ser revaliadas de tempos em tempos, já que a demanda muda.
    O famoso ponto-plataforma de Curitiba é boa idéia que poderia ser imitada em muitos locais.
    Defendo que precisa acabar o cobrador dentro do ônibus. Ele poderia ser mais útil coletando dados diversos ou atendendo usuários.

Deixe uma respostaCancelar resposta 2p5c4z

Descubra mais sobre Diário do Transporte 5w136p

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter o ao arquivo completo.

Continue reading